Transição energética

FGVces e Unicamp vão calcular pegada de carbono de carros fabricados no Brasil

Estudo integra o Rota 2030 e pretende quantificar impactos da produção de veículos leves nas mudanças climáticas

FGVces e Unicamp vão calcular pegada de carbono de veículos leves como carros fabricados no Brasil. Na imagem: Transportador de carros elétricos em linha de montagem de carrocerias da indústria automotiva moderna (Foto: usertrmk/Freepik)
Transportador de carros elétricos em linha de montagem de carrocerias da indústria automotiva moderna (Foto: usertrmk/Freepik)

BRASÍLIA – O Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVces) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vão trabalhar em parceria para avaliar a pegada de carbono de veículos leves tipo automóveis fabricados no Brasil.

A proposta do projeto é quantificar os impactos da produção de automóveis, desde a extração da matéria prima até a fabricação nas montadoras, além de mapear as principais fontes de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e como reduzi-las.

Também será feito um benchmarking internacional, comparando a produção brasileira de veículos com a de outros países para identificar as diferenças.

O Brasil é o oitavo maior produtor de veículos no mundo e o sexto maior mercado automotivo. A emissões de GEE do setor correspondem a aproximadamente 10% das emissões totais brasileiras – e metade desse montante tem origem no transporte de passageiros.

Chamado Do berço ao portão, o projeto de pesquisa quer mobilizar o setor automotivo para melhorias na produção que levem à fabricação de veículos com menor intensidade de carbono, conta Mario Monzoni, coordenador do FGVces.

Rota 2030

De acordo com o FGVces, a pesquisa integra a Linha V do programa de eficiência do setor automotivo Rota 2030, voltada para biocombustíveis e propulsão alternativa à combustão, coordenada pela Fundep.

O trabalho será desenvolvido em seis etapas e terá contribuições tanto da equipe técnica da Fundep/Rota 2030 como do comitê consultivo, que será formado por associações setoriais, empresas e especialistas de avaliação de ciclo de vida.

Oito veículos serão usados nos testes para avaliar a pegada de carbono e entender as diferenças de cada tecnologia e modelo de produção.

Três veículos com tecnologias convencionais (motor a combustão interna) e rotas de produção tradicionais, e cinco com novas tecnologias (elétrico ou híbrido) e/ou rotas de produção alternativas (uso de biopolímeros, uso de cerâmicos, produção 100% nacional).

Ao final, será elaborada uma ferramenta setorial para o cálculo da pegada de carbono.

A ideia é que qualquer empresa do setor automotivo possa aplicar individualmente a ferramenta para entender os impactos de sua produção sobre as mudanças climáticas e aplicar as informações à gestão eficiente de emissões de GEE.

“Queremos que o trabalho seja referência para pesquisas desse tipo, resulte na promoção de estratégias de redução de emissões de GEE a serem utilizadas em âmbito público e empresarial e amplie o olhar do setor para a sua cadeia de suprimentos”, explica Monzoni.