O hidrogênio terá papel na redução das emissões de carbono no Brasil que serão apresentadas na nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês), dentro do Acordo de Paris, segundo representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Durante audiência pública sobre hidrogênio no Senado, na terça (27/2), o coordenador na Secretaria de Economia Verde, Gustavo Fontenele, indicou que o energético deve ser abordado no Plano Nacional de Mudança do Clima.
“É muito importante entender o papel do hidrogênio naquilo que está sendo discutido no Plano Nacional de Mudança do Clima, que se está desenhando no grupo de trabalho de mitigação, na estratégia de implementação dos compromissos da NDC brasileira no Acordo de Paris”, disse.
O Grupo Técnico Temporário de Mitigação – GTT Mitigação trabalha na elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação dentro do Plano Clima. A iniciativa espera consolidar estratégias e metas do governo federal para o alcance das metas climáticas estabelecidas do Brasil. O Plano terá vigência entre 2024 e 2035.
No ano passado, o governo brasileiro publicou a atualização da sua NDC, retornando às ambições depositadas na ONU em 2015. Contudo, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) está trabalhando em uma nova versão do Plano Clima, que trará uma série de ações para descarbonizar os diversos setores econômicos do país.
A partir dessas ações, a intenção é modelar quanto CO2 é possível cortar por setor, definir uma meta global para, então, propor uma nova NDC.
O hidrogênio dentro na nova política industrial
Fontenele também destacou a importância do desenvolvimento do mercado de hidrogênio dentro da nova política industrial, lançada pelo governo, o Nova Indústria Brasil. Segundo ele, além de produto para exportação, o hidrogênio é uma oportunidade de descarbonização da indústria nacional.
“Entender o hidrogênio é entender naturalmente o eixo para o desenvolvimento da nova política industrial, lançada pelo presidente da República, e o papel que essa política tem como uma força impulsionadora de todo esforço que está sendo realizado pelo Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2)”, pontuou.
Um dos gargalos, na avaliação do MDIC, para desenvolvimento de projetos de hidrogênio em larga escala no Brasil é o acesso ao financiamento.
“Precisamos, enquanto país, viabilizar um conjunto de mecanismos apropriados em termos de prazos e garantias para o financiamento de empreendimentos dessa natureza. Tanto financiamento para produção, como para o uso final, do consumo deste produto fabricado em nosso território nacional”, defendeu Fontenele.
Além da produção e consumo do hidrogênio, a pasta também enxerga oportunidades de industrialização nacional “no desenvolvimento da cadeia produtiva de eletrolisadores e equipamentos para armazenagem de hidrogênio”, segundo o coordenador.
Indústria pede por inventivos
A gerente de Clima e Energia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Juliana Falcão, defende incentivos governamentais para que o setor possa cumprir o seu papel estratégico na descarbonização e alcance das metas do Acordo de Paris.
“O Brasil é visto como um grande produtor de hidrogênio, mas podemos utilizar essa capacidade para consumo interno. É importante olhar para o potencial de exportação, mas o desafio real é olhar para como podemos aproveitar isso em nosso país”, destacou Juliana.
A executiva elencou algumas iniciativas pelo mundo, como na Alemanha, Estados Unidos e Austrália, estão os leilões de compra e venda de hidrogênio verde; a criação do Banco Europeu de Hidrogênio e a destinação de subsídios fiscais para projetos de descarbonização.
“Hoje aguardamos informações do Ministério do Meio Ambiente para que nos diga o tamanho da contribuição que a indústria tem que fazer para redução das emissões (…) O hidrogênio vai ser uma das tecnologias necessárias para essa descarbonização”.
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