BRASÍLIA — As montadoras de luxo alemãs Audi e Porsche anunciaram esta semana uma parceria com a Raízen para investir cerca de R$ 24 milhões na instalação de 20 carregadores rápidos, prioritariamente em postos da Shell, até 2024, no programa Shell Recharge.
A rede de recarga será formada por carregadores de 150 kW, que alimentam 80% da bateria em aproximadamente 30 minutos.
A parceria para ampliar a rede de eletropostos é uma estratégia de incentivo ao mercado de eletrificados, em crescimento no Brasil. Ao mesmo tempo, o interesse das montadoras de luxo sinaliza o perfil de consumidores dos carros elétricos no país.
A Audi tem o 9º eletrificado mais vendido no Brasil, de acordo com ranking da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). O modelo Q5 pode variar de R$ 388 mil a R$ 450 mil. Já o Cayenne, da Porsche, com versões de R$ 629 mil a R$ 659 mil, é o 10° mais vendido.
A título de comparação, os carros populares (motores a combustão) ficam na faixa de R$ 65 mil a R$ 90 mil.
Os projetos de eletrificação das duas montadoras somam mais de R$ 60 milhões no país. No final de 2021, a Audi anunciou R$ 20 milhões para eletrificação integral de sua rede de mais de 40 concessionárias, que passaram a disponibilizar o carregador de 150kW aos clientes. Em 2022, 30 concessionárias em todas as regiões do Brasil inauguraram eletropostos.
A Porsche aportou, até o momento, R$ 32 milhões na construção de um ecossistema de soluções de carregamento.
Segundo a empresa, mais de 708 carregadores AC foram instalados em residências de clientes das linhas Panamera (que custa acima de R$ 600 mil) e do esportivo elétrico Taycan (mais de R$ 700 mil). Outros 172 carregadores foram instalados em pontos de conveniência como hotéis e restaurantes e estabelecimentos.
Aumento da infraestrutura de recarga eleva confiança
Dados da ABVE apontam para uma expansão de 50% nos emplacamentos de carros elétricos no primeiro trimestre de 2023, em comparação com mesmo período de 2022. Foram 14.787 unidades vendidas, entre janeiro de março deste ano.
O interesse do consumidor brasileiro pelos modelos elétricos plug-in (que podem ser recarregados por conector externo) também está aumentando. Dos 5.989 emplacamentos de março, 2.172 foram de PHEV (elétricos híbridos plug-in) e 587 de BEV (elétricos 100% a bateria), totalizando 2.750 veículos plug-in no mês.
“Esse total indica um crescimento expressivo de 194% desse segmento na comparação com o total de 939 elétricos plug-ins leves comercializados em março de 2022”, explica a associação.
“Tais números são muito representativos para o mercado da eletromobilidade no Brasil, pois sinalizam uma maior confiança dos compradores com a tecnologia de veículos elétricos recarregáveis por conector externo. Essa confiança tem sido reforçada pelo aumento da infraestrutura de recarga”, analisa.
Segundo a ABVE, havia em dezembro de 2022 um total de aproximadamente 2.950 eletropostos públicos e semipúblicos no país. A previsão dos empresários do setor é de que haverá pelo menos 10 mil até 2025.