BRASÍLIA e RIO — O anúncio da composição dos nomes para o gabinete de transição para a área de Minas e Energia, feito nesta quarta (16/11), traz de volta para a condução da política energética quadros marcantes dos governos anteriores de Lula e Dilma Rousseff.
Os trabalhos serão coordenados por Jean Paul Prates e Maurício Tolmasquim, petistas considerados mais ‘moderados’ no partido e com longo histórico no setor de energia, petróleo e combustíveis.
Atualmente na FGV Energia, Magda Chambriard vai integrar o grupo. Ela fez carreira na Petrobras e comandou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo de Dilma Rousseff.
Ao lado de Jean Paul Prates, Magda Chambriard está entre os os nomes cotados para a assumir a Petrobras no governo Lula e comandar a retomada da ampliação dos investimentos.
Magda Chambriard é defensora das políticas de conteúdo local e crítica da gestão da Petrobras focada na exploração e produção do pré-sal.
Contemporâneo de Tolmasquim, Nelson Hubner chegou a assumir interinamente o Ministério de Minas e Energia no governo Lula (2007-2008).
Foi diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, indicado em 2009 pelo então ministro Edison Lobão (MDB). No setor elétrico, foi crítico da privatização da Eletrobras desde a proposta do governo de Michel Temer.
Representantes dos trabalhadores na transição
O grupo conta com a escolha de políticos: o ex-ministro Anderson Adauto, de Fernando Ferro e Giles Azevedo, por exemplo.
Já nomes como de Deyvid Bacelar (FUP), Ikaro Chaves (Aesel) e William Nozaki (Ineep) são ligados aos trabalhadores e entidades que lideraram conversas públicas de oposição às políticas inauguradas com a derrubada de Dilma Rousseff.
São críticos vocais à privatização da Eletrobras e à venda de refinarias da Petrobras. Defendem o fim do PPI, a política de paridade de preços internacionais criada no governo de Michel Temer, quando o tucano Pedro Parente assumiu a companhia.
Defendem que a Petrobras deve atuar como uma empresa integrada de energia, com presença forte no refino e no abastecimento de combustíveis, buscando a autossuficiência nacional de derivados.
No grupo temático da Agricultura, foi escolhido o presidente da Unica, Evandro Gussi. Vai levar as demandas do setor sucroalcooleiro para um grupo que deve discutir, principalmente, medidas para o agronegócio.
Nomes ministeriáveis, como o de Kátia Abreu, Carlos Fávaro e Neri Geller, também integram o grupo da agricultura.
Nomes da energia no gabinete de transição
Anderson Adauto Ex-ministro dos Transportes (2003-2004; governo Lula). Foi prefeito de Uberaba (2005-2012) e, este ano, deixou o Republicanos (antigo PRB) para se filiar ao PCdoB. Tem passagem pelo PL e MDB.
Deyvid Bacelar Coordenador-geral da FUP e diretor do Sindipetro na Bahia. Foi representante dos trabalhadores no CA. “Nunca a nossa estatal e os setores energéticos do nosso país foram tão agredidos. A intenção era clara: depenar o Brasil”, publicou no Twitter, após o anúncio.
Fernando Ferro Deputado federal pelo PT de Pernambuco desde 1995. Foi diretor do Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco e, funcionário da Chesf, chegou a integrar o CA da estatal. Foi um dos relatores da lei 10.848, de 2004, da reforma da comercialização de energia, que criou o ACL.
Giles Azevedo Nome de Dilma Rousseff. Foi seu chefe de gabinete, atuando em diferentes cargos próximos à ex-presidente, incluindo sua passagem como secretário no Ministério de Minas e Energia.
Guto Quintella Consultor e produtor rural, foi diretor da Vale e sócio do BTG Pactual. Atua como consultor e é crítico das políticas ambientais do governo Bolsonaro; defende iniciativas de desenvolvimento sustentável para a Amazônia.
Íkaro Chaves Diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos da Eletrobras (AESEL), dos quadros da Eletronorte.
Jean Paul Prates Senador pelo PT do Rio Grande do Norte, se colocou como possível presidente da Petrobras no governo Lula.
Como parlamentar, propôs e foi relator de diversos projetos na área, entre eles o marco da geração de energia offshore, que mira o desenvolvimento das eólicas marítimas; e o projeto que levou a uma das leis complementares da desoneração dos combustíveis, aprovada este ano.
Magda Chambriard Diretora-geral da ANP no governo Dilma Rousseff, é defensora das políticas de conteúdo local e crítica da gestão da Petrobras focada na exploração e produção do pré-sal. Coordena pesquisas em em óleo e gás na FGV Energia e assessorou a Alerj, na CPI dos Royalties. Citada como nome de André Ceciliano (PT) para o comando da Petrobras (Lauro Jardim, O Globo).
Mauricio Tolmasquim Nome da reforma do setor elétrico, foi presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e secretário-executivo do MME; chegou a ser ministro interino no governo de Dilma Rousseff. Defende novas reformas, políticas para transição energética.
Nelson Hubner Foi ministro interino de Minas e Energia no governo Lula (2007-2008). Também foi diretor-geral da Aneel, indicado em 2009 pelo então ministro Edison Lobão. No setor elétrico, foi crítico da privatização da Eletrobras desde a proposta do governo de Michel Temer.
Robson Formica Coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), criado na década de 1970. Foi um dos críticos da gestão dos reservatórios das usinas hidrelétricas durante a crise hídrica de 2021.
William Nozaki Um dos pesquisadores do Ineep, think tank criado pela FUP no governo Bolsonaro para se contrapor aos especialistas tradicionais do setor de energia, ligados a empresas, em sua grande maioria. José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, é um dos articuladores do Ineep.