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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Pesquisa da Accenture com as 2 mil maiores empresas do mundo descobriu que menos de um quinto (18%) está realmente em uma trajetória para alcançar emissões líquidas zero até 2050.
Além disso, mais de um terço (38%) afirma que não pode fazer mais investimentos em descarbonização no atual ambiente econômico.
A dez dias da próxima conferência climática da ONU (COP28), onde serão discutidos os avanços políticos (ou não) em relação ao clima e o que pode ser feito para evitar um colapso nos próximos anos, o estudo afirma que a indústria pesada é a chave para quebrar o impasse da descarbonização.
E que apenas três anos de intensa colaboração intersetorial podem transformar a transição da indústria “de uma barreira estagnada para uma força econômica” que obriga todo o setor a acelerar a ação net zero.
“Os líderes da indústria podem quebrar este impasse econômico em apenas três anos, reinventando estratégias de descarbonização que permitam o crescimento da indústria pesada, que utiliza energia intensiva e com difícil redução – como a siderurgia, metais e mineração, cimento, produtos químicos e frete e logística – cujas operações geram 40% do total das emissões globais de CO2”, dizem os analistas.
As estratégias vão desde melhoria da eficiência energética e a mudança para energias renováveis, até medidas mais complexas, como a implementação de tecnologia da informação verde, reinvenção de modelos de negócio e remoção de carbono.
Reinventando a indústria
Uma das conclusões do relatório (.pdf) é que a indústria precisará se reinventar. Só assim as metas globais de redução de emissões de gases de efeito estufa serão atingíveis.
Mas isso depende de uma série de fatores como disponibilidade de energia renovável, viabilidade comercial de produtos de baixo carbono e, claro, gestão de custos.
“A descarbonização célere da indústria pesada requer uma ação coletiva em toda a cadeia de valor. Isso pode superar o impasse econômico, inspirando novos ciclos de desenvolvimento em linha com a aceleração da neutralidade climática. Há muito espaço para avanço em três anos”, defende Felipe Bottini, diretor-executivo de Sustentabilidade da Accenture América Latina.
“Se atingir o net-zero na indústria pesada não for viável, então não será para nenhuma outra indústria. Há que se distribuir adequadamente o peso da transformação entre os setores”.
Mas o levantamento com os gestores mostra que eles estão pensando em um prazo bem diferente.
Segundo a pesquisa, 81% dos líderes da indústria pesada esperam precisar de mais de 20 anos para ter eletricidade zero carbono suficiente para descarbonizar a sua indústria, enquanto 95% esperam precisar de pelo menos 20 anos para fornecer produtos ou serviços net zero com paridade de preços ou próximas às alternativas de alto carbono.
O que dá para fazer em três anos?
De acordo com a Accenture, esse é o prazo do ciclo de planejamento estratégico da maioria das organizações, o que torna essa janela de tempo crucial para as decisões que levarão ao net zero.
A busca por oportunidades de prêmios verdes para financiar essa primeira fase de descarbonização é uma das medidas que devem entrar no planejamento.
“No caso do carbono, a regulação internacional já caminha para priorizar produtos com emissões menores, o que se reflete em preço diferenciado a esses produtos sem a necessidade de benevolência ou ativismo do consumidor”, diz Bottini.
Expandir a energia de baixo carbono e o hidrogênio mais rapidamente para abastecer a indústria intensiva é outro ponto. A Accenture calcula que os custos nivelados da energia solar e do hidrogênio verde poderão cair a 77% e 74% até 2050, respectivamente, se o seu potencial for otimizado.
Esse barateamento do insumo será positivo também para a competitividade de produtos “verdes”, como aço e combustíveis para aviões e navios.
Entra em cena também a redução dos custos de capital e operacionais relacionados à infraestrutura de baixo carbono. Um exemplo mencionado pelo relatório é o potencial de competitividade do aço verde, cujo preço pode cair pela metade até 2050, com os custos de construção e de equipamento em queda.
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