EUA, Irã e a alta nos preços do Brent

EUA, Irã e a alta nos preços do Brent

Os fatos geopolíticos voltaram a comandar as notícias sobre os preços do petróleo no mercado internacional. O petróleo Brent superou pela quinta vez este ano os US$ 70 por barril – patamar que não se via desde o fim de 2014 – influenciado pela mudança de rumo na política externa dos EUA em relação ao Irã. O próximo capítulo está marcado para 12 de maio.

Nas últimas duas semanas, o presidente dos EUA, Donald Trump, demitiu o secretário de Estado, Rex Tillerson, e o conselheiro de Segurança Nacional, H.R. McMaster, substituindo-os por Mike Pompeo e John Bolton, críticos declarados do acordo com o Irã.

Pompeo vai liderar a política externa dos EUA após deixar a diretoria da CIA; é um ex-senador republicano, com passagens por comissões de comércio e energia.

John Bolton é ex-embaixador e, durante as negociações que levaram a assinatura do acordo com o Irã, foi crítico à solução diplomática – escreveu um artigo intitulado To stop Iran’s bomb, bomb Iran (Para impedir a bomba do Irã, bombardeia o Irã, em tradução livre), publicado pelo The New York Times em março de 2015.

12 de maio

Não bastasse o acirramento do discurso dos EUA, notadamente de Trump, contra o Irã, o acordo prevê a renovação de termos no próximo dia 12 de maio. Na prática, significa uma chance de os EUA saírem do acordo e de novas sanções serem impostas ao país do Oriente Médio.

“O acordo com o Irã está próximo. Provavelmente em um mês, vocês vão ver o que eu vou fazer”, afirmou Trump à jornalistas na Casa Branca, após encontro com o príncipe saudita Mohammed Bin Salman, informou a Bloomberg em 20 de março.

A indefinição agora é até que ponto as tensões EUA e Irã vão provocar uma escalada de preços. Países da Europa dão sinais de que são contrários à reversão do acordo nuclear e, na balança de oferta e demanda, alta de preços poderá se reverter em mais produção no curto prazo nos próprios EUA, graças às províncias terrestres.

Assinado por Barack Obama, o acordo nuclear permitiu o relaxamento de sanções contra o Irã em troca de garantias de não desenvolvimento da tecnologia para fins militares.

Fechado em 2015, significou o início da retomada das exportações de petróleo iraniano, em um momento que o mercado vivia um cenário de retração de preços causados por excesso de oferta.

O Irã produz atualmente 3,8 milhões de barris/dia de petróleo, cerca de 12% de toda a produção da OPEP, de 32,2 milhões de barris/dia. De acordo com o governo iraniano, o país exportou 2,1 milhões de barris/dia em 2017.

Projeções de curto prazo

Até a sexta-feira (23/3), os preços futuros do Brent em 2018 fecharam, em média, a US$ 67,04 por barril, alta de 22% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 54,79). As previsões de curto prazo de agentes financeiros para 2018 varia entre US$ 70 e US$ 56, média de US$ 62,23 por barril (22 projeções). No relatório de 6 de março do Short-Term Energy Outlook, da EIA, a estimativa é que os preços spot do Brent serão de US$ 62,13/barril em 2018.