Situação em países ricos preocupa, mas é cedo para medir impacto da covid-19 no mercado eólico, diz GWEC

Usina de Energia Eólica (UEE) em Icaraí, no Ceará (CE). Foto: Cortesia PAC
Usina de Energia Eólica (UEE) em Icaraí, no Ceará (CE). Foto: Cortesia PAC

Após um ano de recordes em 2020 no mercado globa de energia eólica, o setor sente os impactos da desaceleração econômica necessária para conter a pandemia, em uma indústria projetada para crescer a uma taxa de 4% ao ano, avalia a Global Wind Energy Council, em relatório anual, publicado nesta quarta (25).

Segundo a GWEC, o auge da crise na China afetou a cadeia global de suprimentos do setor, mas como a fase de paralisação mais severa das atividades parece ter sido superada, o efeito seria um atraso de um a dois meses na entrega de equipamentos, especificamente, para instalação de novos parques em terra.

Contudo, mercados importantes na Europa e América do Norte estão atravessando o período de enfrentamento à pandemia. Essas regiões representaram, respectivamente, 25,5% e 16,1% da nova capacidade de geração eólica adicionada em 2019, quando o mercado instalou 60,4 GW, em um crescimento anual de 19%.

“Considerando as medidas atuais de controle do vírus na Europa e nos EUA, é difícil prever, nesta fase, quando o vírus pode ser completamente contido e quando a sociedade e os mercados retornarão à normalidade e, por sua vez, é impossível quantificar exatamente qual será o impacto da pandemia e da recessão econômica iminente nas instalações globais de energia eólica em 2020 e além”, afirma o relatório da GWEC.

No cenário anterior à crise, a GWEC estimava a instalação de 76,1 GW de capacidade para 2020. Esta semana, a Wood Mackenzie revisou as sua projeções para o setor e reduziu a estimativa para o ano em 4,9 GW, de 77,8 GW para 72,9 GW.

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O ano de 2019 foi o melhor para o setor desde 2015, quando foram instalados 63,8 GW, com crescimento tanto de parques em terra (54,2 GW em 2019), quanto offshore (6,1 GW), segmento com uma clara tendência de crescimento.

A China liderou a expansão do mercado em todas as frentes, com 44% da nova capacidade instalada onshore e 39, da offshore, levando o país a concentrar 37% (1º lugar) da potência instalada global em terra, que atingiu 621 GW; e 23% (3º lugar) do offshore, que totaliza 29,1 GW no mundo.

Distribuição da capacidade de geração de energia eólica no mundo e nova capacidade instalada em 2019. Fonte: GWEC Market Intelligence, março de 2020 

 

Antes da crise, estimativa de crescimento de 4% ao ano até 2024

Para 2020, era estimada a instalação de 76,1 GW de potência em novos parques eólicos, sendo 6,2 GW no offshore, maior demanda projetada para o quinquênio 2020-2024. Ao todo, a GWEC estimava que seriam instalados 355 GW no período, um crescimento anual de 4%.

A estimativa é feita com base em uma combinação de projetos anunciados, informações de mercados regionais e políticas governamentais As projeções da GWEC serão revistas no relatório do 2º trimestre deste ano.

No Brasil, a partir da colaboração da presidente executiva da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), Elbia Gannoum, a GWEC destaca que o país passou por um ponto de inflexão no mercado, em 2019: após o sucesso da política de leilões, que demonstrou a competitividade da fonte, o crescimento futuro será puxado pelo mercado livre e PPAs, sigla em inglês para contratos de compra de energia – projetos desenvolvidos a partir da compra corporativa de energia.

“O ACL [ambiente de contratação livre] do Brasil está em expansão há vários anos e, tendo sido vendidos 2 GW de capacidade eólica no mercado livre, em 2018, em comparação com 1,25 GW o mercado regulado (ACR). Essa tendência persistiu em 2019, com 2 GW vendidos no ACL, frente a 1,13 GW por meio de leilões”, destaca o relatório.

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