RECIFE — A Volkswagen e a bp firmaram uma parceria na última semana (28/4) para impulsionar a adoção de veículos elétricos (VEs) com a construção de uma rede de carregamento rápido em toda a Europa até 2024.
As companhias — dois dos principais players globais em mobilidade elétrica — apresentaram as primeiras unidades de carregamento em Dusseldorf, na Alemanha.
A primeira fase do lançamento terá até 4.000 pontos de carregamento adicionais na Alemanha e no Reino Unido nos próximos 24 meses. De acordo com a Volkswagen, até o final de 2024, cerca de 8.000 pontos de carregamento poderão estar disponíveis na Alemanha, Reino Unido e outros países europeus.
“Hoje temos a oferta mais ampla de carros elétricos do mercado e vendemos mais EVs na região do que qualquer outra montadora no ano passado. Investir em tudo, desde software a baterias e carregamento, faz parte da nossa estratégia”, afirma Herbert Diess, CEO da Volkswagen.
A Volkswagen informou que pretende atingir 70% das vendas de veículos elétricos a bateria até 2030, como parte de seu objetivo de se tornar uma empresa com um equilíbrio líquido neutro em carbono até 2050.
Já a bp tem ambição de tornar-se uma empresa net zero até 2050, e aumentar sua rede de pontos públicos de carregamento de VEs até 2030 para mais de 100 mil em todo o mundo.
Para o projeto na Europa, serão desenvolvidas unidades de carregamento Flexpole de 150 kW da Volkswagen, cada uma com dois pontos de carregamento, com um sistema de de armazenamento de bateria integrado.
A proposta pretende ultrapassar uma das maiores dificuldades para a implementação do sistema de forma rápida no mercado europeu atual: a necessidade de conexões de rede de alta potência.
As unidades Flexpole permitem a conexão diretamente a uma rede de baixa tensão, eliminando a necessidade de uma subestação dedicada e grandes projetos de construção. Ao mesmo tempo, permitem uma autonomia de até 160 km após carregamento por 10 minutos, dependendo do modelo do veículo elétrico.
As localizações dos carregadores serão integradas e poderão ser acessadas via internet, através de aplicativos desenvolvidos para veículos da Volkswagen, Seat e Škoda.
Países que mais venderam carros elétricos em 2021
Levantamento da S&P Global Platts Analytics aponta um crescimento de 108% ano a ano nas vendas de veículos elétricos no mundo em 2021, impulsionadas pelos altos custos do combustível e políticas de regulamentação e incentivos financeiros, especialmente na China e na União Europeia.
Mesmo em um ano marcado por problemas na cadeia de suprimentos — principalmente escassez de chips semicondutores, elemento-chave nos VEs — as montadoras optaram por cortes maiores na fabricação dos veículos a combustão.
Para 2022, a expectativa também é de aceleração no crescimento das vendas, impulsionada pelas próprias montadoras, que estão aumentando os investimentos em tecnologia, novos modelos e ampliação das estações de carregamento.
A Platts prevê que as vendas de veículos elétricos crescerão mais de 40% em 2022. China lidera. Em 2021, as vendas quase triplicaram para 3,4 milhões, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Isso significa que, no ano passado, mais carros elétricos foram vendidos apenas na China do que em todo o mundo em 2020.
É o crescimento mais rápido do mercado de elétricos no país desde 2015 e superou a recuperação da venda de veículos em geral, diz a IEA.
Na Europa, as vendas de carros elétricos aumentaram quase 70% em 2021 para 2,3 milhões. De acordo com a IEA, quase metade delas foram de híbridos plug-in.
O crescimento anual foi mais lento do que em 2020, com o mercado automotivo europeu ainda tentando se recuperar dos efeitos da pandemia — as vendas totais de carros em 2021 foram 25% menores do que em 2019.
Novos padrões de emissões de CO2 e expansão de subsídios ajudaram a impulsionar o avanço nas vendas dos VEs na maioria dos principais mercados europeus.
Em termos absolutos, a Alemanha (25%) respondeu pelo maior mercado de VEs no continente. Mais de um em cada três carros novos vendidos em novembro e dezembro eram elétricos.
Em seguida vem Reino Unido e França (ambos com cerca de 15%), Itália (8,8%) e Espanha (6,5%).
Consórcio planeja ‘passaporte de bateria’ na UE
Um consórcio de montadoras e fabricantes de baterias, financiado pelo governo da Alemanha, está desenvolvendo um “passaporte de bateria” para rastrear a pegada de carbono e o ciclo de vida dos produtos fabricados ou importados pela União Europeia (UE).
O consórcio é formado por 11 empresas cobrindo toda a cadeia de valor, desde montadoras como a BMW e a Volkswagen, até indústrias químicas responsáveis pelo desenvolvimento das baterias, como a BASF e Umicore. A cooperação também inclui a Global Battery Alliance (GBA) para garantir compatibilidade internacional.
Segundo o Ministério Alemão de Economia e Proteção Climática (BMWK, sigla em alemão) a subvenção para financiar o projeto Battery Ecosystem é de 8,2 milhões de euros.
O grupo deverá desenvolver uma classificação e padrões comuns de coleta e divulgação de dados, seguindo o novo regulamento de bateria da UE que deverá entrar em lei ainda este ano.
Entre outras coisas, o regulamento exigirá passaportes para todas as baterias usadas na UE até 2026, e estipula que a pegada de CO2 das baterias para veículos elétricos e indústrias seja reportada e gradualmente reduzida.
A partir de 2031, serão aplicadas cotas adicionais de reciclagem, o que significa que uma certa quantidade mínima de chumbo, cobalto, lítio e níquel deve ser usada na produção.