BRASÍLIA – Estudo do Boston Consulting Group, Anfavea e Sindipeças aponta que 83% das empresas automotivas brasileiras acreditam que o Brasil deve manter o foco em veículos flex fuel, enquanto avança na transição para a eletrificação.
A pesquisa ouviu mais de 65 indústrias do setor, incluindo montadoras e fabricantes de peças.
O levantamento também revela otimismo da indústria brasileira quanto ao crescimento dos veículos eletrificados nos próximos cinco a 10 anos.
No total, 81% planejam investir no processo de eletrificação, e 69% delas estão interessadas em incluir, em sua cadeia de suprimentos, produtos voltados a veículos elétricos.
Para 30% das entrevistadas, o país deve direcionar seus recursos para aprimorar a infraestrutura e capacidade de produção, em especial, de modelos híbridos.
Em contrapartida, a imprevisibilidade da demanda e a competitividade com o mercado internacional foram alguns dos principais obstáculos citados pelas indústrias.
13% das empresas manifestaram a intenção de manter seus portfólios atuais, mesmo com a ênfase nos veículos a combustão.
Brasil na corrida global
Na corrida ao net zero até 2050, nações como a Europa, os Estados Unidos e a China estão apostando no desenvolvimento de tecnologias e cadeias de suprimento para a eletrificação, além de ações mais arrojadas para reduzir as fontes fósseis nos transportes.
Apesar dos mais de 20 mil emplacamentos de veículos eletrificados (totalmente elétricos, híbridos convencionais e híbridos plug-in) registrados apenas no primeiro semestre de 2023, no Brasil, a transição deve ocorrer de forma mais gradual.
De acordo com a análise, tal cenário oferece mais tempo para que a cadeia local se prepare adequadamente. Por outro lado, os suprimentos brasileiros podem se tornar obsoletos em relação à aplicação de novas tecnologias quando comparados aos mercados globais.
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O diretor administrativo e sócio da BCG, Masao Ukon, explicou que à medida que as regulamentações ao setor forem implementadas, haverá impulsos na demanda.
“Evoluções regulatórias na direção de eficiência e descarbonização estão previstas nos próximos meses. Com a oferta do mercado, os consumidores começam a experimentar esse produto e as vendas começam a crescer”, afirmou, durante o evento Renault E-Tech 100% Electric Days.
Novo Rota 2030
Na quinta (21/9), Uallace Moreira, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, confirmou que a segunda etapa do Rota 2030 vai promover uma maior aproximação entre empresas brasileiras e estrangeiras, visando estimular as exportações no Brasil.
“A nova fase estimula a aproximação entre os atores do ecossistema inovacional para fazer com que o Brasil tenha capacidades construídas com empresas nacionais e estrangeiras que corroborem a exportação da tecnologia”.
A previsão é que as novas regras do programa de fomento à pesquisa e desenvolvimento (P&D) na indústria automobilística brasileira sejam anunciadas nas próximas semanas.