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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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O Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) instalou, nesta quarta (3/4), o grupo de trabalho que irá elaborar o plano de adaptação da indústria às mudanças climáticas. O Plano Clima Adaptação – Setor Indústria irá mapear e identificar as cadeias produtivas mais vulneráveis, além de apontar o que pode ser feito e como financiar.
O GT é formado por representantes da indústria como CNI e Cebds, e conta também com participação do BNDES. Entre as entregas esperadas está a indicação de metas de adaptação até 2030 e diretrizes para 2035 e 2050.
O trabalho se somará a outros 14 planos temáticos em elaboração na Esplanada para compor o novo Plano Clima Adaptação, coordenado pelos ministérios do Meio Ambiente e da Ciência, Tecnologia e Inovação.
“A intenção é preparar a indústria brasileira para o novo cenário trazido pelas mudanças climáticas, com eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos”, afirmou o secretário de Economia Verde do MDIC, Rodrigo Rollemberg, durante o evento de instalação do GT.
A logística já sente efeitos dos aterramentos de portos, inundação de rodovias ou secas de rios. O exemplo mais recente vem de 2023, com a seca do Rio Madeira na Região Norte. Eventos extremos também comprometem o fornecimento de água, energia e insumos para a produção industrial, além da saúde dos trabalhadores.
Estimativas da ONU apontam que países de renda média e baixa, o Brasil entre eles, vão precisar de algo entre US$ 215 bilhões a US$387 bilhões anualmente, ainda nesta década, para se adaptarem às mudanças climáticas.
Segundo o levantamento, o progresso na adaptação está estagnado em três áreas críticas: financiamento, planejamento e implementação.
À agência epbr, Rollemberg explica que o plano de adaptação da indústria busca justamente avançar nessas três áreas.
“A partir desse plano, vamos identificar as particularidades de determinados setores industriais e as particularidades de cada região do país. O que precisa ser feito do ponto de vista de desenvolvimento de novas tecnologias, de novos insumos, de novas matérias-primas e, ao mesmo tempo, quais são os instrumentos que podem ser construídos juntos, utilizando o que já temos, por exemplo, no Fundo Clima, no Fundo Amazônia, no BNDES”.
Hidrogênio para mitigação
Uma das alternativas para a indústria intensiva em energia reduzir emissões e fornecer produtos verdes para competir no mercado internacional, o hidrogênio busca apoio político para ganhar o mercado brasileiro.
Em entrevista à agência epbr, o presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis (ABHIC), Sérgio Augusto Costa, avalia que a aprovação do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) para incentivar projetos sustentáveis pode ser uma alternativa à necessidade de subsídios para o setor de hidrogênio de baixo carbono.
O texto, que ainda precisa passar pelo Senado, permite a utilização de créditos de empresas junto à União como garantia para financiamento de projetos como produção de biocombustíveis, hidrogênio de baixo carbono, energia renovável e armazenamento, a partir do Fundo Verde.
“Será um importante instrumento para investimento em energias renováveis – especialmente na fase inicial – e contará com atuação do BNDES, que deve se tornar o principal financiador de projetos de hidrogênio”, pontua o executivo.
Apesar do otimismo com a aprovação do Paten, Costa lembra ser fundamental a aprovação de um marco regulatório para o hidrogênio, que seja capaz de destravar os investimentos no Brasil.
Ele alerta para o risco do país perder projetos para outras regiões do mundo que já possuem incentivos claros para desenvolvimento da indústria. Leia na cobertura de Gabriel Chiappini
Incentivo à indústria automotiva
Foi prorrogado por mais 60 dias – até 31 de maio – o prazo para a medida provisória do programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado no fim de 2023.
O próprio governo entendeu que a MP não era o caminho adequado e enviou, no fim de março, um projeto de lei (PL 914/2024 ) – com texto idêntico ao da MP – em regime de urgência, para apreciação da Câmara de Deputados até a primeira semana de maio.
O Mover já está rodando. Na semana passada, o governo divulgou a portaria com regras para a indústria poder usufruir dos cerca de R$ 19 bilhões em créditos financeiros para investimento em P&D visando sustentabilidade da frota de carros, ônibus e caminhões.
O setor estima que os investimentos em inovação para cumprir as exigências podem chegar a R$ 60 bilhões.
Cobrimos por aqui:
- Indústria intensiva precisa de mercado de carbono para competir com a China
- Indústria verde busca visibilidade em políticas de transição
- Brasil registrou recorde de desastres climáticos em 2023
- Lula e Macron querem levantar € 1 bi para bioeconomia na Amazônia
Curtas
Solar na Transpetro
A companhia inaugurou nesta quarta (3), no Terminal de Guarulhos, em São Paulo, a primeira usina solar fotovoltaica capaz de abastecer totalmente uma planta industrial do Sistema Petrobras. A economia anual prevista é de cerca de R$ 1,8 milhão, além de evitar a emissão de 246 toneladas por ano de gases causadores do efeito estufa na unidade. O investimento na planta da Transpetro é de R$ 12 milhões.
28 GW de geração própria
O Brasil alcançou, em março de 2024, 28 gigawatts de capacidade de geração distribuída solar fotovoltaica. São Paulo (3,8 GW) é o estado com mais instalações, seguido de perto por Minas Gerais (3,6 GW). Entre as capitais, Florianópolis lidera em capacidade. Confira o ranking
Europa investiga fabricantes chineses
A Comissão Europeia lançou duas investigações sobre os subsídios chineses no setor de energia solar fotovoltaica para determinar seu impacto nas licitações públicas na UE e possíveis distorções no mercado. As apurações envolvem consórcios liderados pela Shanghai Electric e por uma subsidiária da Longi Solar, a maior fabricante de painéis fotovoltaicos do mundo.
Total e Sinopec se unem para produzir SAF
A petroleira chinesa Sinopec assinou um acordo com a TotalEnergies em Pequim para formação de uma joint venture que irá produzir combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) com óleos residuais em uma das refinarias da Sinopec. A parceria visa atingir uma capacidade de produção anual de 230 mil toneladas.
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