BRASÍLIA – A empresa de logística Braspress incluiu 30 veículos elétricos na sua frota que faz entregas pela cidade de São Paulo e, em um ano, economizou mais de 40 mil litros de combustível. De acordo com a transportadora, os elétricos apresentam, em média, um custo por quilômetro cerca de 30% menor em comparação aos veículos tradicionais.
“Notamos uma considerável redução no consumo de combustível. Além disso, os custos de manutenção também foram reduzidos”, comenta o diretor de frotas da Braspress, Urubatan Helou Jr.
Em 2022, os automóveis da marca JAC Motors percorreram quase 37 mil quilômetros, evitando a emissão de 210 toneladas de CO2.
O diretor explica que, além da redução dos danos atmosféricos causados pela queima de combustíveis fósseis, a adoção de frotas eletrificadas, por sua vez mais silenciosas, também auxilia na mitigação da poluição sonora em áreas urbanas.
“Ter metrópoles com menores níveis de ruído é uma das vantagens da eletrificação que poucos conseguem compreender”, avalia.
“Os motores elétricos são mais silenciosos do que os motores a combustão, que acabam produzindo ruídos durante o funcionamento. É uma melhoria ao meio ambiente e à qualidade de vida dos cidadãos”, justifica.
Testes de conceito
Acompanhando o avanço das metas de descarbonização assumidas globalmente, a Braspress está testando veículos elétricos como parte da logística e pretende acelerar o número de eletrificados utilizados nos próximos anos.
“Eu vejo o mercado de elétricos evoluindo de uma forma muito rápida. Com as metas estabelecidas lá fora, provavelmente daqui a seis meses esse cenário será transformado drasticamente. Nos próximos sete ou oito anos, no máximo, toda a distribuição da empresa será feita por veículos elétricos”, projeta o diretor.
A empresa também conta com um caminhão leve movido a gás, mas não pretende expandir os veículos com essa tecnologia.
Para Helou Jr, “o problema do veículo a gás é a falta de infraestrutura e demanda do próprio produto”. E as empresas estão reconsiderando a ideia de usar gás como alternativa para a descarbonização.
“Hoje observo que o gás não é uma alternativa para a descarbonização. Pelo menos, não é o que se pensa lá fora e nós estamos seguindo uma linha que esteja de acordo com as grandes montadoras, distribuidores e fornecedores de energia”, explica.
Hubs de recarga
A infraestrutura de carregamento nas cidades ainda é um dos impasses para a adoção de frotas movidas a bateria.
Para a iniciativa da Braspress, foram instalados pontos de recarga e softwares para mensurar o consumo energético. Os veículos são abastecidos na capital paulista, em local onde também são realizados o armazenamento, entrega e coleta das encomendas.
Com um número mais significativo de veículos elétricos em operação, a transportadora estuda otimizar o sistema de logística e abastecimento para o futuro.
“A escolha por implementar 30 veículos foi para testar a operação e a logística de abastecimento em maior escala”, diz Helou Jr. “É o suficiente para otimizarmos nossa operação para que em 2025, quando começar a fazer diferença, a gente esteja pronto para isso.”
Incentivos
O governo discute os últimos detalhes do programa Combustível do Futuro. A medida tem como objetivo combater as emissões de gases do efeito estufa do setor de transportes e vai integrar algumas políticas públicas, como o RenovaBio e o Rota 2030.
A previsão é que a segunda fase do Rota 2030, iniciativa para impulsionar a eficiência energética e estimular investimentos em P&D, seja apresentada em agosto deste ano.