BRASÍLIA – Apesar dos preços elevados no mercado, a produção brasileira de veículos pesados elétricos avançará este ano, projeta Walter Pellizzari, gerente executivo de estratégia corporativa da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO).
“O mercado ainda está absorvendo esse aumento de custo, mas entendemos que a produção do elétrico para esse ano e para o ano que vem vão ser maiores”, defendeu. “É uma tecnologia mais cara, mas que vem caindo ao longo do tempo”, completou Pellizzari.
Em entrevista à agência epbr, o gerente da VWCO afirmou que o consumidor está vendo benefícios na eletrificação e assegurou que a alternativa pode ser mais viável financeiramente do que o combustível tradicional numa operação.
“Temos visto que o consumo energético de um veículo elétrico corresponde a 40% do valor equivalente do diesel na operação. O segredo do elétrico, para que ele se pague, é a rodagem. Se você rodar 70, 80 ou 90 km por dia ou até 200 km, dependendo da autonomia da bateria, essa equação já fecha”, explicou.
e-Delivery
Com foco maior em eletromobilidade, a VWCO pretende investir mais de R$ 500 milhões em soluções limpas em 2023.
Recentemente, a marca introduziu no mercado brasileiro o e-Delivery, caminhão elétrico desenvolvido e testado no Brasil.
Os caminhões são produzidos na planta de Resende, no Rio de Janeiro, onde são fabricados também os modelos tradicionais, e já rodam nos principais centros do país.
Em 2022, a VWCO exportou cerca de 10 mil unidades, um crescimento em torno de 15%, se comparado a 2021. Este ano, a empresa começou a exportar os primeiros produtos para países da América Latina como Guatemala, Uruguai e Paraguai.
Transporte de passageiros e curta distância
Mesmo com a demanda por uma logística mais sustentável, os caminhões elétricos ainda têm pouca participação nas vendas, disputando espaço com veículos movidos a diesel e a gás natural, por exemplo.
Segundo o Electric Vehicle Outlook 2023, da BloombergNEF, vans e caminhões representam apenas 3% das vendas globais dos eletrificados. Em contrapartida, os ônibus constituem 38% do total.
O relatório diz que, enquanto os veículos leves e ônibus estão mais alinhados com um cenário mais ambicioso rumo à emissões zero, os caminhões correm mais lentamente.
Para Pellizzari, é esperado que os eletrificados ganhem escala em aplicações de curta distância, como transportes coletivos.
“Acreditamos que, nas cidades, [a eletrificação] vai dominar inclusive para o transporte de passageiros. Os ônibus são itens que estão no nosso radar, justamente porque a gente acredita que o transporte urbano é elétrico”, concluiu o gerente.