Diálogos da Transição

Elétricos e híbridos chineses alavancaram importações de veículos no 1º tri

Em 2024, Brasil importou aproximadamente US$ 570 milhões em carros da China, com destaque para tecnologias elétricas

Eletrificação no Brasil está cinco anos atrasada quanto a novo conteúdo tecnológico se comparada a principais mercados, diz consultoria A&M. Na imagem: Fábrica de carros elétricos da Xpeng Motors, em Zhaoqing, na China (Foto: Divulgação)
Fábrica de carros elétricos da Xpeng Motors, em Zhaoqing, na China (Foto: Divulgação)

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Editada por Nayara Machado
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As importações de veículos tiveram um aumento de 46,4% em valor em relação ao mesmo período do ano passado, puxadas pelos modelos elétricos e híbridos chineses, informou a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC) nesta quarta (4/4).

Os resultados preliminares da balança comercial do mês de março mostram que, nos três primeiros meses, o país importou US$ 1,4 bilhão em carros, ante US$ 999 milhões em 2023.

“Foram aproximadamente US$ 570 milhões com origem da China neste trimestre, puxando a alta. Foi um aumento de 450% em valor, variação comparada com o mesmo período do ano passado”, explicou o coordenador-geral de Estatísticas do MDIC, Saulo Castro, durante coletiva.

Enquanto as compras da Argentina caíram 41%, os carros chineses ganharam mais espaço no mercado brasileiro.

Ainda de acordo com Saulo, nas importações da China, as duas principais linhas tarifárias adquiridas são veículos elétricos a bateria e os modelos híbridos, que combinam bateria e combustão.

O aumento na entrada de eletrificados no país ocorre na esteira da retomada do imposto de importação no início deste ano, uma estratégia do governo Lula (PT) para aumentar a arrecadação e financiar os programas de incentivo à produção nacional.

Incentivo à produção nacional

Segundo o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Brandão, esse aumento na entrada de veículos estrangeiros era esperada.

“O carro elétrico foi reonerado em 10% em janeiro e a tarifa vai aumentar para 18% em julho. Então é natural que os importadores tenham esse movimento de antecipar a importação”.

Herlon observa ainda que o calendário de aumento da tarifa foi planejado para dar tempo do setor se organizar.

“Ainda é um mercado incipiente no Brasil, está se criando. Ter mais consumidores de carros elétricos é bom para a produção nacional, vamos ter um mercado mais dinâmico. Mas é natural ter essa concentração [observada no primeiro trimestre] tendo em vista o aumento escalonado da tarifa de importação”, completa.

No longo prazo, a expectativa é que esse cenário se arrefeça, com a indústria automotiva planejando investimentos na fabricação dessas tecnologias de veículos no Brasil.

Até agora, montadoras já anunciaram cerca de R$ 100 bilhões em investimentos no país, com foco em elétricos e híbridos. Só as marcas chinesas BYD, Caoa Chery e GWM respondem por R$ 20 bilhões desse total.

O maior investimento, no entanto, é da italiana Stellantis, que planeja R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030, para lançar 40 novos produtos, entre eles, os Bio-Hybrids, que combinam eletrificação com motores flex movidos a biocombustíveis (etanol) em três diferentes níveis.

Cobrimos por aqui:

Primeiro azul, depois verde

Esta deve ser a estratégia para o hidrogênio da maior porta de entrada de combustíveis da Europa. Em entrevista à agência epbr, o especialista em hidrogênio e responsável por novos negócios do Porto de Roterdã, Randolf Weterings, avalia que diferentes rotas de produção de serão necessárias para descarbonizar as operações.

Para o executivo, tanto o hidrogênio obtido da eletrólise com energia renovável (verde), quanto o de gás fóssil com captura de carbono (azul) vão desempenhar um papel importante na transição.

“Caso contrário, não poderemos atingir as metas de emissões zero”, afirma Weterings.

O especialista enfatiza a necessidade de uma abordagem pragmática, em que a utilização do hidrogênio azul permite avançar mais rapidamente, tendo o verde como o favorito a longo prazo.

“Se nos concentrarmos realmente no longo prazo, em 2050, o hidrogênio verde é o preferível”, completa. Leia a entrevista completa

Curtas

P&D em hidrogênio

Chamada de hidrogênio da Aneel tem adesão de 95 empresas – a maioria do setor elétrico. Segundo a agência, as manifestações de distribuidoras, transmissoras e geradoras de energia elétrica demonstraram a maior adesão às chamadas públicas Aneel até agora. A Chamada Estratégica de Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação 23/2024 visa fomentar projetos que estudem a aplicação do hidrogênio, desde a produção até o uso no setor elétrico, com ênfase em fontes de baixo carbono.

Atlas inaugura 10ª maior usina solar do Brasil

A Atlas Renewable Energy e a Hydro Rein começaram a operar nesta quinta-feira (4/4) a usina solar fotovoltaica Boa Sorte, em Paracatu (MG). Com 438 MW de capacidade instalada, o complexo solar vai fornecer energia elétrica para a Albras, maior produtora de alumínio primário do Brasil.

Potencial offshore

O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) concluiu esta semana a instalação da maior rede de monitoramento do potencial eólico offshore do Brasil. Os estudos, realizados por meio de convênio com o MCTI, abrangem 38,6% do litoral do país, na área conhecida como Margem Equatorial. A expectativa é apresentar os resultados na COP30, marcada para novembro de 2025, no Pará.

Perda florestal

Em 2023, os trópicos perderam 3,7 milhões de hectares de floresta primária, o que corresponde, em média, à destruição de dez campos de futebol por minuto ou a uma área do tamanho do Butão. O Brasil ainda lidera a lista dos países com os piores cenários, embora tenha tido uma queda de 36% no índice, puxada, sobretudo, pela melhora na Amazônia.

Municípios contra o desmatamento

O governo federal oficializou, nesta quinta (4), o Programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais. A iniciativa pretende ajudar a cumprir a meta de desmatamento zero até 2030, ao apoiar os municípios nas ações para prevenção, monitoramento, controle e redução da degradação na Amazônia. Também foi criada a Comissão União com Municípios, que vai monitorar a implementação do programa.