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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Entusiasta da eletrificação, a General Motors International (GM) anunciou, nesta quarta (24/1), que investirá R$ 7 bilhões no Brasil até 2028. Os aportes deverão ser destinados a melhorias na capacidade de produção e desenvolvimento tecnológico, principalmente veículos elétricos, energias renováveis e controle de poluentes.
As informações são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O presidente da GM, Shilpan Amin, e o presidente da empresa para a América do Sul, Santiago Chamorro, estiveram com o presidente Lula (PT) e o vice-presidente e ministro, Geraldo Alckmin (PSB), nesta quarta.
Globalmente, a meta da montadora norte-americana é fabricar apenas veículos elétricos até 2035, com o lançamento de pelo menos 30 modelos.
Os planos para o Brasil ainda não foram detalhados. Por enquanto, a GM não produz eletrificados em solo brasileiro. Os dois elétricos da marca vendidos aqui são importados. Ainda em 2024, outros três novos modelos devem entrar no mercado.
O anúncio da GM chega menos de um mês após o governo brasileiro anunciar mais de R$ 19 bilhões em incentivos fiscais para montadoras fabricarem veículos com menor intensidade de carbono – é o programa Mobilidade Verde (Mover), que substitui o extinto Rota 2030.
Com o programa e o retorno do imposto de importação de carros elétricos, a intenção é incentivar investimentos da indústria automotiva no Brasil, e alavancar a pauta exportadora, enviando esses veículos para países vizinhos na América Latina.
Eletrificação atrasada
As vendas de veículos elétricos e híbridos cresceram 91% no Brasil em 2023, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Foram 93.927 emplacamentos ante 49.245 em 2022. Foi também o primeiro ano em que os modelos plug-in ultrapassaram em vendas os híbridos.
Ainda assim, um estudo da consultoria empresarial A&M indica que, no Brasil, a transição para o veículo elétrico está defasada em cerca de cinco anos em relação aos mercados líderes.
A empresa observa que a indústria automotiva brasileira caminha a passos lentos na adoção de novas tecnologias, o que pode trazer risco ao futuro da indústria nacional.
A lista de riscos inclui capacidade para competir com outros mercados que já estão bem adiantados na fabricação de elétricos e infraestrutura, e a adesão do consumidor brasileiro, considerando que a bateria torna esse tipo de veículo mais caro que o convencional a combustão.
Seguir a rota da eletrificação, por outro lado, pode significar renovação do parque fabril, novas cadeias de valor, empregos e redução nas importações de combustíveis, avalia o think tank Carbon Tracker.
Análise publicada em dezembro de 2023 estima que o Sul global pode economizar até US$ 100 bilhões, por ano, com importações de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel.
Cadeia de suprimentos
Outras montadoras também estão de olho no potencial deste mercado no Brasil.
Em busca de matéria-prima para as baterias de seus veículos eletrificados, Volkswagen e BYD disputam a compra da maior produtora de lítio no país, a Sigma Lithium.
A Volkswagen, maior montadora da Europa, tem como um dos principais objetivos da sua estratégia reduzir a dependência de componentes para veículos elétricos vindos da China.
Um dos gargalos identificados pela companhia é a exploração mineral, que hoje também é dominada por empresas chinesas mundo afora.
Enquanto isso, a chinesa BYD – maior fabricante de carros elétricos do mundo – espera investir R$ 3 bilhões na sua primeira fábrica de elétricos fora da Ásia.
A estratégia é intensificar ainda mais o controle da sua cadeia de abastecimentos e produzir do lítio ao carro elétrico no Brasil.
Cobrimos por aqui:
- BNDES vai buscar participação em empresas da cadeia de veículos elétricos, diz Mercadante
- Stellantis vai fabricar veículos híbridos e 100% elétricos em Pernambuco
- Carros elétricos emitem até 67% menos CO2 que flex, diz estudo
- Combustível do Futuro: indústria deve investir R$ 14 bi em infraestrutura para carros elétricos
Curtas
Navios sustentáveis
O BNDES anunciou, nesta quarta (24/1), a redução de taxas de juros para modernização da frota naval brasileira, dentro do programa “BNDES Azul”. A ideia segundo o presidente da instituição, Aloizio Mercadante, é fomentar a produção de navios nacionais que utilizem combustíveis sustentáveis, com etanol, metanol verde, amônia e hidrogênio verdes.
Emissões em queda
A Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) disse, nesta quarta (24/1), que as emissões de gases de efeito estufa provenientes da geração de eletricidade estão entrando em declínio estrutural à medida que a substituição de fontes fósseis por renováveis ganha ritmo.
Publicado hoje, o relatório Electricity 2024 indica que emissões globais de CO2 da geração devem diminuir mais de 2% em 2024, após um aumento de 1% em 2023. Isso será seguido por pequenas reduções em 2025 e 2026.
Contribuição nuclear
Até 2025, a geração global de energia nuclear deve ultrapassar seu último recorde de 2021 e, junto com fontes renováveis como solar, eólica e hidroelétrica reduzir a participação dos combustíveis fósseis no mix de fornecimento de eletricidade, projeta a IEA.
Solar em MG
A Auren Energia anunciou, nesta quarta-feira (24/1), o início da operação da usina solar fotovoltaica Sol de Jaíba, em Minas Gerais. Estão em funcionamento os dois primeiros módulos, com capacidade de 100,6 MWp. Quando estiver completa, a usina vai ter 629,9 MWp de capacidade instalada, o que a colocaria hoje como a sexta maior fotovoltaica do Brasil. O investimento total é estimado em R$ 2 bilhões.