SOROCABA — A Toyota Brasil e a White Martins, do Grupo Linde, apresentaram nesta terça (31/5) o projeto piloto para estudo da viabilidade de um carro movido a célula de combustível a hidrogênio no Brasil.
O modelo Mirai, da Toyota, será abastecido por hidrogênio renovável produzido pela White Martins, em uma subestação instalada na unidade da montadora japonesa em Sorocaba, São Paulo.
O presidente da Toyota Brasil, Rafael Chang, pontua que as novas tecnologias que visam a descarbonização no setor automotivo irão necessitar parcerias com uma ou mais empresas.
“Não é um trabalho só das montadoras, sobretudo quando falamos de hidrogênio e carros elétricos. Precisamos falar com empresas que produzem e distribuem energia. A parceria com a White Martins visa isso, começar a estudar dentro do mercado brasileiro essa solução do hidrogênio”, disse o executivo à agência epbr.
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Ainda sem infraestrutura que permita seu lançamento no mercado nacional, a tecnologia a hidrogênio, que já roda pelo Japão e alguns países na Europa, será testada no Brasil ao longo de um ano.
Segundo o diretor de Hidrogênio e Gás Natural da White Martins, Guilherme Ricci, o principal objetivo da companhia será analisar a viabilidade para transporte e distribuição do hidrogênio até o consumidor final.
“Acreditamos que será possível transportar o hidrogênio via caminhões, da mesma maneira que hoje fazemos com o GNL”, contou à epbr.
A White Martins já possui uma série de memorandos de entendimento no Brasil para a produção de hidrogênio verde, a partir da eletrólise, com energia renovável. A expectativa da companhia é que a partir de 2025, o hidrogênio renovável já seja produzido em larga escala no país.
Como funciona a célula a hidrogênio
O modelo Mirai possui três cilindros de hidrogênio abaixo do banco traseiro. No lugar do motor, uma célula de combustível, onde, resumidamente, moléculas de oxigênio — que entram pela frente do automóvel em movimento — se chocam com moléculas do hidrogênio que vêm do cilindro.
A reação química produz a energia que move o veículo, liberando apenas vapor de água na atmosfera, o que significa zero emissões de carbono. A energia excedente gerada fica armazenada em uma bateria elétrica.
O carro pode ser completamente abastecido em apenas cinco minutos, e possui uma autonomia de 650 Km.
Outras tecnologias
Além do automóvel a célula de hidrogênio, a Toyota apresentou outras três tecnologias para redução das emissões de carbono: híbrida flex, híbrida plug-in e 100% elétrica. Das três, apenas a primeira está disponível no mercado brasileiro.
Tecnologia |
Emissões de CO₂ | Infraestrutura no Brasil |
Custo/preço |
Híbrido flex | Baixas | Pronta | Médio |
Híbrido plug- in | Zero a Baixas | Acessível | Médio/Alto |
Bateria – 100% elétrica | Zero | Insuficiente | Alto |
Célula a hidrogênio | Zero | Inexistente | Muito Alto |
Fonte: Toyota Brasil
Híbrido flex: o Corolla Flex e o Cross possuem um motor a combustão, que pode rodar tanto com gasolina, como com etanol, e um motor elétrico, cuja energia provém do próprio motor a combustão ou de um sistema cinético capaz de gerar energia a partir de frenagens. Não necessita de carregamento de energia.
Híbrido plug-in: entre as diferenças do modelo Prius em relação ao híbrido flex estão uma bateria de maior capacidade e um plug-in de carregamento de eletricidade externo.
Bateria – 100% elétrico: o modelo UX 300e utiliza um motor elétrico com bateria de iões de lítio, que permite uma autonomia de 300 km. O carregamento total leva em torno de 10 horas com um wallbox, ou até 30 horas em uma tomada doméstica.
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* O jornalista viajou a convite da Toyota do Brasil e da White Martins