Eólica offshore: Qual o estágio de desenvolvimento ao redor do mundo?

Eólica offshore: Qual o estágio de desenvolvimento ao redor do mundo? Na imagem: Plataforma offshore Dudgeon da Statoil para exploração de petróleo e gás associada à eólica offshore (Foto: Jan Arne Wold Woldcam/Equinor)
Plataforma offshore Dudgeon da Statoil para exploração de petróleo e gás associada à eólica offshore (Foto: Jan Arne Wold Woldcam/Equinor)

Photo_ Øyvind Gravås - Statoil - Hywind Scotland last turbine sail away from Stord - 1474901

Províncias tradicionais de produção de petróleo ao redor do mundo também são frentes de expansão da geração de energia eólica offshore, setor que cresce sem parar desde a década passada e já conta com investimentos de grandes petroleiras.

Existem projetos de parques eólicos offshore desde o início da década de 1990 – o primeiro, na Dinamarca –, mas foi em meados dos anos 2000 que o setor entrou em expansão constante e acelerada – a capacidade instalada (MW) cresce quase 30% ao ano.

Experiência no offshore expande limites da geração eólica
A Statoil começou, em outubro de 2017, na Escócia, a operar o primeiro parque eólico flutuante do mundo. Isso foi possível com a utilização de boias flutuantes spar (floating spar buoy) para instalação das torres, o que permite a instalação em lâmina d’água mais profunda – e tem um conceito similar às plataformas de óleo e gás spar, também utilizadas por petroleiras na região.

Isso permitiu instalar o parque em profundidades acima de 100 metros, enquanto outros com estruturas afixadas no leito marinho chegam a em torno de 60 metros – a média dos projetos em 2017 foi de 27,5 metros de lâmina d’água, a 41 km da costa. Hywind Scotland levou oito anos em desenvolvimento.

A WindEurope, associação da indústria, calcula que o Mar do Norte será, com folga, o principal polo europeu de parques eólicos offshore no horizonte 2030, com 80,9% (19,895 MW) de toda a capacidade instalada no continente.

Em 2017, com o Hywind, a Statoil ficou em 5º lugar em termos de nova capacidade instalada na Europa.

No total, mais de 4 mil turbinas offshore estavam instaladas e conectadas na Europa até o fim de 2017, sendo mais de 80% instalados com monopilares (monopiles), em que a estrutura é fixada no solo marinho. Dados do relatório de 2017 da WindEurope.

A Statoil estima que o capex necessário para instalação de novos parques offshore cairá pela metade até 2023, usando como referência o Hywind Scotland, e já classifica como potenciais mercados futuros outras regiões do Mar do Norte, o Japão e as costas Leste dos EUA e Canada, e Oeste dos EUA e México.

Shell também já entrou no segmento, com participação em parque de 700 MW na Holanda. O CEO local da companhia, Marjan van Loon, em entrevista recente para a Reuters, afirmou que “estamos pressionando o governo, queremos instalar 1 a 2 GW por ano. Digamos, construir 20 a 30 GW até o fim da próxima década.

WindEurope (2017): lâmina d´água e distância da costa de parques eólicos instalados em 2017 na Europa

Potencial do Golfo do México
O planejamento estratégico do Departamento de Energia (DOE) dos EUA prevê a instalação de 86 mil MW de capacidade eólica offshore no país e estima-se que 10% ficará nos estados da Florida, Texas e Luisiana, gerando energia a partir do Golfo do México.

O licenciamento dos projetos é feito pelo Boem, mesmo órgão que regula a concessão de e operação offshore em áreas de exploração e produção de petróleo e gás. Desde 2013, foram ofertadas 12 concessões em diferentes estados da costa do Atlântico. Os estudos para oferta de áreas no Golfo começaram em 2017.

A primeira turbina eólica offshore dos Estados Unidos entrou em operação em dezembro de 2016. A Block Island Wind Farm é um pequeno parque, de cinco torres com 30 MW de capacidade na costa de Rhode Island.

Sinergias
Em 2015, a DNV GL iniciou o WIN WIN, marca do projeto Wind-powered Water Injection, com objetivo de desenvolver um sistema de geração de energia eólico integrado à injeção de água para recuperação secundária de petróleo e gás em plataformas offshore. Um projeto piloto pode entrar em operação em 2020.

A ideia partiu da combinação da crescente demanda por injeção de água em campos de petróleo offshore com o fato de que, comparativamente, a geração eólica offshore tem excelentes indicadores de eficiência.

Um compilado de dados feito pela DNV GL identificou que o fator de capacidade da eólica offshore é de 39%, comparado com 29% nos parques em terra e 11% de usinas solares (dados de 2015, do Reino Unido).

O desenvolvimento da torre eólica combinada com sistema de injeção de água entrou, em abril de 2017, em sua segunda fase, quando o objetivo será testar um sistema em escala reduzida em laboratório. O conceito prevê uma turbina eólica flutuante, ligada a um sistema convencional de injeção e tratamento de água.

Nesta segunda etapa, a DNV GL trabalha em parceria com as petroleiras ExxonMobil e ENI Norge, que estão desde o início do projeto, além do Norwegian Research Council, novo participante. Na primeira fase do WIN WIN, participaram também Nexen Petroleum UK, Statoil, VNG, PG Flow Solutions e ORE Catapult.

Histórico da eólica offshore na Europa
Relatório mais recente do Global Wind Energy Council (GWEC), com dados até 2015, aponta as principais características do mercado.

Mar do Norte é a região com maior quantidade de turbinas instaladas, sendo o Reino Unido o principal mercado com 5,066 mil MW de capacidade instalada até o fim de 2015, isto é, concentra 42% de toda a capacidade global, de 12,107 mil MW. Alemanha é o país onde mais investiu-se entre 2014 e 2015.

“Os fundamentos do mercado são fortes na América do Norte, e o constante crescimento da Europa em relação aos seus objetivos para 2020 foi impulsionado pelo novo desenvolvimento mais empolgante do ano: as dramáticas reduções de preços de eólicas offshore. A Europa continuará a liderar o mercado offshore, mas os preços baixos atraíram a atenção dos formuladores de políticas em todo o mundo, particularmente, na América do Norte e na Ásia”. Steve Sawyer, Secretário Geral da GWEC

Fora da Europa, a China protagoniza a expansão da fonte alternativa, com 1,014 mil MW instalados no fim de 2015, sendo 360 MW adicionados no ano. No período, é o quarto maior mercado, superando Bélgica, Holanda e Suécia, apontados como regiões em expansão pelo GWEC.

GWEC (2015): crescimento da capacidade global de geração eólica offshore

Links
Detalhes do projeto Hywind Scotland
GWEC: Annual Market Update 2015 (o estudo de 2016 ainda não está disponível gratuitamente)
WindEurope: Annual Offshore Statistics 2017
Entrevista com o CEO da Shell Holanda
Projeto DNV GL WIN WIN