BRASÍLIA – O CEO da Enel São Paulo, Guilherme Lencastre, prometeu nesta terça-feira (3/12) contratar 1,2 mil profissionais para o quadro da empresa até março de 2025. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que houve piora no tempo de resposta a interrupções da empresa, ao mesmo tempo que aumentou a terceirização de mão de obra.
Em participação em audiência pública na Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados, o executivo admitiu que o tempo de resposta da distribuidora pode melhorar, a exemplo dos temporais que ocorreram em outubro e que atingiram o fornecimento de 3 milhões de consumidores.
Após sofrer ameaça de intervenção e de processo de caducidade da concessão, a empresa anunciou aumento nos investimentos e no efetivo.
“Desde novembro, aumentamos a mão de obra própria. Começamos um plano de contratação de 1.200 nossos profissionais, em sua grande parte eletricistas. Todos eles para trabalhar em campo. Já contratamos aproximadamente 600, e outros 600 vão ser contratados até março de 2025”, disse.
Lencastre afirma que não há profissionais qualificados em número suficiente para contratação imediata. A Enel criou uma escola de eletricistas para formar 300 profissionais.
Quando a Enel assumiu a concessão da Eletropaulo, em 2018, a empresa tinha 8 mil empregados próprios. O número diminuiu para 3,9 mil, já que a legislação trabalhista mudou e permitiu a terceirização da mão de obra.
O presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Eduardo Annunciato, defende que a renovação das concessões precisará trazer exigências quanto à mão de obra própria das distribuidoras.
“Tem que estar no novo modelo o quadro mínimo de empregados, para não ocorrer discrepâncias. Esse quadro mínimo tem que ser colocado no novo modelo. Não se perde memória técnica. Tendo memória técnica, os problemas são resolvidos mais rapidamente”, afirmou.
Indicadores pioraram nas concessões de São Paulo e do Rio
A Aneel mostrou, durante a audiência pública, dados sobre os serviços prestados pela Enel em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em ambas as áreas de concessão, houve aumento no tempo de resposta a quedas de energia a partir de 2021. No caso de São Paulo, cada ocorrência levava, em média, 8,65 horas para ser sanada, mas o tempo subiu para 13,72 horas em 2023.
A Enel Rio registrou um crescimento de 5,22 horas para 9,98 horas no mesmo período. Embora ambas as distribuidoras tenham melhorado os tempos de resposta entre 2023 e 2024, os indicadores ainda são superiores ao registrado três anos atrás.
O diagnóstico apresentado pelo superintendente de Fiscalização Técnica dos Serviços de Energia Elétrica da Aneel, Giácomo Bassi, é de que os problemas são maiores em relação ao tempo de resposta das distribuidoras de São Paulo e do Rio de Janeiro.
“A rede resiliente desliga pouco, mas, em termos de duração, o que foi constatado por nós, a quantidade de equipes que se tem para fazer frente à quantidade de atendimentos está inadequada”, afirmou.
Segundo o CEO da Enel São Paulo, houve aumento nos investimentos. Na época da Eletropaulo, foram investidos R$ 2,4 bilhões no ciclo entre 2013 e 2015.
A previsão da empresa é investir R$ 10,4 bilhões entre 2025 e 2027, já esperando que os investimentos em resiliência de redes sejam considerados nas novas diretrizes de renovação das concessões.
Durante os eventos de outubro, o CEO da Enel São Paulo reclamou da situação, já que não existiriam incentivos a esse tipo de gasto.