Óleo chega ao Rio de Janeiro

Bolsonaro diz não saber quanto óleo ainda tem no mar. Mais de 740 localidades em 11 estados já foram atingidas

Fragmentos do óleo coletado no litoral do Rio de Janeiro
Fragmentos do óleo coletado no litoral do Rio de Janeiro

O óleo derramado no mar e que atinge o litoral brasileiro desde agosto chegou nesta sexta-feira, 22, ao litoral do estado do Rio de Janeiro, no município de São João da Barra. O Rio é o décimo primeiro estado atingido pelo derramamento de origem ainda desconhecida.

Até a  noite de sexta, o Ibama afirmava que as manchas de óleo haviam atingido 742 localidades em 120 municípios. A atualização não contava ainda com a chegada do óleo no estado do Rio.

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Em nota conjunta divulgada neste sábado, 23, Ibama, ANP e Marinha informaram que cerca de 300 gramas de óleo foram recolhidos na praia de Grussaí, em São João da Barra. O material foi analisado pelo Instituto de Estudo do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) e constatado como compatível com o óleo encontrado no litoral do Nordeste e no Espírito Santo.

As autoridades informam que um grupamento de militares da Marinha já se encontra no local efetuando monitoramento e limpeza. Segundo a nota, servidores do IBAMA se juntariam a essa equipe ainda no sábado.

Questionado pela imprensa acerca da dimensão do desastre, que já é o maior em extensão da história do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo ainda não sabe “quanto óleo ainda tem no mar”.

“Nos gostaríamos muito que fosse identificado quem cometeu, no meu entender, esse ato criminoso. Nós não sabemos quanto de óleo ainda tem no mar”, disse o presidente a jornalistas em evento no Rio. “Na pior hipótese, um petroleiro, caso tenha jogado no mar toda a sua carga, menos de 10% chegou na nossa costa ainda. Então, nos preparemos para o pior. Pedimos a Deus que isso não aconteça”.

A fala é mais comedida do que afirmações anteriores, quando o presidente e o ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegaram a sugerir responsabilidade da Venezuela sobre o desastre.  Em outubro, Bolsonaro chegou a pedir à OEA que autoridades venezuelanas se pronunciassem sobre o caso.

Fragmentos do óleo coletado no litoral do Rio de Janeiro

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão vinculado à Secretaria do Ambiente e Sustentabilidade do estado do Rio afirmou em nota que uma equipe do setor de Emergências Ambientais do INEA está em deslocamento para o local onde o óleo foi encontrado.

O governo do Rio informou que o governador Wilson Witzel, em viagem a Lima, no Peru, mantém contato com a Secretaria de Ambiente e determinou que o grupo de trabalho formado pelo governo estadual para o combate ao óleo se reunirá na tarde do domingo, 24. A reunião vai ocorrer na Capitania dos Portos de Macaé, com a presença da secretária de estado do Ambiente e Sustentabilidade, Ana Lúcia Santoro, de representantes da Defesa Civil e outras autoridades para planejamento das ações de pronta resposta.

CPI do óleo

Nesta semana o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), autorizou a criação de uma CPI para investigar a origem do óleo e atuar na análise da legislação brasileira acerca de grandes desastres ambientais. A oposição, porém, deseja investigar também a eficiência das ações do governo federal sobre o caso. O autor do requerimento de criação da CPI, o deputado João Campos (PSB/PE), da oposição ao governo, deve presidir a comissão. A chegada do óleo ao Rio de Janeiro deve apressar a indicação de deputados pelos partidos para compor a CPI.

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