Combustíveis e Bioenergia

"Não adianta jogar bomba na mão dos governadores", defende deputado que lidera frente dos caminhoneiros

"Os caminhoneiros estão de luto, pois Jair Bolsonaro cometeu uma fraude eleitoral", afirma Nereu Crispim

Auxílio de R$ 400 compra 83 litros de diesel e não convence caminhoneiros
Deputado federal Nereu Crispim (PSL/RS), em sessão na Câmara dos (Cleia Viana, da Agência Câmara)

BRASÍLIA – O presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros, Nereu Crispim (PSD/RS), defende que a estratégia adotada pelo governo federal, de pressionar os estados a reverem o ICMS, não irá segurar os aumentos dos preços dos combustíveis.

“Não adianta jogar a bomba na mão dos governadores através da mentira que a diminuição da alíquota do ICMS é a solução, quando sabemos que logo à frente será sempre engolida pelas variações sucessivas do dólar e do barril de do petróleo”, disse o deputado por meio de nota.

A Advocacia Geral da União ajuizou nesta sexta (13) um ação de inconstitucionalidade e um pedido de liminar para suspender a regulamentação do Confaz sobre a Lei Complementar 192/22.

O governo alega que o convênio desobedece a legislação aprovada pelo Congresso Nacional e adapta a carga tributária para manter a arrecadação dos estados.

Segundo Crispim, a ação do governo federal é “para ganhar tempo e escolher outro fantoche para boi de piranha, para justificar sua incompetência e promessa não cumprida”.

A própria Frente Parlamentar também judicializou o assunto com uma ação civil pública para suspender os aumentos dos combustíveis em março — que envolveu gasolina, diesel e GLP.

Os caminhoneiros argumentam que o aumento dos preços foi um atentado à ordem econômica e aos direitos fundamentais do consumidor.

Categoria avalia nova paralisação

Com o último reajuste de 8,8% no diesel no início da semana, lideranças da categoria avaliam a possibilidade de mais uma paralisação nacional em protesto contra os aumentos e contra a política de preços da Petrobras.

Nos últimos dias, vídeos dos preços dos abastecimentos feitos por caminhoneiros têm viralizado nas redes sociais — o que inflamou as articulações por mais protestos.

Não há ainda uma definição sobre uma nova greve, entretanto.

Assim como os governadores, os caminhoneiros defendem a criação de um fundo estabilizador dos preços dos combustíveis. Além disso, querem a criação por lei de uma política de preços que, na prática, acaba com o PPI da Petrobras.

A Frente defende a aprovação do PL 750/21, de autoria do próprio Nereu Crispim, mas o assunto também é tratado no PL 1472/21, que já passou pela aprovação do Senado e atualmente segue parado na Câmara.

“Os caminhoneiros estão de luto, pois Jair Bolsonaro cometeu uma fraude eleitoral. Antes das eleições de 2018, durante a paralisação da categoria, o então candidato gravou vídeos assumindo compromisso de apoiar as pautas elencadas naquela paralisação, sendo uma das principais, a mudança da política de preços dos combustíveis, se fosse eleito”, categorizou o deputado.

“Auxílio-combustível já!”

Ao desautorizar antecipadamente o reajuste no preço do diesel da Petrobras, Jair Bolsonaro (PL) reforçou aos parlamentares da base o aval por novas medidas de controle de preços dos combustíveis em 2022, ano eleitoral.

Desde o ano passado, a ala política do governo — e base de apoio do centrão — pressiona por subsídios para conter os efeitos da inflação.

O resultado dessa pressão, até agora, foram o vale-GLP e a aprovação da desoneração dos combustíveis — com a aprovação do PLP 11, que mirava também o ICMS, mas não teve resultado esperado.

“A alta dos combustíveis, infelizmente, é uma realidade que não dá trégua, afetando, principalmente, os mais pobres e algumas categorias especificamente”, publicou no Twitter o deputado federal Christino Áureo (PP/RJ).

“Enquanto não há condições para reduzir o preço para todos, é importante que as categorias — cujo trabalho depende do uso de gasolina, diesel, GNV para realizar sua função — sejam atendidas em caráter emergencial”, defende.

Em março, Áureo apresentou um projeto na Câmara dos Deputados para subsídio dos combustíveis, incluindo a princípio todos os derivados além da gasolina, na lei 14237/2021 — que criou o Gás dos Brasileiros, a partir de um projeto de Carlos Zarattini (PT/SP).

Áureo está longe de ser um deputado da oposição. Trabalhou por diversos projetos de interesse da equipe econômica, como a aprovação da Nova Lei do Gás.