Biocombustíveis

Indústria de combustíveis protesta contra novas regras da UE para veículos pesados

De acordo com a FuelsEurope, organização que tem como associadas as principais majors de óleo e gás, proposta restringe atuação das indústrias de combustíveis

Indústria de combustíveis protesta contra novas regras da UE para veículos pesados. Na imagem: Caminhão elétrico conectado a carregador em estação da bp com capacidade para atender mais de 20 caminhões, por carregador, por dia (Foto: Divulgação/bp)
(Foto: Divulgação/bp)

BRASÍLIA — A associação dos produtores europeus de combustíveis pressiona para que a União Europeia altere sua proposta de padrões de emissões mais rígidos para veículos pesados, por induzir a destruição da demanda por combustíveis líquidos.

De acordo com a FuelsEurope, organização que tem como associadas as principais majors de óleo e gás, as novas metas restringem atuação das indústrias de combustíveis e trazem riscos aos investimentos.

No último mês, a UE propôs atualização dos padrões graduais para a mitigação de dióxido de carbono (CO2) no setor de transportes: 45% de redução de emissões a partir de 2030; 65% a partir de 2035; 90% a partir de 2040 em relação aos níveis de 2019.

Segundo a FuelsEurope, a proposta obriga os fabricantes a passarem quase inteiramente para veículos a bateria e células de combustível a partir de 2040 e encerra o mercado de combustíveis líquidos renováveis para o transporte pesado.

Hoje, cerca de 98% dos ônibus e caminhões funcionam com combustíveis líquidos, o que permite uma autonomia de 1500 quilômetros e segurança maior de abastecimento, diz a organização.

Em contrapartida, apenas 1% dos caminhões elétricos ou a célula a combustível estão em operação em todo o mundo, considerando os projetos-piloto. “Os veículos abastecidos com 100% de energia renovável ​​podem reduzir os gases de efeito estufa (GEE) na mesma proporção que os motores a bateria elétrica”, defende o grupo.

O diretor-geral da FuelsEurope, John Cooper, comentou que a política de transição traz incertezas quanto à infraestrutura de carregamento elétrico e criticou a retirada dos combustíveis renováveis como solução para a redução de CO2.

“Dadas as vantagens adicionais de alcance, armazenamento de energia e disponibilidade de infraestrutura, é difícil entender como essa opção pode ser excluída, dada a clareza da justificativa científica. A resposta certa certamente é ver todas essas tecnologias como complementares, não em competição”.

Também argumenta  que a UE corre o risco de perder investimentos maciços ao destruir a demanda por combustíveis líquidos renováveis.

Biocombustíveis como alternativa

Uma parte significativa das empresas associadas à Fuel Europe está investindo no biorrefino para produção de combustíveis sustentáveis, entre eles, o diesel verde para o transporte rodoviário. Existem pelo menos 28 projetos em andamento na Europa.

“Com os biocombustíveis sustentáveis ​​representando já 7% de todos os combustíveis rodoviários, muito mais do que os caminhões elétricos, a indústria de combustíveis tem potencial para aumentar a produção e atingir até 150Mt/ano”, defende a organização.

Segundo a instituição, o valor é suficiente para atender aos padrões de sustentabilidade definidos na Diretiva de Energia Renovável da UE.

Também afirma que o transporte rodoviário europeu será o setor mais impactado pelas novas medidas, prejudicando o serviço de entregas, que opera em período intermitente.

Em resposta ao regulamento da Comissão Europeia, o qual a FuelsEurope considera uma “vitória da política sobre a ciência”, as indústrias do setor de combustíveis estão desenvolvendo estratégias próprias de transição, a partir de tecnologias e matérias-primas europeias.

Associações e representantes do setor  estudam a viabilidade das propostas rejeitadas pela Comissão Europeia para os transportes pesados, tais como: o fator de correção de carbono, créditos de combustíveis de baixo carbono e o uso exclusivo de combustíveis neutros em carbono.