RIO — A Petrobras e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançaram nesta segunda (31/3) o programa ProFloresta+, uma iniciativa que visa fomentar a restauração florestal de 50 mil hectares da Amazônia e estruturar o mercado de carbono no Brasil, com a comercialização de 15 milhões de créditos.
Segundo o diretor de Transição da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, o projeto foi inspirado no modelo de leilões do setor elétrico, especialmente no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).
“Quem investe em reflorestamento leva anos para gerar créditos, sem saber qual será o preço futuro. Com os leilões, garantimos previsibilidade e atratividade para os investidores”, explicou.
O ProFloresta+ vai estabelecer contratos de longo prazo para a compra de créditos de carbono, tendo a Petrobras como compradora, ao passo que dá previsibilidade às empresas interessadas em projetos de restauração florestal da Amazônia para emissão de créditos de carbono, tendo o BNDES como financiador e garantidor da operação.
A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, explica a inversão de paradigma promovida pelo leilão.
“Antes, quem queria restaurar florestas não tinha garantia de comprador nem acesso a financiamento. Agora, estamos gerando demanda firme no mercado, criando um ambiente de confiança e consolidando a economia do restauro e o mercado regulado de carbono”, afirmou.
Em 2024, 91% das aposentadorias de créditos de carbono vieram de projetos de redução de emissões, como energias renováveis e proteção de florestas.
Apenas 9% tiveram como origem os projetos que removem carbono, como os de reflorestamento — mais caros e escassos.
Cerca de 1,5 bilhão em financiamento
O leilão, previsto para julho deste ano, aceitará projetos com no mínimo 3 mil hectares, equivalentes a um milhão de toneladas de carbono compensado.
O investimento inicial será de R$ 450 milhões, com um montante total de até R$ 1,5 bilhão ao longo de 25 anos.
A meta é financiar, na primeira fase, cinco projetos, cobrindo 15 mil hectares, o que resultaria no plantio de cerca de 25 milhões de árvores e na criação de aproximadamente 1.700 empregos verdes.
O foco será na restauração do chamado “Arco do Fogo”, áreas da Amazônia localizadas em estados como Mato Grosso, Rondônia e Pará, muito próximas à expansão de novas fronteiras agrícolas.
Petrobras net zero até 2050
De acordo com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, o projeto é parte da estratégia climática da petroleira e deve contribuir na definição de preços para o crédito de reflorestamento.
“Esse projeto pioneiro marca a estreia da Petrobras na tratativa de crédito de carbono de reflorestamento de longo prazo. Vamos fazer preços. Olha só que coisa importante. Não temos até hoje um preço para crédito de carbono para reflorestamento. Vamos passar a ter”.
Essa é a primeira etapa da participação da Petrobras no mercado de carbono, inicialmente como compradora, mas posteriormente como emissora de créditos, com planos de gerar receita nesse segmento, diz Chambriard.
A petroleira tem meta de atingir a neutralidade de carbono até 2050, e 15% dos investimentos no plano de negócios até 2029 estão direcionados para a transição energética.
“A Petrobras atingirá o net zero em 2050. O ProFloresta+ é uma prova do nosso esforço em relação a isso”, disse a presidente da companhia.
Já Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, afirma que o programa pretende “blindar a Amazônia” e a participação da Petrobras foi fundamental para viabilizar a iniciativa.
“É um projeto extremamente ambicioso para a gente blindar a Amazônia, reconstruindo e restaurando exatamente o arco do fogo, onde ela vem sendo destruída historicamente. Temos linhas de crédito de 1% de juros ao ano, e o Fundo Clima é fundamental para bancar o restauro florestal. Esse projeto só é possível porque a Petrobras entrou”, explicou.
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