RIO – A Sigma Lithium, empresa canadense que opera desde abril na exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, anunciou, nesta quinta-feira (27/7), o primeiro embarque do mineral produzido pela companhia na região apelidada como Vale do Lítio, rumo à China.
Segundo a Sigma, este será o primeiro “lítio verde do mundo”, uma vez que sua produção conta com “zero carbono, zero rejeitos, zero químicos nocivos”, com uso de energia exclusivamente renovável e 100% de água reutilizada.
O embarque, realizado no Porto de Vitoria (ES), consiste em 15 mil toneladas de lítio e 15 mil toneladas de subprodutos processados na planta da companhia. O material tem como destino os fabricantes de baterias para veículos elétricos.
Para a CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral, a iniciativa coloca o Brasil como uma referência na cadeia global do lítio.
A empresa, que já investiu R$ 3 bilhões em Minas Gerais, espera fornecer, na primeira fase de operação, 270 mil toneladas de lítio verde por ano, o suficiente para abastecer 617 mil carros elétricos.
Segundo Cabral, a ideia é triplicar esse número já no ano que vem, chegando a 1,6 milhões de carros.
“O Brasil muda de patamar no setor e passa a ser o novo paradigma global de sustentabilidade socioambiental dentro das cadeias globais de fornecimento de insumos para baterias de veículos elétricos”, disse a executiva.
Novas empresas no Vale do Lítio
Na semana passada, o Governo de Minas Gerais e a empresa MG LIT, da também canadense Lithium Ionic, firmaram um protocolo de intenções investimentos de R$ 750 milhões para exploração de lítio, no Vale do Lítio.
A expectativa é que a MG LIT inicie as operações em 2025, nos municípios de Araçuaí, Itinga e Salinas. Até o fim deste ano, a empresa espera que R$ 160 milhões já sejam investidos no empreendimento.
“O futuro é bem promissor. Acreditamos muito no potencial da região, que é enorme”, destacou o presidente da MG LIT, Hélio Diniz.
Com o anúncio, a empresa se somou à Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e à Sigma Lithium na exploração do mineral na região. Além delas, Atlas Lithium (EUA) e Latin Resources (Austrália) também possuem projetos em andamento no Vale do Jequitinhonha.
Brasil marca posição em cadeia global
O Vale do Lítio é formado por 14 cidades: Araçuaí, Capelinha, Coronel Murta, Itaobim, Itinga, Malacacheta, Medina, Minas Novas, Pedra Azul, Virgem da Lapa, Teófilo Otoni e Turmalina, no Nordeste de Minas, e Rubelita e Salinas, no Norte mineiro.
Em maio, governo de Minas Gerais e Ministério de Minas e Energia (MME) lançaram na bolsa de valores de Nova York, Nasdaq, a iniciativa Lithium Valley Brazil, marcando a entrada do Vale do Jequitinhonha no mapa global na cadeia de lítio.
O objetivo é atrair investimentos internacionais para exploração do lítio no norte mineiro, que concentra a maior reserva desse mineral no Brasil.
O lítio é considerado essencial para a transição energética, uma vez que é matéria-prima de baterias para veículos elétricos e para a cadeia de geração de energias renováveis. O mineral deve ver sua demanda crescer 40 vezes nas próximas duas décadas.