newsletter
Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
[email protected]
As indústrias intensivas no consumo de energia instaladas no Brasil precisam da aprovação, o quanto antes, do mercado regulado de carbono para serem competitivas, inclusive em relação a produtos chineses, defendeu nesta quarta (13/3) a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa.
“Tem política pública para incentivar de maneiras diferentes, indústrias diferentes. Mas, nos hard-to-abate [difíceis de abater], é muito importante que a gente regulamente logo o mercado de créditos de carbono”, disse nesta manhã, durante painel do BNEF Sao Paulo Forum sobre a nova demanda energética do Brasil.
Dados da BloombergNEF apontam o Brasil como o sexto país que mais recebeu investimentos em transição energética em 2023, com quase US$ 35 bilhões aplicados.
O país desponta como um dos mercados mais promissores para fornecer os insumos para as indústrias do futuro: energia renovável, biocombustíveis, hidrogênio de baixo carbono e minerais críticos.
O desafio, no entanto, é aproveitar essa vocação para desenvolver o parque industrial nacional e fornecer produtos de valor agregado e baixa intensidade de carbono para o resto do mundo.
Prêmio verde
Um exemplo é o aço verde. Na visão de Luciana, o Brasil pode ser competitivo, mas precisa de um prêmio verde para poder enfrentar a concorrência com o produto que vem da China.
“Essa competição, ela é global, não é só local. O Brasil atualmente está sendo inundado por aço chinês, produzido a partir do carvão, super intensivo em carbono. Nosso aço, nosso alumínio e nosso cimento já são menos intensivos em carbono”, explica.
“Enquanto esses produtos não conseguem o prêmio por serem intensivos em energia, mas com baixa quantidade de carbono, têm uma dificuldade de competição”, completa.
Para a diretora do BNDES, é preciso uma política pública para precificar emissões. Ele defendeu que o Brasil coloque foco na regulamentação do mercado nacional de carbono, mas também busque alinhamento nas discussões sobre um mercado global.
“A gente precisa ter um mercado de carbono global. Tem um debate global que ainda não está 100 % orquestrado. A Europa está em um lugar, o Brasil em outro, o Oriente Médio em outro”.
Cobrimos por aqui:
- Indústria verde busca visibilidade em políticas de transição
- Mercado de carbono ajudará empresas brasileiras em nova fase do comércio global
- Janela para tornar a siderurgia verde é estreita, aponta estudo
- Agro estuda métricas para participar do mercado de carbono
Hidrogênio para indústrias do Rio
A Eletrobras assinou, na terça (12/3), um Memorando de Entendimento (MoU) com a empresa de engenharia Paul Wurth Brasil, da SMS group, para avaliar a viabilidade de fornecimento de hidrogênio renovável para processos industriais no Rio de Janeiro.
Segundo o comunicado das empresas, está prevista a construção e operação de uma planta de 10 MW para a produção de hidrogênio e oxigênio (O2) nas proximidades de uma usina siderúrgica na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Os estudos para a instalação devem ser concluídos em menos de um ano. Quando entrar em operação, o energético será disponibilizado mediante consumo medido, por meio de um contrato de off-take de longo prazo (7 a 10 anos).
Paulo Pinheiro, diretor presidente da Paul Wurth Brasil, afirma que a planta será construída em local estratégico, próximo a grandes consumidores de energia, para tornar o fornecimento mais acessível. A intenção é substituir o gás natural. Leia na epbr
Curtas
Combustível do Futuro na pauta de votação da Câmara
O relator do projeto de lei do Combustível do Futuro, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), afirmou nesta quarta (13/3) que, em acordo com o governo, aceitou retirar o limite de até dois pontos percentuais para mudanças do CNPE no mandato do biodiesel em troca do piso de 13%.
A nova versão de Jardim para o projeto de lei 4516/23 busca consenso entre setor produtivo e governo: mantém o objetivo de atingir 15% em 2025 e chegar a 20% em 2030, mas agora dependente da aprovação do CNPE. Também passou a condicionar o avanço da mistura além dos 15% a análise de viabilidade técnica.
Biometano para indústria
Com contratos de fornecimento de biometano para grandes multinacionais no Brasil, como Ambev, Saint Gobain e L’Oreal, nas operações dessas empresas no Rio de Janeiro e São Paulo, o Grupo Urca Energia – que controla a Gás Verde – vê oportunidades para atender esses mesmos clientes em outros estados.
Fertilizantes em Minas Gerais
O presidente Lula (PT) participou, nesta quarta-feira (13), da inauguração de um novo complexo industrial na cidade de Serra do Salitre (MG), na região do Triângulo Mineiro. Em discurso, o petista disse que o Brasil precisa se tornar autossuficiente na produção de fertilizantes.
BBF pode perder concessões na Amazônia
A companhia Brasil Biofuels (BBF), maior produtora da América Latina de óleo de palma e comandada pelo empresário paulista Milton Steagall, está prestes a perder seis concessões de usinas termelétricas que conquistou no Pará, com a promessa de convertê-las para funcionar com biodiesel. O Reset obteve os detalhes de um projeto que se transformou em um pesadelo do setor elétrico e já custou R$ 91,381 milhões ao bolso do consumidor de energia.
Parceria Chile-China
Após completar 50 anos de relações diplomáticas em 2020, as relações de Chile e China estão entrando em uma nova fase. A expansão da infraestrutura de energia renovável, o hidrogênio verde e a mineração de lítio oferecem novas áreas de colaboração, comércio e investimento.
R$ 1 bi contra garimpo ilegal
Medida provisória editada pelo presidente Lula (PT) libera R$ 1 bilhão em crédito extraordinário para as ações contra o garimpo ilegal e atendimento das comunidades na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A MP foi publicada no DOU desta quarta-feira (13) e tem validade imediata, mas precisará de aval posterior do Congresso Nacional.
Licença maternidade
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira (13), reconhecer a licença-maternidade para mães não gestantes nos casos de união estável homoafetiva. A decisão vale para o caso de uma servidora pública que utilizou o método de inseminação artificial. Após o intervalo da sessão, os ministros vão decidir o alcance da decisão.
- diálogos da transição
- Empresas
- Política energética
- Transição energética
- Aço verde
- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
- BloombergNEF
- Brasil BioFuels (BBF)
- Economia de baixo carbono
- Economia verde
- Equidade
- Garimpo ilegal
- Gênero
- Governo Lula
- Indústria verde
- Luciana Costa
- Lula
- Mercado de Carbono
- Supremo Tribunal Federal (STF)