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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 12/01/22
Apresentada por
Editada por Gustavo Gaudarde e Gabriel Chiappini
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A emissão de títulos verdes e outros instrumentos de dívida certificados pela Climate Bonds Standard da CBI – Climate Bonds Initiative atingiu US$ 53,9 bilhões no ano passado, com destaque para o financiamento da infraestrutura de transporte.
Projetos classificados como transporte de baixo carbono tiveram a maior participação de certificações com 39% do volume total, seguido por projetos em 2 ou mais setores (28%), energia (17%) e construção (14%).
Na América Latina, o destaque ficou para as emissões de títulos soberanos pelo Chile — único país a emitir papéis soberanos na América Latina.
Ao todo, foram captados US$ 1,4 bilhões alocados em projetos especialmente de linhas de metrô e de construção civil de baixo carbono.
O operador do metrô de Paris, na França, Société du Grand Paris (SGP) foi o maior emissor de títulos certificados no ano passado com US$ 7,62 bilhões.
A renovação da linha metroviária da capital francesa espera tornar a malha carbono positivo entre 2026 (melhor cenário) e 2031 (pior cenário). Quando o metrô estiver concluído, isso permitirá uma economia de 755 mil a 1,3 milhão de toneladas de CO2 equivalente por ano.
Na China, o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) levantou US$ 3,2 bilhões para investimentos em transporte terrestre e marítimo de baixo carbono, e energia solar e eólica. Já o Banco estatal de Desenvolvimento da China captou mais de US$ 6 bilhões para proteção ambiental da Bacia do Rio Amarelo, considerado o berço da civilização chinesa.
O balanço de 2021 diz respeito às certificações próprias pelo Climate Bonds Standard e não representa o mercado global de green bonds — mas ajuda a entender tendências no financiamento climático, especialmente de indústrias muito poluentes.
Em 2021, a CBI lançou critérios para certificação verde de projetos em cinco novos segmentos: Grids e Armazenamento; Energia Hidrelétrica; Bioenergia; Geotérmica e Transporte.
Para este ano, a entidade espera estabelecer padrões para algumas das principais indústrias emissoras de CO2: Química, Siderúrgica e Cimenteira.
A CBI acredita que o crescente mercado de títulos de transição como os Sustainability-Linked Bonds (SLB) são um próximo passo vital, permitindo que as indústrias intensivas em carbono tenham maior acesso ao capital do investidor para apoiar caminhos de baixo carbono em setores e atividades difíceis e caros de reduzir.
“Isso representa a evolução contínua na rotulagem de instrumentos financeiros para incentivar o investimento em larga escala em direção a zero líquido”, avalia Kidney.
Os critérios de químicos básicos, aço e cimento serão considerados pelo Climate Bonds Standards Board antes de serem submetidos a consulta pública A primeira deverá ser sobre substâncias químicas, programada para ser aberta em fevereiro.
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Caso tenha perdido… Uma ação popular movida na Justiça Federal de Porto Alegre (RS) tenta reverter a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de 2021, que reduziu a mistura obrigatória de biodiesel para 10%, para todo o ano de 2022. Veja os detalhes
Em caso de sucesso, o efeito prático é obrigar distribuidoras a adquirir biodiesel suficiente para a mistura de 14%, a partir do 2º bimestre deste ano.
É questionado o fundamento técnico da decisão do CNPE, que tratamos aqui: B10 foi meio-termo; Economia queria 6% de biodiesel na mistura obrigatória de 2022
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A ExxonMobil comprou 49.9% da Biojet AS, empresa da Noruega, que aposta no aproveitamento de rejeitos em biocombustíveis e insumos.
A ExxonMobil garante, ao entrar na Biojet, a entrega de 3 milhões de barris de biocombustíveis por ano, a partir de 2025. E mira os mercados norueguês e de outros países da Europa.
A divisão de negócios de soluções de baixa emissões de carbono da ExxonMobil foi inaugurada em 2021. No downstream, aposta em diesel renovável e em outras rotas para suprimento de biocombustíveis; e no upstream, tem um grande foco em captura de carbono.
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Por aqui, Furnas lançou o edital do segundo leilão de cessão de certificados de energia renovável, uma alternativa de receita da subsidiária da Eletrobras, que é uma das principais geradoras do país. Será em 17 de fevereiro (veja as regras).
A comercialização de certificados de energia limpa, os I-RECs, são alternativas de compensação das emissões por transferência de renda para geradores de renováveis, para compensação de emissões indiretas — o escopo 2, do GHG Protocol reconhecido no Brasil. Cada certificado equivale a 1 MWh de energia renovável gerada.
Neste segundo leilão, serão três tipos: I-RECs de fonte hídrica para comercializadores (sem aposentadoria) e para consumidor final (com aposentadoria). Além disso, Furnas vai ofertar RECFY, certificados de uma plataforma própria da companhia – os I-REC são certificados pelo Instituto Totum.
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