Mais de 300 sondas sucateadas no mundo

Mais de 300 sondas sucateadas no mundo

As empresas operadoras de sondas de perfuração devem sucatear até 2020 mais de 300 unidades de perfuração para tentar equilibrar preços, reduzir custos com unidades obsoletas, e diminuir o excesso de sondas no mercado mundial. Como os custos para reativar a operação de uma sonda semissubmersível construída nos anos 80 poderiam superar US$ 20 milhões, é provável que muitas dessas unidades não sobrevivam para ver a próxima década. A estimativa é da empresa Bassoe Offshore.

“A menos que um operador possa garantir um contrato de longo prazo para uma sonda antiga, é improvável algum investimento na unidade. Neste momento, os contratos de longo prazo estão longe de ser abundantes. Com algumas exceções, a maioria dos contratos de perfuração hoje são muito curtos para suportar a reativação de equipamentos antigos”, diz o diz o líder para a área de Serviços de Dados da Bassoe Offshore, David Carter Shinn.

Levantamento feito pela E&P Brasil nos dados divulgados pelas empresas mostra que a Transocean deve ser a operadora que mais vai contribuir com o corte de sondas no mercado mundial. São ao todo 39 unidades, sendo 32 semissubsmerssíveis e sete jackups. Na última semana, a empresa anunciou que está colocando para venda as sondas SF Jack Ryan, Sedco Energy, Sedco Express, Cajun Express, Deepwater Pathfinder e Transocean Marianas.

“Continuamos a aprimorar a qualidade da nossa frota por meio da adição de novos ativos e aposentadoria dos mais antigos, que são sondas menos competitivas”, justificou Jeremy Thigpen, CEO da Transocean.

Painel 1

Transocean, Diamond Offshore e Ensco juntas respondem quase 70 das 100 sondas já anunciadas para serem sucateadas pelas empresas operadoras. Mas independente do porte da empresa, cortar unidades parece que é a única saída para manter o mercado sustentável no longo prazo.

E no Brasil? 

A Petrobras também está se desfazendo de suas sondas de perfuração antigas. Realizou em junho leilão para vender as sondas P-3, P-10, P-16, P-27 e P-23 junto com as jackups P-69 e P-70, construídas no começo dos anos 2010. Juntas, as unidades receberam cerca de R$ 60 milhões em lances. 

 leilao-de-sondas

A sonda P-3 foi vendida por R$ 20 mil para a empresa América Óleo e Gás depois de quatro tentativas. A empresa turca Rota Shipping arrematou quatro sondas no leilão e estava disposta a pagar R$ 4,1 milhões pela P-10, P-16, P-17 e P-23. A empresa é uma das maiores que atuam na área de sucateamento de unidades de perfuração no mundo. Em fevereiro, comprou da Queiroz Galvão Óleo e Gás a sonda Olinda Star, que operou no Brasil durante anos para Petrobras e outras empresas.

A Petrobras começou a vender suas sondas antigas em 2015, quando abriu uma leilão com as sondas P-1 e P-4, com lance inicial de US$ 100 mil, e P-3 e P-14, a partir de US$ 400 mil. Fez três rodadas para tentar vender as unidades. Na segunda, vendeu as sondas P-5 e P-6 para as empresas International Ships Trading e para o Mark Capital Partners, respectivamente.

A P-14 acabou arrematada na terceira tentativa pelo investidor John Lamb em 2016, que acabou não pagando pela sonda. Lamb também havia comprado o FPSO P-34, mas o leilão foi cancelado pelo mesmo motivo este ano. 

As sondas descomissionadas pela Petrobras estão aguardando seu fim em águas abrigadas da Bahia. Uma parte delas no Canteiro de São Roque do Paraguaçu e outra na Base Naval de Aratu. Dados da Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha indicam que existe atualmente 12 sondas paradas na região, sendo nove da Petrobras. São elas: P-1, P-3, P-4, P-6, P-17, P-20, P-23, P-27 e P-60. 

Além da baixa das atividades por conta da redução no preço do petróleo, essas sondas também são impactadas pela centralização dos trabalhos em águas profundas no pais. A grande maioria das unidades tem capacidade apenas para trabalhar em águas rasas.

Além das sondas de perfuração,  a Petrobras lançou o edital para o leilão de venda da P-27 em abril do ano passado. O lance inicial mínimo era de US$ 1 milhão. A P-27 começou a operar em 1998 e foi responsável pela produção nos campos de Voador e Brava, na Bacia de Campos. A unidade, que tem capacidade para produzir 50 mil barris/dia de óleo, foi descomissionada em dezembro de 2013. Ninguém apareceu no leilão feito pela empresa.

A Petrobras também pretende vender as plataformas semissubmersíveis P-7 e P-12, instaladas nos campos de Bicudo e Linguado, ambos na Bacia de Campos. A petroleira está paralisando a produção dos dois sistemas, e as plataformas devem deixar a locação somente em 2018.

A brusca queda nos preços do petróleo desde 2015 tem feito petroleiras e fornecedores ajustarem seus planejamentos em busca de sustentabilidade com a cotação do barri na casa dos US$ 50 nos próximos anos. O segmento de perfuração, como toda baixa na atividade mundial de perfuração, deve ser um dos mais afetados. O corte da própria pele é a saída para o cenário de preço baixo por longo prazo.