RIO – As petroleiras da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, Saudi Aramco e Adnoc, planejam extrair lítio da salmoura em seus campos de óleo e gás, de olho no aumento do mercado de veículos elétricos, segundo reportagem da Reuters.
As empresas ainda não confirmaram a informação. Caso se concretize, a decisão segue uma tendência de outras empresas do setor, como ExxonMobil e Occidental Petroleum, que já possuem projetos de exploração do minério, e a Chevron, que indicou interesse na atividade.
O lítio pode ser encontrado em depósitos de água salgada – e em salmoura – que existem naturalmente ou como subprodutos em campos de petróleo.
Muitos produtores de petróleo e gás têm produzido salmouras em campos petrolíferos que podem ser ricas em lítio. Nos Estado Unidos, o mineral foi encontrado em reservas de shale gas, na água produzida como subproduto durante a extração de petróleo e gás natural.
O novo petróleo
Os países do Golfo estão diversificando suas atividades para poder cumprir as metas de descarbonização e seguir com alguma relevância econômica durante o processo de transição energética e a queda da demanda por combustíveis fósseis.
Recentemente, as Zonas Econômicas de Khalifa Abu Dhabi (Kezad Group) e a Titan Lithium, sediada nos Emirados Árabes Unidos (EAU), assinaram um acordo para construção de uma planta de processamento de lítio, com investimentos de US$ 1,36 bilhão.
“O lítio é o novo petróleo e, através deste projeto, estamos posicionando os EAU, e especificamente Abu Dhabi, como um centro fundamental no domínio do processamento de lítio”, disse Vaibhav Jain, fundador e presidente da Titan Lithium Industries, durante a assinatura do acordo.
A planta, desenvolvida em três etapas, produzirá carbonato de lítio e hidróxido de lítio para baterias para fabricantes de baterias de veículos elétricos (EV) em todo o mundo.
Os Emirados Árabes Unidos, como parte do seu compromisso de alcançar a meta de redução das emissões de carbono, anunciaram que aumentarão a participação de veículos eléctricos e híbridos para 50% de todos os veículos vendidos até 2050, intensificando assim a procura de materiais para baterias no país.
500 mil veículos elétricos por ano
Já a Arábia Saudita tem meta de produzir 500 mil veículos eletrificados por ano até 2030.
O país espera deslocar parte da fabricação de hidróxido de lítio, hoje concentrada na China. Atualmente, duas fábricas de processamento do mineral estão em desenvolvimento, e devem entrar em operação em 2026 no país.
Um dos projetos é da startup de lítio australiana, European Lithium, em conjunto com o conglomerado industrial saudita Obeikan Investment Group, cada um, uma participação de 50% na planta.
Com cerca de US$ 400 milhões, a planta utilizará, em um primeiro momento, matéria-prima extraída na Áustria e fornecerá hidróxido de lítio refinado para a BMW.
Outro projeto é desenvolvido pela Arábia Saudita com a EV Metals, fabricante australiana de baterias.