BRASÍLIA – Para o gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi Bomtempo, o Brasil deve apostar em todas as rotas tecnológicas para a produção do hidrogênio (H2) no país.
“O Brasil tem várias rotas tecnológicas e a ideia é que a gente possa trabalhar todas elas”, garantiu. “A gente não pode escolher uma [só] rota”, acrescentou.
Segundo o gerente da CNI, é preciso considerar a demanda e a oferta do mercado e observar quais soluções e recursos o país pode ofertar no momento, visando a competitividade.
“Temos que entender qual é a demanda do mercado e examinar o que o Brasil pode oferecer […] Precisamos casar a oferta e a demanda, há várias oportunidades de desenvolvimento”, disse.
Outros países têm optado por desenvolver a rota da produção por eletrólise, o hidrogênio verde propriamente dito, a partir da geração com fontes renováveis.
No Brasil, o planejamento para suprir a demanda de H2 de baixa emissão de carbono inclui o azul (gás natural com captura de carbono) e soluções a partir de bioenergia, como o biogás. Discussão ocorre por meio do Plano Nacional de Hidrogênio (PNH2),
A abordagem é conhecida como hidrogênio arco-íris, uma analogia às cores que representam as diversas rotas de produção do combustível, além do hidrogênio verde (eletrólise).
Bomtempo explicou que o diferencial comparativo do país é ter uma matriz energética limpa, biodiversidade, disponibilidade hídrica, além do potencial de produção de biocombustíveis.
“A grande questão é como iremos transformar as vantagens que o Brasil tem em competitividade”, reiterou.
Foco na agenda internacional
Mariana Espécie, diretora do Departamento de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME) comentou que a cooperação internacional para o H2 está na pauta do ministério.
“O Brasil está mais visível internacionalmente, inclusive pela possibilidade de rotas que pode explorar. […] É só um começo de um longo trabalho pela frente”, disse.
A diretora afirmou que a pasta quer viabilizar todas as rotas possíveis para a produção do combustível, diante do mercado internacional, para atender os critérios de competitividade.
“Na nossa leitura, o Brasil possui uma infinidade de possibilidades em relação à indústria do hidrogênio, o que envolve várias rotas tecnológicas. O nosso objetivo é endereçar todas as frentes possíveis para o Brasil em termos de competitividade, inclusive no mercado internacional”.
O MME e a CNI participaram nesta quinta (11/5) do painel Utilização do hidrogênio sustentável na indústria brasileira, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), da Câmara dos Deputados.
Panorama brasileiro
O Brasil conta com dezenas de anúncios de projetos para a geração de hidrogênio verde, com investimentos que giram em torno de mais de US$ 20 bilhões, segundo dados da EPE.
O hidrogênio verde também tem sido assunto de grande interesse e discussão tanto no governo quanto no Congresso Nacional.
Além da instalação da Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde (CEHV), no Senado, tramita o PL 725/22, que prevê incentivo e viabilização do uso do hidrogênio como fonte energética; e o PLS 1878/22, que propõe a criação de uma política para regular a sua produção.