Biocombustíveis

Testes indicam viabilidade de aumentar a mistura de etanol para 30%

Governo estuda aumentar mistura de etanol anidro na gasolina

Testes indicam viabilidade de aumentar a mistura de etanol para 30%. Na imagem: Bomba de etanol em posto de combustíveis da Petrobras (Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação Petrobras)

UBERARA — O Ministério de Minas e Energia já mapeou testes que dão aval à possibilidade de elevar a mistura de etanol anidro na gasolina comum dos atuais 27,5% para 30%.

A pasta levará tais informações e dados para a próxima reunião do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), sem data definida, a fim de embasar a proposta de criação de um grupo de estudos sobre o tema.

A hipótese de uma gasolina com maior teor de etanol anidro em sua mistura foi anunciada pelo ministro Alexandre Silveira (PSD), nesta sexta (28/4), durante participação na 6ª edição da Abertura da Safra Mineira de Cana de Açúcar, na Unidade Vale do Tijuco, em Uberaba (MG).

Se aprovada a criação do grupo de estudos e, posteriormente, o mérito da sugestão bancada pelo MME, a ideia é que o aumento de etanol anidro na gasolina não ocorra de uma só vez, e sim “gradualmente”.

“Isso deverá acontecer, de maneira gradual e com previsibilidade e transparência. Vamos fazer, junto com a indústria automotiva e o setor produtivo de etanol, essa avaliação técnica para dar segurança aos consumidores”, declarou Silveira.

O MME argumenta que o etanol é um combustível renovável e, portanto, a mudança é positiva para o meio ambiente e está em linha com diretrizes de sustentabilidade defendidas pelo governo.

Atualmente, a maioria dos carros no país tem motor flex. “A utilização do etanol nos veículos flex garantiu a oferta de combustíveis e evitou a queima de 210 bilhões de litros de gasolina. Isso equivale à captura de carbono de uma área de 3 milhões de hectares de floresta plantada”, comentou o ministro durante o evento em Uberaba.

Minas Gerais é o segundo maior produtor e exportador de cana-de-açúcar do Brasil. Para a safra 2023/2024, há estimativa que o atual recorde de produção seja superado: 6% maior do que no ano passado, ultrapassando 72 milhões de toneladas.

“Para nós, é uma alegria. Deixa a gasolina ainda mais limpa, colocar mais combustível renovável. Acho que o setor, com a expansão que teve o etanol de milho, está pronto para fazer isso”, afirmou o CEO da CMAA (Companhia Mineira de Açúcar e Álcool), Carlos Eduardo Turchetto Santos.

O presidente da Siamig, Mário Campos Filho, também pontuou a questão ambiental como um dos principais pilares em defesa do etanol. A entidade represente a indústria sucroenergética de Minas Gerais.

“Podemos dar suporte a essa grande revolução que estamos vendo hoje na mobilidade sustentável com os novos veículos. E um especial parêntesis para a importância hoje da temática ambiental da descarbonização. Nós temos hoje a possibilidade de colocar o Brasil em um protagonismo.”

Turchetto disse ainda que a decisão no âmbito do CNPE precisa ser debatida com as montadoras e com os consumidores para que haja um “consenso”.

“O etanol de cana não cresceu na velocidade esperada, mas ele vem sendo acrescido com o etanol de milho. Fazer um estudo para levar a 30%, se for consenso com as montadoras que não prejudica o consumidor e os motores, além de fazer um bem ambiental, eu acho que faz sentido”, completou.

RenovaBio

Em outro aceno aos usineiros, Silveira também citou a mudança feita recentemente pelo governo federal no programa RenovaBio, para retomar as datas originais para que as distribuidoras comprovem o cumprimento das metas.

As regras foram flexibilizadas no governo de Jair Bolsonaro (PL), em um momento de disparada dos preços do CBIO, crédito de descarbonização de compra obrigatória por distribuidoras de combustíveis, que remuneram produtores de biocombustíveis, conforme notas de eficiência energética.

“O governo anterior tentou enfraquecer esse Programa tão importante, mas enfrentamos isso. Já publicamos nesta semana o novo decreto, que corrige as distorções que estavam em vigor”, disse.

O jornalista viajou a convite e com despesas custeadas pela Siamig – Associação das Indústrias Sucroenergéticas de MG