Energia

Aliança entre Renault, Nissan e Mitsubishi investirá US$ 25,7 bi em veículos elétricos

Objetivo é disponibilizar 35 novos modelos destes veículos no mercado até 2030

Nova arquitetura fará sua estreia com SUV elétrico da Nissan baseado no conceito Ariya (foto: Nissan/Divulgação)
Nova arquitetura fará sua estreia com SUV elétrico da Nissan baseado no conceito Ariya (foto: Nissan/Divulgação)

A aliança de montadoras Renault, Nissan e Mitsubishi Motors anunciou nesta quinta (27/1) que vai investir US$ 25,7 bilhões no desenvolvimento de novos veículos elétricos (VEs) nos próximos cinco anos.

Segundo a aliança, que até agora investiu US$ 11 bilhões na eletrificação, o objetivo é disponibilizar 35 novos modelos de VEs no mercado até 2030.

“As três empresas que integram a aliança definiram um roteiro comum até 2030, compartilhando investimentos em futuros projetos de eletrificação e conectividade”, disse o presidente da aliança, Jean-Dominique Senard, em comunicado.

“Juntos, estamos marcando a diferença para um futuro novo e globalmente sustentável”, acrescentou.

As principais montadoras do mundo estão priorizando cada vez mais os veículos elétricos e híbridos, à medida em que países avançam em discussões ambientais e fecham acordos multilaterais para a contenção do aquecimento global.

A sociedade também tem reivindicado cada vez mais produtos eficientes energeticamente e oriundos de cadeias sustentáveis.

Atualmente, a venda de eletrificados representa quase 10% das vendas totais na Europa, enquanto nos Estados Unidos o número é de apenas 2%.

Plataformas comuns

Para otimizar a produção, a aliança reforçará o uso de cinco plataformas comuns, que serão a estrutura básica dos diferentes modelos.

Atualmente, de 90 modelos, 60% são fabricados nessas plataformas e a previsão é que, até 2026, 80% venha delas.

“Isso permitirá a cada empresa se concentrar mais nas necessidades de seus clientes, em seus modelos de referência e em seus principais mercados, ao mesmo tempo em que se estenderão as inovações para toda a aliança a um custo menor”, afirmam as montadoras.

Makoto Uchida, CEO da Nissan, explica que, embora os automóveis dos diferentes fabricantes sejam construídos em plataformas comuns, continuará havendo “uma diferenciação inteligente” para garantir a “distinção de cada marca”.

Dos 35 novos modelos elétricos anunciados para 2030, 90% serão produzidos nas cinco plataformas da aliança ao redor do mundo.

Mirando nos pontos fortes de cada fabricante, há dois anos, a aliança anunciou um novo esquema de colaboração, com uma fabricante referência para cada área geográfica e tecnológica.

O esquema tomará mais força: a japonesa Nissan vai liderar o desenvolvimento de sua tecnologia de bateria de estado sólido “em benefício de todos os membros da aliança”.

Já a Renault “vai liderar o desenvolvimento de uma arquitetura elétrica e eletrônica comum”.

A Mitsubishi Motors deverá lançar dois de seus novos veículos na Europa, incluindo seu novo SUV ASX, que será baseado em modelos da Renault.

A Nissan foi atingida por uma série de problemas nos últimos anos, desde a fraca demanda consumidora, antes mesmo da pandemia de covid-19, até as consequências da prisão, e posterior fuga, de seu então CEO, Carlos Ghosn.

No entanto, em 2021, na categoria 100% elétricos (BEV), o Nissan Leaf Tekna (R$ 264 mil na tabela Fipe) foi o mais vendido do ano, quebrando a hegemonia dos veículos de alto luxo nas vendas de BEVs.

* Com informações da Agence France-Presse (AFP)

No Brasil, eletrificados batem recorde de vendas em 2021

Os automóveis e comerciais leves eletrificados (EVs) bateram recorde de vendas em 2021, com 34.990 unidades vendidas, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Superando todas as expectativas, o aumento foi de 77% sobre os 19.745 emplacamentos deste tipo de modal em 2020 e de 195% sobre os 11.858 de 2019.

A frota eletrificada total em circulação no país contabiliza 77.259 automóveis e comerciais leves (2012-2021).

Segundo balanço divulgado em 6/1  pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), de um total de 1,55 milhão de automóveis emplacados no país, eletrificados representaram 2% das vendas no ano.

Nos cálculos, foram considerados os automóveis e comerciais leves híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos puros (BEV) emplacados de janeiro a dezembro do último ano.

No ranking de vendas de eletrificados, os híbridos seguem firmes na liderança. Dos 34.990 eletrificados emplacados no ano passado, 20.678 eram elétricos híbridos (HEV) e 11.461 híbridos plug-in (PHEV) – olha o etanol aí.

Infraestrutura para recarga também avança no país

A Raízen, joint venture entre Shell e Cosan que atua no setor sucroenergético, anunciou nesta quarta (26/1) a participação na rodada de investimento de R$ 10 milhões na startup Tupinambá Energia, que desenvolve soluções de recarga elétrica veicular.

Criada em 2019, a startup opera infraestruturas de eletro-abastecimento de ponta a ponta, do aplicativo ao carro carregado. A rodada contou também com a participação da empresa de investimentos Plataforma Capital.

O aplicativo da Tupinambá reúne mais de mil pontos de recarga mapeados pelo país para facilitar a localização, pelos usuários, dos empreendimentos que oferecem o serviço.

Segundo a Raízen, o investimento pretende acelerar o desenvolvimento da rede de recarga no Brasil, além de oferecer outras soluções de mercado. Há ainda a possibilidade de a gigante converter seu investimento em participação societária da empresa.

Outra iniciativa para expansão da infraestrutura urbana de recarga elétrica veio da Movida, empresa de aluguel de carros, que anunciou em dezembro do ano passado a inauguração de sua primeira loja conceito para mobilidade elétrica, na Marginal Tietê, em São Paulo.

O espaço conta com 10 carregadores standard da Zletric que podem carregar até 25 veículos/dia, com carregamento total de até 5 horas. Além de um carregador ultrarrápido, da Nissan, que possibilita a carga completa em apenas 40 minutos.

Segundo Renato Franklin, CEO da Movida, a proposta é aproximar o veículo elétrico dos consumidores ampliando a infraestrutura de recarga.

Futuro próspero para eletrificados no mundo

Executivos da indústria global de automóveis acreditam que 41% dos novos veículos vendidos no Brasil em 2030 serão elétricos, de acordo com relatório divulgado pela consultora KPMG nesta quinta (6/1).

Na  22ª edição da Pesquisa Executiva Anual do Setor Automotivo Global 2021 (GAES), que ouviu 1.118 executivos – incluindo 372 CEOS  – em 31 países, a consultora perguntou qual porcentagem estimada de vendas de veículos novos alimentados por bateria, excluindo híbridos, dentro de cada mercado, até 2030.

Globalmente, na Índia, se espera que no fim da década a participação de EVs será de 39%, enquanto no Japão, China, Estados Unidos e na Europa Ocidental, os executivos acreditam que os EVs representarão metade do mercado automotivo.

Na AL, a expectativa é que os elétricos cresçam exponencialmente, para uma participação de 10% nas vendas até 2040.

No horizonte até 2050, a consultoria vê os biocombustíveis como a principal solução de baixo carbono para a América Latina.