Combustíveis e Bioenergia

Mercado vê espaço para 41% de veículos elétricos nas vendas no Brasil em 2030

Pesquisa global com executivos identifica expectativas e gargalos para mercado de VEs

Baterias e commodities metálicas ainda são gargalos para veículos elétricos até 2030, mas mercado está otimista com vendas até 2030 (Pixabay)
Baterias e commodities metálicas ainda são gargalos para veículos elétricos até 2030, mas mercado está otimista com vendas até 2030 (Pixabay)

Executivos da indústria global de automóveis acreditam que 41% dos novos veículos vendidos no Brasil em 2030 serão elétricos, de acordo com relatório divulgado pela consultora KPMG nesta quinta (6).

Na  22ª edição da Pesquisa Executiva Anual do Setor Automotivo Global 2021 (GAES), que ouviu 1.118 executivos – incluindo 372 CEOS  – em 31 países, a consultora perguntou qual porcentagem estimada de vendas de veículos novos alimentados por bateria, excluindo híbridos, dentro de cada mercado, até 2030.

Na Índia, se espera que no fim da década a participação de veículos elétricos (EVs) será de 39%, enquanto no Japão, China, Estados Unidos e na Europa Ocidental, os executivos acreditam que os EVs representarão metade do mercado automotivo.

“Os executivos automotivos globais estão confiantes que esta indústria terá um crescimento mais lucrativo nos próximos cinco anos e que a participação no mercado de veículos elétricos crescerá drasticamente até 2030”, explica Flávia Spadafora, líder do setor Automotivo da KPMG no Brasil.

Reflexo também da pressão institucional.

“[Tendência] está acentuada pelas pressões e desafios de ESG e a corrida para uma economia de baixa emissão de carbono”, afirma a executiva.

Segundo a pesquisa, mais da metade dos executivos entrevistados  (53%) estão confiantes que esta indústria terá um crescimento mais lucrativo no futuro, enquanto um terço (38%) deles estão preocupados com as perspectivas de lucro.

Eletrificação com etanol

Em 2021, a venda de veículos eletrificados no país bateu recorde, superando a marca dos 30 mil, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). O total de automóveis e comerciais leves eletrificados já em circulação no Brasil chega a quase 73 mil.

Apesar do crescimento acelerado na venda de veículos elétricos na América Latina, levantamento da S&P Global Platts mostra que essas vendas ainda representam 7% do mercado de carros novos no mundo.

Na AL, a expectativa é que os elétricos cresçam exponencialmente, para uma participação de 10% nas vendas até 2040.

Mas, na comparação com o tamanho da frota da região, o total de VEs na AL deve chegar a 4 milhões de veículos — em meio a mais de 120 milhões de carros com motores a combustão ainda em circulação.

No horizonte até 2050, a consultoria vê os biocombustíveis como a principal solução de baixo carbono para a América Latina.

Desafios para adoção de veículos elétricos

Entre os desafios apontados por executivos ouvidos pela KPMG para a adoção de veículos elétricos pelos consumidores está a redução no tempo de recarga das baterias.

Para 77% dos entrevistados os consumidores deverão exigir tempos de recarga inferiores a 30 minutos ao viajarem. Atualmente, a maior parte das estações de carregamento demoram mais de três horas.

Estima-se que um carro elétrico demande 6 vezes mais recursos minerais que um automóvel convencional.

No ano passado, a Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) alertou que somente a demanda por lítio, por exemplo, deve crescer 40 vezes nas próximas duas décadas.

Grafite, cobalto e níquel terão uma demanda entre 20 e 25 vezes maior, na comparação com o mercado atual.

A pesquisa também revelou que mais da metade dos entrevistados estão muito ou extremamente preocupados com o fornecimento de matéria-prima.

Não apenas commodities exóticas, como terras raras e lítio, usados ​​em baterias, mas também aço, alumínio e cobre.

Os executivos também disseram que a popularidade dos EVs também dependerá da paridade de custo com os veículos a combustão e de investimentos em infraestrutura de carregamento rápido em corrente contínua.

A maioria (77%) acredita que essa adesão poderá ocorrer sem necessidade de subsídios do governo, mas a ampla maioria (91%) apoia programas do tipo.

Além disso, os 55% dos executivos expressam um alto grau de preocupação com a escassez de mão de obra especializada, especialmente nos EUA.