MP 1232

Âmbar avalia cenário para deliberar sobre Amazonas Energia após decisão judicial

Empresa critica retirada de pauta de recurso no processo da transferência de controle da Amazonas Energia

Linhas de transmissão da distribuidora Amazonas Energia (Foto: Divulgação)
Linhas de transmissão da distribuidora Amazonas Energia (Foto: Divulgação)

BRASÍLIA – A Âmbar informou que avalia o cenário antes de tomar uma decisão sobre o cumprimento da decisão judicial que levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a aprovar o processo de transferência de controle da Amazonas Energia.

Embora reconhecesse que a decisão poderia ser revertida, a Aneel determinou que os representantes de Amazonas Energia e Âmbar se colocassem à disposição para assinar a transferência de controle hoje, o que não ocorreu.

Em decisão monocrática na segunda-feira (7/10), o diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, autorizou a transferência de controle da Amazonas Energia para a Âmbar, do grupo J&F, em cumprimento de uma decisão judicial. A juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe ordenou que o plano de transferência apresentado pela Âmbar fosse aprovado, cumprindo um pedido da Amazonas Energia.

“A aprovação do plano de transferência do controle societário se dá em caráter naturalmente precário e perdurará apenas enquanto vigorar a decisão judicial, em face da qual a Aneel seguirá envidando esforços de atuação processual, seja no agravo de instrumento já interposto, seja em novas medidas a serem avaliadas junto aos órgãos de atuação contenciosa da Procuradoria-Geral Federal”, comunicou a agência.

Em nota divulgada nesta terça-feira (08/10), a Âmbar também criticou a decisão monocrática da Aneel que negou o recurso da empresa no processo.

Na semana passada, a diretoria da Aneel havia decidido que a transferência de controle poderia ocorrer nos termos previstos pela área técnica. A Âmbar recorreu da decisão.

A análise do recurso estava pautada para discussão em uma reunião da diretoria nesta terça, mas foi retirada de pauta pelo relator, Fernando Mosna. Em despacho monocrático, o diretor negou o recurso da empresa, sob o argumento de que houve perda de objeto.

“A Âmbar Energia foi surpreendida pelo fato de o diretor relator Fernando Mosna ter decidido, monocraticamente, deixar de analisar o processo de transferência de controle da Amazonas Energia que estava pautado para esta terça-feira (8). A decisão atenta contra os interesses dos consumidores de energia de todo o país”, disse a empresa.

A Âmbar avalia possíveis medidas contra o despacho do diretor.

A empresa ainda tem 10 dias para apresentar um agravo à decisão. Conforme o regimento interno da Aneel, a diretoria colegiada deve analisar o processo, tendo Mosna como relator.

Ministro questiona a condução do processo

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, apontou falhas na condução do processo de transferência de controle da distribuidora do estado do Amazonas.

“O que eu acompanho publicamente é que não está sendo bem conduzido, porque já era para ser mais célere, não era para precisar de uma liminar, não era para contrariar uma liminar”, afirmou a jornalistas nesta terça (8/10) após o evento para sanção da lei do Combustível do Futuro em Brasília.

Silveira reiterou que a recomendação de caducidade da concessão da Amazonas Energia foi feita pela própria Aneel, na medida provisória 1232/2024.

“O que eu tenho cobrado da Aneel é simplesmente que ela execute a política pública que nós determinamos, que nós somos os responsáveis por isso, mas a forma, quem define é o órgão regulador. Então, a forma não interessa, interessa que ela aponte os caminhos seguros e que seja o melhor custo-benefício para o consumidor energético do Brasil”, disse Silveira.

Liminar atendeu pedido da Amazonas Energia

A Justiça entendeu que a transferência da Amazonas Energia deve ocorrer nos termos apresentados pela Âmbar nos dias 26 e 27 de setembro. Ou seja, a autarquia autorizou as flexibilizações de R$ 14,1 bilhões em 15 anos, subsidiadas pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC).

A Âmbar também deverá fazer um aporte de capital de R$ 6,5 bilhões para reduzir o endividamento da Amazonas Energia, que passa dos R$ 10 bilhões.

A medida provisória 1232/2024, que viabiliza a transferência de controle da Amazonas Energia, perde validade no dia 10 de outubro. 

Caso haja anulação da sentença que determinou a mudança de controlador, o contrato pode ser cancelado. Nesse cenário, a Aneel poderia decretar intervenção na distribuidora.