O presidente eleito Lula (PT) anunciou nesta quinta (29/12) a lista final de sua equipe ministerial e confirmou Alexandre Silveira no Ministério de Minas e Energia. O senador mineiro chega ao primeiro escalão do governo Lula, após um acordo que envolveu lideranças do seu partido, o PSD de Gilberto Kassab, e aliados no Senado.
Um dos organizadores da campanha vitoriosa do petista sobre Bolsonaro (PL) em Minas Gerais — colégio eleitoral prioritário no segundo turno — Alexandre Silveira era apontado desde o fim das eleições como um futuro ministro de Lula.
Chegou a ser apontado como nome forte para o Ministério dos Transportes — um desmembramento do atual Ministério da Infraestrutura. Márcio França (PSB), por sua vez, foi anunciado para a pasta de Portos e Aeroportos, o segundo braço da divisão do Minfra.
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Antes da aliança com Lula, Silveira chegou a ser convidado para a liderança do governo Bolsonaro no Senado, em substituição a Fernando Bezerra (MDB/PE), mas rejeitou. O cargo acabou com Carlos Portinho (PL/RJ).
Após a vitória de Lula, o senador foi indicado para o grupo de Infraestrutura no gabinete de transição. Participou de reuniões com a pasta e as agências vinculadas, como ANTT (transporte terrestre) e Anac (aviação civil).
Autor da PEC dos Combustíveis
As pautas mais importantes para o parlamentar são do setor de mineração. Fez carreira política na região do Vale do Aço em Minas Gerais.
Aliado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSB/MG), o futuro ministro de Minas e Energia era suplente de Antonio Anastasia (PDS). Assumiu a vaga depois da nomeação de Anastasia como ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), em fevereiro.
Rapidamente, buscou espaço, diante do prazo apertado para emplacar sua candidatura à reeleição no Senado. Foi um dos articuladores do que viria a ser a PEC dos Combustíveis — uma das medidas do Congresso Nacional, tocadas pela base de Bolsonaro, para reduzir os preços e elevar as chances de reeleição do atual presidente, derrotado nas urnas.
Silveira chegou a fazer uma tentativa de convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do então presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, ao Senado em razão dos preços dos combustíveis da companhia. Falava em “convulsão social” causada pela estatal.
José Mauro acabou demitido, pela insatisfação de Bolsonaro com os preços da empresa.
A PEC incluía a expansão do Gás para os Brasileiros (auxílio proporcional ao preço do GLP) e um auxílio temporário de R$ 1.200 aos caminhoneiros autônomos. O texto foi proposto com Carlos Fávaro (PSD/MT), que se aproximou de Lula, fez pontes com o agronegócio e foi confirmado nesta quinta como futuro ministro da Agricultura.
Identificado como “o senador de Lula em Minas”, Silveira foi derrotado pelo bolsonarista Cleitinho Azevedo (Republicanos) nas eleições deste ano. Mesmo assim, desempenhou papel importante na articulação de palanque eleitoral petista no estado, onde Lula ampliou sua votação entre o primeiro e o segundo turnos.
Dando continuidade ao papel de interlocução entre o novo governo e o Senado, foi relator da PEC da Transição, promulgada na semana passada.
Alexandre Silveira também é braço direito de Pacheco. Foi coordenador da campanha do atual presidente do Senado em 2018. Pacheco, por sua vez, busca o apoio da base do novo governo na reeleição ao comando da Casa, em fevereiro do ano que vem.
Técnico em contabilidade, advogado e delegado de polícia, Silveira foi indicado para o cargo de diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em 2004, no primeiro governo Lula. Função que ocupou até 2006.
Antes disso, em 2002, disputou a eleição para deputado federal pelo PL, atual partido de Bolsonaro, mas não se elegeu.