newsletter
Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
[email protected]
Ainda sem data para lançamento, a nova fase do programa de fomento da indústria automotiva Rota 2030 terá R$ 270 milhões para inovação e eficiência energética na cadeia de autopeças, anunciou nesta terça (21/11) o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB).
Os recursos não reembolsáveis virão do Senai e da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial).
É o segundo aporte do tipo no programa que deve passar a se chamar Mover – Mobilidade Verde.
No final de outubro, MDIC e BNDES assinaram um acordo de cooperação para incluir o banco de desenvolvimento entre os operadores dos fundos dos Programas Prioritários do Rota 2030, destinando R$ 200 milhões para descarbonização automotiva.
Durante evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça, em Brasília, Alckmin disse que o Brasil tem uma série de possibilidades para descarbonização do setor automotivo, desde o uso de biocombustíveis como etanol, biodiesel e diesel verde, até a adoção de tecnologias de eletrificação.
“A lei do Combustível do Futuro abre um leque de opções: o etanol podendo chegar a 30% da gasolina, o biodiesel podendo chegar a 20%, o diesel verde, o SAF (combustível sustentável de aviação)”, disse o ministro.
- Combustível do Futuro: indústria deve investir R$ 14 bi em infraestrutura para carros elétricos
Projetos estruturantes para a indústria
Dos recursos anunciados hoje, R$ 133 milhões deverão apoiar projetos estruturantes. Senai e Embrapii publicarão um edital para selecionar propostas – de R$ 10 mil a R$ 60 mil – que envolvam alianças entre empresas e institutos de pesquisa.
Indústria 4.0, digitalização, eletrificação e pequenas e médias empresas de tecnologia automotiva ficarão com o restante da fatia.
A visão é que a indústria automotiva precisa se reinventar para ser competitiva no cenário de transição energética, além de se posicionar no mercado internacional garantindo o espaço dos biocombustíveis.
“Estamos nos reinventando. Não só pelo carro elétrico, que é o mais falado. Nosso Brasil tem peculiaridades e merecemos investir mais em tecnologias. Fomos um desbravador do carro flex, existe o carro híbrido, temos uma cadeia produtiva à jusante do agronegócio que nos permita dar bastante atenção à célula de hidrogênio à base de etanol”, defende Ricardo Alban, presidente da CNI.
Alban destacou que a tecnologia do hidrogênio requer altos investimentos, mas acredita ser possível desenvolver esse setor, pelo potencial de aproveitamento de recursos do país.
Citando os projetos da Shell para produção de bioenergia a partir do agave e as pesquisas para produção de diesel verde com macaúba, o executivo disse que o Brasil tem uma vasta lista de opções para criar uma matriz automobilística compatível com as demandas e particularidades nacionais.
Cobrimos por aqui:
- Governo planeja impulsionar exportações de veículos com segunda fase do Rota 2030
- FGVces e Unicamp vão calcular pegada de carbono de carros fabricados no Brasil
- Novo Rota 2030 pretende intensificar produção nacional de veículos elétricos
- Rota 2030 e Proconve vão definir ritmo da eletrificação brasileira
RenovaBio na mira
Enquanto isso, distribuidoras levam proposta de reforma do RenovaBio ao MDIC. Um grupo formado pelas maiores distribuidoras do país retomou oficialmente a agenda de mudanças do RenovaBio, programa de descarbonização do setor de combustíveis.
A proposta é transferir a obrigação de compra de CBIOs para as refinarias e mudar a natureza dos créditos, para tranformar o programa em um mercado regulado de carbono compatível com outros setores.
A proposta foi entregue a Uallace Moreira Lima, secretário de Desenvolvimento Industrial do MDIC, na segunda (20/11), pela frente batizada de Movimento + Bio, formada por Vibra, Ipiranga, e a Brasilcom, federação que representa mais de 40 empresas com atuação regional.
É a retomada de uma agenda discutida no fim do governo de Jair Bolsonaro, quando o ex-ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida apoiou a iniciativa e tentou editar uma medida provisória para reforma do programa RenovaBio.
Ele enfrentou resistência do agronegócio e a ideia foi engavetada com a eleição de Lula. Leia na epbr
Curtas
Ônibus elétrico no fundo soberano
Parte dos R$ 10 bilhões captados com o primeiro bônus soberano sustentável emitido pelo Brasil na semana passada deverá financiar duas frentes de negócios verdes: a eletrificação de frotas de ônibus de transporte urbano e o reflorestamento de áreas degradadas.
O governo tem 24 meses para alocar os recursos e terá de prestar contas disso anualmente aos investidores. Segundo apurou o Reset, a primeira destinação que o Ministério da Fazenda estuda é o Fundo Clima, gerido pelo BNDES. A partir daí, o banco de desenvolvimento usaria o dinheiro como funding para linhas de financiamento verdes.
Hidrogênio verde do Piauí com financiamento europeu
A presidente da Comissão Europeia confirmou, nesta segunda (20/11), o aporte de 2 bilhões de euros para financiar a produção de hidrogênio verde no Brasil. Parte dos recursos serão destinados a um projeto da Green Energy Park, no Piauí.
Logística para eólica offshore
Único terminal offshore do mundo criado para exportação de sal a granel, o Porto-Ilha de Areia Branca planeja expandir sua área de atuação para apoiar a logística de equipamentos que desembarcarão no Rio Grande do Norte para implantação dos futuros parques eólicos offshore.
A 20km da costa de Areia Branca, o porto tem planos de duplicar a área de 38 mil metros quadrados da ilha artificial e adquirir guindastes de 500 a 700 toneladas para movimentação de peças.
Eletrificando voos regionais
Azul Conecta e Surf Air Mobility anunciaram nesta terça (21/11) um acordo de colaboração para desenvolver e comercializar aviões com motores elétricos. A tecnologia será aplicada à frota de Cessna Caravan, um modelo de aeronave com 14 lugares, também usado no frete aéreo.