Biocombustíveis

Ceará atrai empresa de armazenamento gravitacional para hub de hidrogênio verde

Energy Vault abriu capital este ano e conta com investimentos da Aramco Energy Ventures (SAEV) e Atlas Renewable

Ceará atrai empresa de armazenamento gravitacional para hub de hidrogênio verde. Na imagem, torre do sistema de armazenamento gravitacional EV1, instalado na Suíça (Foto: Energy Vault/Divulgação)
Torre do sistema de armazenamento gravitacional EV1, instalado na Suíça (Foto: Energy Vault/Divulgação)

RIO — A Energy Vault Brasil se juntou ao grupo de empresas interessadas no hub de hidrogênio verde do Porto de Pecém, no Ceará. A companhia aposta em uma solução de armazenamento gravitacional de energia e levantou US$ 235 milhões em sua estreia na Bolsa de Nova Iorque (Nymex), este ano.

A ideia é entrar no hub de Pecém como fornecedora dessa tecnologia de armazenamento gravitacional. A intenção do complexo portuário e do governo do Ceará é estabelecer, no estado, um polo de hidrogênio verde, geração renovável — incluindo eólicas offshore –, produção de amônia, fertilizantes e, com isso, atrair indústrias supridoras e consumidoras de energia e do combustível. 

O negócio da Energy Vault se baseia uma nova forma de armazenamento de energia, utilizando um sistema de geração baseado na elevação de blocos, em substituição à água, por exemplo, como fonte de energia cinética para movimentação de turbina — as hidrelétricas reversíveis (vídeo), já conhecidas do mercado.

Um projeto em escala comercial está em operação desde 2020, na Suíça, com 5 MW (35 MWh) de capacidade, interligada ao grid de transmissão. O projeto é baseado na remuneração por serviços ancilares (auxiliares) à rede.

“Nosso projeto trará uma solução inovadora para a cadeia de energias renováveis. Nós vamos armazenar energia, um elo que faltava na cadeia para suprir demandas desse setor”, disse o presidente da EV Brasil, João Fernandes, em nota do governo do Ceará.

Perfil da Energy Vault:

  • Listada na Bolsa de Nova Iorque em 2022, após fusão com Novus Capital Corporation II, sociedade de propósito específico voltada para aquisições (SPAC, na sigla em inglês). Levantou US$ 235 milhões com a oferta de ações.
  • Recebeu investimentos de US$ 200 milhões, incluindo um aporte de US$ 50 milhões da Atlas Renewable, controlada pela China Tianying, em um acordo de licenciamento da tecnologia para instalação de sistemas na China e US$ 50 milhões da Korea Zinc (metais não-ferrosos) visando o projeto de redução de emissões, inicialmente, da Sun Metals Corporation.
  • Nos EUA, prevê a geração de receitas da ordem de US$ 500 milhões com sistemas de armazenamento em múltiplos projetos da DG Fuels, do mercado de hidrogénio renovável e biogénico, combustível de aviação sustentável (SAF) e diesel.
  • Recebeu investimentos da Aramco Energy Ventures (SAEV), braço de venture capital da Saudi Aramco, petroleira nacional da Arábia Saudita.

Nexway firma memorando com Ceará

A Nexway, braço do grupo Comerc Energia, também assinou um memorando de entendimento com o governo do Ceará para integrar o bub de produção de hidrogênio verde do Porto do Pecém.

A empresa tem uma parceria para desenvolver projetos de produção de hidrogênio verde no Brasil com Casa dos Ventos, que já tem um protocolo com o governo cearense.

 Estamos muito entusiasmados com a receptividade do Ceará. É um momento único e vamos de fato iniciar a construção. Não é um momento de projeto piloto e sim de executarmos um projeto de médio e grande porte”, afirmou o presidente da Nexway, Marcel Haratz.

A parceria da Nexway com a Casa dos Ventos envolve tanto projetos de larga escala, olhando a exportação de H2V, como a produção de pequeno e médio porte nas indústrias — uma espécie de geração distribuída de hidrogênio verde.  

“Nos quatro estados que estamos estudando, os projetos são para exportação. São projetos de 4 bilhões de dólares cada, até 2030″, disse Marcel Haratz, CEO da Nexway, à agência epbr, ano passado. 

O empresa avalia projetos no Piauí, Bahia, Ceará e Pernambuco.

Recentemente, a Vibra (ex-BR Distribuidora) — detentora de 50% da Comerc — havia manifestado interesse em entrar no negócio de hidrogênio verde, durante o lançamento do projeto de comercialização de combustível de aviação sustentável (SAF)

Nos últimos meses, a companhia  também ampliou sua participação no mercado de renováveis, com parcerias nas áreas de biogás, comercialização de etanol e eletricidade renovável.

“A Vibra tomou a decisão de ampliar o portfólio de ofertas de energia que interessam aos clientes que querem fazer a transição energética”, afirmou o CEO da companhia, Wilson Ferreira, à imprensa.

Novos acordos em negociação para hidrogênio no Ceará

Com os novos memorandos, 18 acordos para a produção de hidrogênio verde foram assinado pelo governo do Ceará, estado que lidera os projetos dessa modalidade.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará, Maia Júnior, estão prontos outros dois protocolos do segmento que devem ser agendados em breve. Além disso, estão sendo trabalhadas outras quatro empresas para compor o Hub de Hidrogênio que escolheram o Ceará para seus projetos.

“Nosso grande desafio agora é o desenvolvimento desses projetos, a seleção das áreas onde serão implementados no Pecém, e a elaboração dos pré-contratos” , disse o secretário à agência epbr. 

Outros memorandos para o hub de hidrogênio verde (H2V) no Ceará