Energia

Consumo global de óleo vai subir em 2023, prevê consultoria

Wood Mackenzie traça dez projeções para o mercado de energia para o próximo ano

2023 deve ser marcado por recuperação da demanda por petróleo e, ao mesmo tempo, por mais políticas de incentivo à transição energética (Foto: Pixabay)
2023 deve ser marcado por recuperação da demanda por petróleo e, ao mesmo tempo, por mais políticas de incentivo à transição energética (Foto: Pixabay)

RIO — O ano de 2023 deve ser marcado pela recuperação da demanda global por petróleo e, ao mesmo tempo, por mais políticas de incentivo à transição energética ao redor do mundo.

Essas são algumas das dez projeções de mercado de commodities recém divulgadas pela Wood Mackenzie para o próximo ano.

A Wood Mackenzie prevê também uma desaceleração na contratação de novos projetos de gás natural liquefeito (GNL) – que em 2022 cresceu, impulsionada pela procura da Europa por fontes alternativas à Rússia.

E que as vendas de veículos elétricos e instalações de painéis solares devem ganhar força, nos Estados Unidos, na esteira da Lei de Redução da Inflação.

Acompanhe a seguir as dez previsões da consultoria para 2023:

Demanda por petróleo se recuperará

A consultoria destaca que a demanda global está diminuindo e deve fechar o 4º trimestre de 2022 com um declínio de 1,2 milhão de barris/dia, na comparação com igual período de 2021. A Wood Mackenzie, porém, aposta num rápido retorno ao crescimento do consumo em 2023.

A previsão para o ano que vem é de aumento de 2,3 milhões barris/dia, ante 2022, impulsionado pela flexibilização da política covid zero na China e pelo aumento do uso de matérias-primas petroquímicas.

Esse cenário deve contribuir para tirar o mercado de petróleo de sua estagnação atual e fornecerá suporte aos preços.

Contratos de GNL vão desacelerar

O ano de 2022 foi agitado no mercado de GNL. Foram assinados acordos para aquisição de 80 milhões de toneladas/ano, sendo 75% desse total envolvendo exportadores dos EUA.

Para 2023, no entanto, a expectativa é de desaceleração. Os chineses continuarão a comprar e os produtores independentes dos EUA continuarão a garantir acordos, de olho nos preços globais elevados.

Mas as empresas tendem a ser mais seletivas, apostando apenas em projetos que podem ser executados rapidamente.

“E é improvável que os compradores europeus se comprometam com muita oferta, pois continuam preocupados com a longevidade da demanda e a dinâmica futura de preços”, escreveu o vice-presidente de pesquisa de gás e GNL da Wood Mackenzie, Massimo Di Odoardo.

Tensões entre petroleiras e fornecedores continuarão

A consultoria destaca que, dos 60 grandes projetos de óleo e gás que se aproximam das decisões finais de investimento, metade deve prosseguir em 2023.

A disciplina de capital das petroleiras e a crescente inflação de custos e preocupações com a execução dos projetos têm dificultado a tomada de decisões pelas operadoras.

“As tensões contínuas entre as empresas de serviços e as operadoras continuarão jogando areia nas engrenagens do processo de tomada de decisões de investimento. As operadoras estão preocupadas com a certeza de custos e os provedores de serviços estão procurando expandir as margens”, cita o chefe de análise em exploração e produção da Wood Mackenzie, Fraser McKay.

Produtores do shale mais agressivos

De acordo com a consultoria, produtores independentes da indústria dos EUA têm melhorado seus balanços financeiros e sua gestão de ativos e contam, hoje, com estruturas mais estabelecidas para retorno de capital.

A Wood Mackenzie acredita que 2023 pode um ano em que os “melhores dos melhores surgem e decidem crescer de forma mais agressiva do que muitas partes interessadas atualmente esperam”. E que ao menos uma grande empresa do setor buscará um crescimento mais rápido.

Mais políticas pró-transição energética

Outros países seguirão a liderança dos EUA e sua Lei de Redução da Inflação.

A consultoria cita que, com a nova legislação americana, empresas de todo o mundo passaram a reconsiderar suas decisões de investimento.

Para se manterem competitivos, os demais países precisarão introduzir novos incentivos – o que abrirá novas oportunidades de negócios no mundo.

EAU aumentarão investimento em baixo carbono

À medida que os Emirados Árabes Unidos se preparam para sediar a COP28, os árabes aumentarão os investimento em descarbonização – o que estimulará outros países do Oriente Médio a seguir o exemplo.

A Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC) anunciou em novembro sua meta “net zero” para 2050 e já começou a agir: é, até agora, a única estatal da região a buscar fusões e aquisições em energias renováveis, ao entrar no projeto de hidrogênio H2Teeside, no Reino Unido, ao lado da bp.

CCUS em alta

Após uma enxurrada de anúncios de novos projetos, as empresas finalmente iniciarão grandes projetos de captura, armazenagem e uso de carbono (CCUS, na sigla em inglês) em 2023.

Até 30 hubs de CCUS em todo o mundo miram a decisão final de investimento para 2023. Metade deles provavelmente seguirá em frente, com a liderança das petroleiras europeias.

Vendas de veículos elétricos dobrarão nos EUA

O tripé formado por políticas de incentivos, pressão regulatória e modelos acessíveis ajudará os EUA a dobrarem, para mais de 2 milhões de unidades, as vendas de veículos elétricos no ano que vem.

Por muitos anos, os EUA ficaram em terceiro lugar – atrás da China e Europa – nas vendas do setor, mas a Lei de Redução da Inflação ajudou a mudar o cenário.

Além disso, os novos regulamentos ambientais estabelecidos para 2023 forçarão as montadoras a reduzir as emissões e a maneira mais barata para isso será vender mais veículos elétricos.

Ford, Hyundai, GM, Subaru, Toyota e VW terão SUVs compactos no mercado com preços iniciais em torno de US$ 40 mil a US$ 45 mil.

Energia solar se recuperará nos EUA

A Wood Mackenzie estima um aumento de 50% nas instalações solares em 2023, nos Estados Unidos.

Em 2022, 18,6 GW devem entrar em operação – uma queda de 23% em relação a 2021, em meio à inflação dos materiais e equipamentos.

No entanto, todos os sinais apontam para uma recuperação na indústria solar dos EUA, com os ganhos trazidos pela Lei de Redução da Inflação. A demanda corporativa e de serviços públicos atingirão um recorde histórico.

E os preços dos metais vão cair

Demanda mais fraca e oferta mais forte contribuirão para a pressão de baixa. O setor de construção, uma área chave para minério de ferro, aço e metais básicos, sentirão os efeitos da lentidão do mercado imobiliário chinês.

As pressões inflacionárias estão enfraquecendo, assim como as restrições da cadeia de suprimentos – o que pode significar que a desaceleração econômica global é menos severa do que a esperada.

Uma recuperação no setor automotivo e da descarbonização, contudo, podem ajudar a compensar parte da fraqueza da demanda em outros segmentos – embora, de modo geral, a tendência predominante nos preços seja de baixa.