O novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, tomou posse nesta terça (16) com a missão de atender às prioridades do governo para o banco, devolvendo recursos para a União e vendendo ações detidas em empresas públicas e privadas. “BNDES será menos banco e mais desenvolvimento”, afirmou Montezano.
Os desembolsos do banco serão mantidos em um patamar de R$ 70 bilhões por ano. “Isso ainda é bastante dinheiro”, afirmou o executivo, defendendo que o BNDES vai “impactar muito mais do Brasil do que o que ele fez nos últimos anos”, apesar dos desembolsos historicamente baixos.
A prioridade de Montezano deverá ser, contudo, devolver recursos para a União. É a diretriz do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Esse ano, o BNDES devolveu ao Tesouro Nacional R$ 40 bilhões no primeiro semestre e tem como meta realizar transferências de mais R$ 86 bilhões até o fim do ano, totalizando um reforço no caixa da União de R$ 126 bilhões.
Patamar de desembolso é o mesmo desde 2016
Manter o nível de reembolsos do BNDES em R$ 70 bilhões por ano significa, na prática, manter o patamar praticado em 2017 e 2018, durante o governo de Michel Temer.
O BNDES empresta cada vez menos desde 2013, quando atingiu um pico de R$ 190 bilhões, chegando a US$ 69 bilhões em 2018. Todos os setores, com exceção da agricultura, demandaram menos recursos do banco.
Tanto Guedes quanto Montezano citaram como prioridades o setor de saneamento. “O BNDES continuará ativo, principalmente em infraestrutura e saneamento”, afirmou o novo presidente do banco.
“Há 40 mil crianças que morrem no Brasil por falta de saneamento”, destacou Guedes.
Privatizações e venda de ações
“Montezano passou 6 meses com o Salim fazendo programa de privatizações (…) vamos acelerar as privatizações”, afirmou Paulo Guedes, em referência ao trabalho anterior de Montezano no governo, junto com Salim Matt, secretário especial de Desestatização e Desinvestimento.
Além do apoio aos programas de privatização do governo, Montezano destacou o BNDES vai liquidar as suas participações em empresas públicas e privadas.
Considerando apenas empresas com capital aberto, o valor de mercado das ações dos BNDES em 37 empresas é de mais de R$ 106 bilhões. A maior delas é a Petrobras, com 13,9% do capital detido pelo BNDES e valor de R$ 53 bilhões. Considera as posições no fim do 1º trimestre deste ano.
“Caixa-preta”
Tema preferido de Bolsonaro ao tratar do BNDES, a chamada “caixa-preta” do banco ganha outros contornos nas palavras de Montezano. “O que a gente está se propondo a fazer é explicar a “caixa-preta”. Há uma duvida clara sobre o que há ou não no BNDES”, afirmou o novo presidente.
Bolsonaro nunca esclareceu o que é a “caixa-preta”, mas as suas referências são os contratos fechados nos governos do PT, em especial, no exterior. O rito de aprovação de desembolsos e suspeitas de interferência de governos anteriores também são alvo de uma CPI na Câmara dos Deputados.
Segundo Montezano, “cada um me conta uma informação diferente da mesma história. Ao final de dois meses, quero ser capaz de explicar esse conjunto de regulações, empréstimos, perdas financeiras que contextualizam a “caixa-preta”. O que sairá desse estudo, eu prefiro não comentar agora. Prefiro fazer o dever de casa e qualificar esse tema”.