Diálogos da Transição

Mercado de baterias cresce, desafios na cadeia de valor também

Consórcio lança primeiros modelos de passaportes de baterias para monitorar o desempenho de sustentabilidade

Demanda por baterias cresce, desafios na cadeia de valor também. Na imagem: Série de carregadores, de diferentes marcas, para veículos elétricos (Foto: Hookyung Lee/Pixabay)
Nos últimos dois anos as vendas de veículos elétricos dispararam – 41% em 2020 e 108% em 2021 (Foto: Hookyung Lee/Pixabay)

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Editada por Nayara Machado
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Estudo da McKinsey Battery Insights projeta que toda a cadeia de baterias de íons de lítio, desde a mineração até a reciclagem, pode crescer em mais de 30% ao ano de 2022 a 2030, quando atingiria um valor de mais de US$ 400 bilhões e um tamanho de mercado de 4,7 TWh.

O impulso vem da crise climática, com governos estabelecendo prazos para substituir os carros tradicionais a combustão por elétricos e montadoras lançando novos modelos no mercado para atender essa mudança no consumo.

Nos últimos dois anos as vendas de veículos elétricos dispararam — 41% em 2020 e 108% em 2021. E a tendência é continuar crescendo.

Executivos da indústria global de automóveis acreditam que, até 2030, os veículos elétricos (EVs) responderão por metade das vendas de automóveis em mercados como Japão, China, Estados Unidos e países da Europa Ocidental, mostra um levantamento da KPMG publicado no início do ano passado.

No Brasil e na Índia, dois grandes mercados, esse número cai um pouco, mas ainda é significativo: 41% e 39%, respectivamente.

Haja lítio

Presente nas baterias de íon de lítio de veículos elétricos e nos sistemas de armazenamento de energia, que servem de base para o despacho de renováveis, o minério deve ver sua demanda crescer vertiginosamente, em mais de 40 vezes até 2040, segundo projeção da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

Há ainda o problema da superconcentração de suprimentos, com Austrália, Chile e China respondendo por mais de 90% da produção global de lítio. Além do descarte: o que fazer com todas essas baterias depois de expirada a vida útil?

Martin Brudermüller, CEO da BASF explica que as taxas de emissões de gases de efeito estufa (GEE) durante a fabricação de baterias convencionais podem crescer cerca de 30% até 2030, mas é possível evitar cerca de 70 bilhões de toneladas de CO2 até 2050 — como? rastreando da fabricação ao descarte.

Ele participou na quarta (18/1) do lançamento dos primeiros modelos de passaportes de baterias da Global Battery Alliance (GBA, na sigla em inglês), durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

O consórcio formado por montadoras, fabricantes de baterias e organizações governamentais e não-governamentais busca monitorar o desempenho de sustentabilidade das baterias elétricas, mensurando a pegada de carbono e a taxa de reciclagem dos materiais.

Três protótipos foram anunciados ao longo do evento, dois modelos da Audi e um modelo da Tesla. A aliança quer estabelecer uma cadeia de valor de bateria sustentável até 2030.

Na prática, os passaportes vão gerar dados sobre o fluxo dos materiais brutos gerenciados durante o processo de fabricação — como o local onde os metais foram extraídos e refinados e até como as células da bateria foram feitas. Tanto os proprietários dos veículos elétricos quanto as empresas poderão ter acesso ao armazenamento. Leia a cobertura de Millena Brasil

Cobrimos por aqui:

Paraná tenta atrair fábrica de motores elétricos

No Brasil, a multinacional chinesa BYD estuda instalar uma fábrica de motores elétricos no Paraná. O vice-governador do estado, Darci Piana, e o presidente da BYD, Tyler Li, se reuniram na última semana para negociar a instalação de uma unidade de produção de controladores, veículos elétricos e híbridos plug-in da montadora.

Segundo informações do governo do Paraná, o local escolhido para a instalação será o município de Campo Largo, em Curitiba, onde se situava a planta da indústria Stellantis, responsável pela fabricação de motores da Fiat. A visita técnica da unidade pela BYD acontecerá em fevereiro deste ano.

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Eólica e solar

A portuguesa EDP Renováveis inaugurou sua primeira central híbrida que combina um parque solar com um parque eólico no mesmo local. A central de médio porte localizada a cerca de 300 km a nordeste de Lisboa será também um estudo de caso para projetos semelhantes nos outros 29 países onde a companhia opera, como Brasil, Polônia, Itália e Estados Unidos. Reuters

A geradora de energia SPIC Brasil fechou contrato de financiamento de R$ 282,2 milhões com o Banco do Nordeste (BNB) para os parques eólicos Pedra de Amolar I e II e o Paraíso Farol II, localizados no município de Touros, no Rio Grande do Norte. Ao todo, as novas Centrais de Geração Eólica, que são projetos greenfield, terão, aproximadamente, 105 MW de capacidade instalada.

E ainda, no antessala de hoje… até o momento, ataques criminosos já derrubaram quatro torres de transmissão, desde os atentados às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro. 

A Aneel contabiliza outras 12 torres danificadas e o governo prometeu reforço na segurança do SIN, convocando uma força-tarefa para prevenir e punir ações como estas.

Os recentes acontecimentos também se somam aos ciberataques, que se intensificaram desde 2020, com ocorrências contra a Copel, Eletrobras, Enel, Energisa, Light e EDP.

Convidados discutiram o quão seguro e preparado é o sistema elétrico brasileiro, e quais os desafios diante do aumento crescente de ataques.