Energia

Emissões de energia desaceleram em 2022 com expansão de renováveis e veículos elétricos

IEA aponta que as emissões de fósseis devem crescer em cerca de 300 milhões de toneladas para 33,8 bilhões de toneladas em 2022; número representa uma fração de aumento em comparação ao ano passado

Emissões de CO2 da energia desaceleram em 2022 com expansão de renováveis e veículos elétricos. Na imagem, veículos elétricos da Nissan carregando (Foto: Nerijus Jakimavičius/Pixabay)
(Foto: Nerijus Jakimavičius/Pixabay)

BRASÍLIA — Dados recentes da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) mostram que as emissões globais de dióxido de carbono (CO₂) pela queima de combustíveis fósseis devem aumentar pouco menos de 1% em 2022, em relação ao ano passado. 

Neste ano, o crescimento das emissões deve ser de 300 milhões de toneladas, fechando em 33,8 bilhões de toneladas em dezembro, isto é, apenas uma fração do aumento de quase 2 bilhões de toneladas em 2021, quando a IEA registrou o nível de emissões relacionado ao setor energético mais alto de todos os tempos. 

Segundo a agência, a diminuição da intensidade de carbono vem na esteira da expansão das energias renováveis e da implementação de veículos elétricos.

“Sem esse aumento, as emissões globais de CO₂ seriam mais de 600 milhões de toneladas maiores este ano. A rápida implantação de solar e eólica está a caminho de responder por dois terços do crescimento na geração de energia renovável”, diz o relatório.

Somente as energias solar fotovoltaica e eólica correspondem a dois terços do crescimento em geração de energia renovável, registrando um aumento de mais de 700 terawatts-hora (TWh).

Já o incremento de 1% nas emissões foi puxado pela recuperação da crise na economia gerada pela pandemia, aumento da demanda de energia e pelo setor de aviação, à medida que as viagens aéreas se recuperam das baixas da pandemia.

Crise energética

A demanda global por fósseis tem aumentado em meio à crise energética ocasionada pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia. 

O carvão, por exemplo, apresenta maior procura devido ao aumento dos preços do gás natural. As emissões de CO₂ pela geração de carvão devem subir mais de 200 milhões de toneladas, ou 2%, este ano, lideradas pelo crescimento na Ásia.

Para o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, os países passaram a utilizar outras fontes de energia para substituir o gás natural russo. 

O diretor acredita que a busca por substitutos renováveis freou o crescimento de fósseis. “A notícia encorajadora é que a energia solar e eólica estão preenchendo grande parte da lacuna, com o aumento no carvão parecendo ser relativamente pequeno e temporário”, disse.

Emissões avançam na UE e estabilizam na China

A União Europeia (UE), que aumentou a emissão de CO₂ por fósseis em 2022, espera que o crescimento das emissões de carvão em seu território seja temporário. A UE prevê novos projetos renováveis para acrescentar cerca de 50 gigawatts de capacidade energética em 2023. 

Na China, as emissões de CO₂ devem permanecer praticamente estáveis ​​este ano, refletindo os impactos da seca na geração de energia hidrelétrica e as implantações de energia solar e eólica.

O estudo ainda revela que, apesar do embargo da energia hidrelétrica em regiões que sofreram com a seca, a produção dessa energia aumenta a cada ano, contribuindo com mais de um quinto do crescimento esperado em fontes limpas. 

Um outro estudo da Ember Climate, lançado este mês, mostra que a geração mundial de energia renovável cresceu em 416 TWh no primeiro semestre, interrompendo cerca de 4% na geração a partir de combustíveis fósseis.