BRASÍLIA – O presidente da Bolívia, Luis Arce, sofreu nesta quarta (26/6) uma tentativa de golpe liderada pelo ex-comandante do Exército Nacional, Juan José Zúñiga, e tropas amotinadas que invadiram o palácio presidencial, ocupando com tanques de guerra a Plaza Murillo, em La Paz.
“O país está enfrentando uma tentativa de golpe de estado”, declarou Arce, ao lado de todo o gabinete ministerial, após deixar o local do confronto. Imagens transmitidas pela imprensa local mostram um momento em que Arce encara pessoalmente as tropas amotinadas.
Juan José Zúñiga foi destituído por Arce na terça (25).
Em um ato simbólico, Arce fez uma cerimônia de posse de toda a cúpula militar, recebendo apoio dos chefes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Os ataques ao palácio presidencial ocorrem em um momento de crise entre o atual governo e o ex-aliado de Arce, Evo Morales. A Bolívia está politicamente fragilizada desde a iniciativa de Morales de tentar o retorno à Presidência.
Ambos são do Movimiento al Socialismo (MAS), principal partido de esquerda do país.
Luís Arce foi eleito em 2020, permitindo o retorno de Morales do exílio, após a tentativa fracassada de permanecer no poder, em uma terceira reeleição. Acabou derrubado por militares.
“Isto parece indicar que prepararam o golpe de estado com antecedência. Peço ao povo com vocação democrática que defenda a pátria de alguns grupos militares que agem contra a democracia e o povo”, publicou Morales nas redes sociais.
Ele denunciou que o movimento teria partido de uma reação à sua intenção de retornar ao poder.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto com ministros, entre eles o chanceler Mauro Vieira.
“Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão, presidido por Luis Arce”, afirmou o presidente.
“O governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”, afirmou o Ministério de Relações Exterior (MRE) brasileiro.
A tentativa de golpe levou a uma onda de declarações de apoio ao governo de Luis Arce na América Latina.
“Aparentemente continua um amotinamento de algumas unidades do Exército Nacional, encabeçadas pelo ex-comandante do exército, que tomaram as instalações do térreo do edifício do Capitólio na Bolívia. Não se sabe quais seriam suas intenções (…)”, afirmou o representante permanente do país na Bolívia na Organização dos Estados Americanos (OEA), Héctor Enrique Arce.
As tropas amotinadas agiram durante a reunião de Diálogos dos Chefes de Delegação com Observadores Permanentes na OEA.