newsletter
Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
[email protected]
A combinação da expansão do mercado de veículos elétricos com ganhos de eficiência energética nos motores a combustão tem potencial de reduzir as emissões da mobilidade brasileira em 15% a 17,5% em quatro anos, aponta um estudo do ICCT Brasil publicado esta semana.
A organização de pesquisa sobre transporte limpo avalia que o Mover, novo programa de incentivo à eficiência e descarbonização da indústria automotiva tem potencial para alavancar a oferta de modelos elétricos e híbridos no país, considerando os anúncios em investimentos na fabricação nacional.
Desde seu lançamento, em dezembro de 2023, montadoras já anunciaram planos de investimentos no Brasil que somam R$ 130 bilhões, segundo cálculos do governo federal.
No final do mês passado, quando a lei que cria o programa foi sancionada, 89 empresas, em nove estados, já estavam habilitadas para receber os incentivos previstos na política setorial – ao todo, serão R$ 19,3 bilhões de créditos financeiros entre 2024 e 2028.
Para fazer jus ao benefício, as empresas habilitadas precisam cumprir critérios de sustentabilidade e inovação. Não à toa, boa parte dos anúncios feitos pelas montadoras miram híbridos e eletrificados.
“As metas de descarbonização do Mover provavelmente serão atingidas por uma combinação de ganhos de eficiência energética nos veículos com motores a combustão e introdução de novas tecnologias. Em particular, é esperado um aumento da produção nacional de veículos híbridos (HEVs), híbridos plug-in (PHEVs) e veículos elétricos à bateria (BEVs)”, observa o ICCT.
O estudo analisou o potencial de redução de gases de efeito estufa (GEE) em uma série de cenários com combinações de tecnologias veiculares diversas.
Uma das conclusões é que, com o Mover, os veículos elétricos e os híbridos contribuirão fundamentalmente para as metas do novo programa, em contraste com as metas do antigo Rota 2030 – que tinha o foco na eficiência energética.
No cenário com maior potencial de redução de emissões (15-17,5%) os BVEs alcançam um market share de 12% em 2027, associado a reduções de emissões do poço à roda de 9% nos cenários projetados para o período.
A mitigação é superior à alcançada por ganhos de eficiência energética nos veículos à combustão, que representam 73% das vendas.
Já os híbridos e híbridos plug-in, com market shares de 9% e 6%, respectivamente, contribuem para reduções de emissões de 1% e 2%.
“Estes resultados estão em linha com o maior potencial de mitigação dos BEVs no Brasil, que em nossas estimativas emitem de 65% a 67% menos do que veículos a combustão flex no ciclo de vida”, explica o relatório.
Eletrificação de nicho
Há ainda um potencial explorado em segmentos específicos como picapes e compactos que, de acordo com o ICCT, poderia melhorar o grau de descarbonização da mobilidade individual.
“Até 2023, picapes compactas e grandes não contavam com modelos elétricos com vendas acima de 100 unidades. Outros segmentos, principalmente de veículos menores, como compactos e subcompactos, ainda possuem uma oferta limitada de elétricos a bateria”, completa.
Cobrimos por aqui:
- Com imposto sobre elétricos, reforma propõe critérios de sustentabilidade da frota
- Scania anuncia investimento de R$ 2 bi no Brasil com foco na descarbonização
- Mover tem quase 70 empresas habilitadas; veja quais são
- Brasil vai produzir baterias para carros elétricos antes de 2030, aposta ABVE
Curtas
Disputa pelo mercado de elétricos
A China levou a disputa pelo mercado global de veículos elétricos à Organização Mundial do Comércio (OMC), contra os subsídios dados pelos EUA por meio da Lei de Redução da Inflação. O pedido é para que o organismo internacional crie um painel de especialistas para avaliar o que chamou de uso indevido de políticas industriais.
Recentemente, os EUA e a Europa elevaram impostos de importação sobre veículos elétricos chineses, alegando justamente proteção contra subsídios dados pelo gigante asiático. O governo de Joe Biden inclui nas taxas painéis solares e semicondutores. Leia na epbr
Compensação de CO2 na aviação
A Anac publicou, na última semana (12/7), a portaria que detalha como os operadores aéreos internacionais deverão estimar suas emissões para enquadramento no Corsia, o esquema de compensação de emissões do setor. A agência define, entre outras coisas, o que deve conter no plano de monitoramento de emissões, as fórmulas de cálculo e como será o processo de reporte e verificação.
Crise tripla
Oito mudanças globais críticas estão acelerando uma tripla crise planetária de mudanças climáticas, perda de natureza, poluição e desperdício, de acordo com o novo relatório do Pnuma. Divulgado na segunda (15/7), o documento lista a degradação do mundo natural pela humanidade, o rápido desenvolvimento de tecnologias como a IA, a competição por recursos naturais, o aumento das desigualdades e o declínio da confiança nas instituições entre as mudanças que estão criando a chamada policrise.
CRI verde
A Solfácil anunciou a captação de R$750 milhões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) para o financiamento de mais de 22 mil projetos de energia solar distribuída em todo o Brasil. A operação é a segunda da empresa e foi coordenada pelo Itaú BBA e a XP, além da Kanastra como empresa de securitização e administradora. Com a emissão desse segundo CRI verde, a Solfácil já acumula mais de R$1,5 bilhão captados em 2024.
GD remota na Copel
A Companhia Paranaense de Energia concluiu, no início de julho, a colocação em operação dos três complexos de geração fotovoltaica do programa Copel Solar, que permitirá aos clientes assinarem contratos para utilizar os créditos da geração fotovoltaica, no modelo de geração distribuída remota. A empresa estima que a economia com energia pode chegar a 15%. Os três projetos foram executados pela FiberX Renováveis e somam cerca de 19,8 MWp (megawatt-pico) de potência instalada.
Clima e diversidade
Estão abertas as inscrições para o edital audiovisual Sem Justiça Climática Não há democracia, iniciativa da Escola de Ativismo para apoiar a produção de conteúdo relacionada a mudanças climáticas sob perspectivas de pessoas negras, quilombolas, indígenas e não-brancas, assim como de mulheres, LGBTQIAP+, com deficiência e pertencentes a grupos sociais minorizados. Inscrições no site da iniciativa
Desafio de inovação
Radix e IBP promovem a competição acadêmica do iUP Innovation Connection, evento de inovação paralelo à ROG.e voltado para estudantes de graduação ou mestrado. O desafio vai reconhecer as melhores soluções desenvolvidas para a indústria de óleo, gás e energia com o tema Tecnologias de Armazenamento de Energia de Longa Duração. As inscrições são gratuitas e estão abertas até o dia 26 de julho.