BRASÍLIA — Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na terça (15/10) mostra que 85% das indústrias instaladas no Brasil desenvolvem pelo menos uma prática de economia circular.
O que é economia circular?
É um modo de produção que utiliza recursos de forma circular, isto é, o fluxo é pensado de forma a aproveitar ao máximo os insumos, reduzindo a produção de resíduos e o desperdício. Isso contribui para mitigar impactos ambientais e emissões de gases de efeito estufa.
Para 68% dos empresários entrevistados, as medidas de economia circular contribuem para a redução de gases de efeito estufa e, consequentemente, para o combate às mudanças climáticas.
A pesquisa ouviu 253 indústrias de transformação e construção entre 17 de maio e 30 de julho de 2024.
“A transição para a economia circular não é apenas uma aspiração, mas uma realidade em constante evolução na indústria, que tem demonstrado um compromisso crescente com a adoção de práticas circulares”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban, no lançamento do estudo.
Impacto sobre o clima
Em 2022, o setor de resíduos foi responsável por 4% (91,3 milhões de toneladas) das emissões de CO2 no Brasil, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
O diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, explica que a adoção de práticas como logística reversa e reciclagem, entre outras, contribuem com a transição para a economia de baixo carbono.
“É menos emissão de gases de efeito estufa, menor extração de novos recursos, melhor uso de energia. Então, as empresas reduzem a pegada de carbono da atividade industrial e evitam agravar outras questões, como a redução da vida útil dos aterros”, avalia Muniz.
A pesquisa também mapeou as práticas mais adotadas pela indústria:
- 50% afirmam ter programas de sustentabilidade e práticas que melhoram os ganhos ambientais;
- 42% criam produtos que podem ser recuperados e substituem material virgem por reciclado;
- 41% desenvolvem produtos para minimizar o consumo, perdas de materiais e energia em todo o ciclo de vida;
- 40% desenvolvem produtos com maior durabilidade, além de reutilizarem efluentes tratados na produção;
- 31% reciclam;
- 26% praticam logística reversa.
Guia para indústrias
Nesta quarta (16), CNI, Firjan (Rio de Janeiro) e Fiesp (São Paulo) publicaram um guia para ajudar as empresas a implementarem práticas da economia circular.
Além de um passo a passo para que as indústrias definam metas e estratégias circulares, e implementem ações práticas, o documento apresenta diretrizes para o estabelecimento de indicadores-chave de desempenho (KPIs) e mensuração do progresso da circularidade dentro das empresas, incluindo metodologias de coleta de dados e avaliação de resultados.
Desde junho, o Brasil conta com a Estratégia Nacional de Economia Circular (Enec), que integra a Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial anunciada pelo governo no início do ano.
A estratégia criou um ambiente normativo e institucional para a economia circular. Paralelamente, a Organização Internacional de Normalização (ISO, na sigla em inglês) lançou três normas, este ano, relacionadas ao tema.
Segundo a CNI, que compôs a delegação brasileira no Comitê Técnico da ISO, esses conceitos devem ser usados como base para influenciar políticas públicas no Brasil, além de terem subsidiado a elaboração do guia.
“A economia circular tem se estabelecido como uma das principais estratégias empresariais para enfrentar os desafios ambientais atuais. Ao revisar e aperfeiçoar a forma como extraímos, transformamos, usamos e descartamos recursos naturais e produtos, as empresas podem se tornar mais eficientes, competitivas e sustentáveis”, afirma Alban.