BRASÍLIA — Após a série de ataques a torres de transmissão de energia, desde a semana passada, o governo prometeu nesta terça (17/1) que vai reforçar a segurança do Sistema Interligado Nacional (SIN). O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira (PSD), disse que uma série de medidas estão sendo discutidas — como o uso de drones para monitoramento — e evitou atribuir, por ora, os atos de vandalismo a motivações políticas.
Silveira afirmou também que os prejuízos causados pelos ataques ao sistema elétrico são repassados, no fim das contas, aos consumidores. Os custos de reparo e reforço da segurança são arcados pelas empresas de transmissão afetadas — que, por sua vez, são remuneradas por contratos regulados.
“Quem paga o setor elétrico é o usuário de energia. Portanto, todos nós”, comentou, em entrevista a jornalistas após reunião com empresas e associação do setor, em Brasília.
Daí, segundo ele, a importância de que as investigações em curso identifiquem os autores dos crimes.
“Esse é um patrimônio de todos os brasileiros e que vem sendo atacado por alguns desavisados que terão que pagar por isso, tanto do ponto de vista legal quanto pelo ressarcimento desses danos”, pontuou.
Na segunda (16/1), Silveira se reuniu com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
O ministro de Minas e Energia reforçou que os ataques às torres localizadas em Rondônia, Paraná e São Paulo, desde o último dia 8, interferem em toda cadeia do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Mas ressalvou que os danos não comprometeram o fornecimento de energia do sistema.
Silveira prega ‘reação focal’ e evita falar em terrorismo
Segundo Silveira, as forças de segurança terão uma “reação focal” aos episódios de vandalismo. O plano conta com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal e dos governos estaduais.
“Vai ter uma atuação focal nessa questão, já que é um momento de crise. Então, nós vamos ter uma reação focal nessa questão que chamou atenção nos últimos dias. Mas como eu disse: a situação está sob controle, as ações estão sendo tomadas e a sociedade brasileira pode contribuir muito para a vigilância do patrimônio”, disse.
Questionado se a Polícia Federal já tem provas que permitam associar os ataques a interesses políticos, Silveira respondeu que ainda “não é possível fazer essa afirmação”. As investigações estão em andamento.
“Nós não podemos fazer essa afirmação. O que nós podemos dizer é que, pelo fato de vários eventos convergirem na sua ação, nós entendemos por bem ser proativos e nos adiantarmos a possíveis problemas mais graves usando todos os instrumentos que o estado possui de vigilância”, completou.
O governo encara os episódios como atos terroristas contra o sistema elétrico, na esteira do episódio de vandalismo protagonizado por grupos golpistas de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro na sede dos Três Poderes, em Brasília.
Além do reforço pontual nos arredores das torres, Silveira destacou que outras medidas serão implementadas em parceria com a iniciativa privada. Serão instaladas câmeras nas torres para ampliar o sistema de videomonitoramento. Além disso, drones também vão ajudar na captação e análise de imagens.
O ministro também agradeceu aos governadores e aos órgãos de segurança estaduais que foram acionados durante cada ocorrência registrada.
Estiveram presentes na reunião, sediada no Ministério de Minas e Energia (MME), representantes das empresas de energia elétrica, da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), da Aneel, da ONS, além dos comandantes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
Sete ataques, quatro torres derrubadas
Um gabinete de crise foi instalado na mesma noite dos atos antidemocráticos em Brasília, no dia 8, após constatação de ameaças nas redes sociais bolsonaristas.
Porém, uma primeira ocorrência já havia sido registrada numa linha de transmissão do Maranhão entre os dias 31 de dezembro e 1º de janeiro.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já contabilizou, até o momento, quatro torres derrubadas desde os atentados às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.
O último episódio foi registrado no município de Vilhena, no fim da tarde de sábado (14).
Além disso, 12 torres foram danificadas, sendo seis em Rondônia, quatro no Paraná e duas em São Paulo.
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