Opinião

O novo marco do setor elétrico e o futuro da experiência da conta de luz no Brasil

Nova regulação acelera abertura total, reduz distorções e incorpora dados, digitalização e armazenamento para transformar a relação do consumidor com a conta de luz, escreve Eduardo Miranda

Eduardo Miranda é CEO da TYR Energia (Foto Divulgação)
Eduardo Miranda é CEO da TYR Energia (Foto Divulgação)

O Brasil vive um dos momentos mais transformadores das últimas três décadas no setor elétrico. A aprovação do novo marco regulatório encerra um ciclo de debates e ajustes graduais, inaugurando, finalmente, uma era em que dados, experiência digital e concorrência real passam a definir a relação entre consumidores e energia elétrica.

Durante muito tempo, o mercado conviveu com limitações estruturais que impediam uma expansão mais robusta da inovação. Agora, ao permitir a abertura total e ao incorporar instrumentos modernos de gestão energética, o país se alinha às melhores práticas internacionais e dá um passo decisivo para modernizar o modo como consumimos, gerimos e entendemos energia.

O avanço trazido pelo novo marco não é apenas regulatório, é estratégico. Ele redefine prioridades e cria um ambiente em que a eficiência tecnológica, a inteligência de dados e a capacidade de análise em tempo real deixam de ser diferenciais e passam a ser requisitos básicos para qualquer empresa que queira competir de forma saudável.

A redução de subsídios que distorciam o mercado fortalece essa direção e garante que o consumidor seja beneficiado por soluções construídas com inovação genuína e não por incentivos passageiros.

Outro ponto decisivo é a regulamentação do armazenamento de energia elétrica, especialmente no modelo “atrás do medidor”. Essa evolução abre caminho para que o consumidor varejista tenha, pela primeira vez, ferramentas reais de flexibilidade, autonomia e resposta à demanda.

O armazenamento, que por anos foi tratado como promessa, passa a integrar um ecossistema moderno em que a energia pode ser gerida de forma inteligente, previsível e orientada por dados.

Essa combinação, abertura total, redução de distorções competitivas e avanço na regulação do armazenamento, prepara o terreno para uma transformação profunda na experiência da conta de luz.

Em breve, modelos personalizados de tarifas, consumo otimizado e jornadas digitais completas deixarão de ser exceção e se tornarão a nova norma. A energia elétrica deixa de ser um simples insumo e se transforma em um serviço, moldado de acordo com o perfil e necessidades de cada consumidor.

O Brasil, finalmente, se insere de maneira concreta no movimento global da eletrificação, que exige energia limpa, acessível e eficiente. Entramos em uma fase em que consumidores, empresas e o próprio país ganham ao adotar soluções inteligentes, baseadas em tecnologia e compreensão profunda dos hábitos de consumo.

É evidente que ainda há ajustes importantes a serem alcançados, como a implementação do preço por oferta, para que o mercado avance de forma ainda mais madura. Mas, pela primeira vez em muito tempo, estamos diante de um cenário em que o progresso é claro, consistente e alinhado a um projeto de futuro.

Para as empresas, a lição é direta: quem se preparou ao longo dos últimos anos larga na frente. Investir em tecnologia proprietária, inteligência de dados, integração com múltiplos stakeholders e ferramentas capazes de identificar oportunidades de otimização em tempo real deixou de ser visão de longo prazo e se tornou uma necessidade imediata.

O mercado está sendo redesenhado. Agora, vence quem entende o consumidor, entrega eficiência personalizada e contribui para um setor elétrico mais moderno, competitivo e sustentável. Estamos diante de uma oportunidade histórica, e cabe a todos os agentes do setor transformá-la em realidade.

Eduardo Miranda é CEO da TYR Energia.

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