Petróleo

ANP rejeita projeção de Goiás e reduz valor de royalties que estado poderá usar para pagar dívida com União

ANP decide que valor presente da receita futura de Goiás com royalties, para fins de amortização da dívida com a União, é 16% menor que a estimada

RIO — A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) rejeitou as projeções de arrecadação de royalties do estado de Goiás, apresentadas no âmbito do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

A diretoria colegiada da ANP decidiu, na quinta-feira (18/12), que o valor presente da receita futura de Goiás com royalties de petróleo, para fins de amortização da dívida com a União, é 16,75% menor que a estimada pelo estado

Este é o primeiro processo do tipo analisado pelo regulador, que a partir deste ano assumiu a competência de validar as projeções de fluxo dos recebíveis dos estados com royalties do petróleo e gás natural, no âmbito do Propag.

O prazo para adesão ao programa se encerra em 31 de dezembro. O Propag permite aos estados pagarem suas dívidas por meio de uma série de instrumentos, dentre eles a cessão para a União dos recebíveis de compensações financeiras pela exploração de óleo e gás.

Goiás não se enquadra no rol de estados que recebem royalties por produção ou movimentação de petróleo e gás natural, mas recebe recursos do Fundo Especial do Petróleo (FEP) — que distribui royalties a todos os municípios e estados do país.

ANP vê fragilidades nas projeções de Goiás

Ao solicitar a adesão ao Propag, Goiás apresentou uma estimativa própria de recebíveis de R$ 1,313 bilhão com os royalties do petróleo no acumulado entre 2025 e 2055.

Pelas regras do decreto 12.433/2025, que regulamenta o programa, o fluxo de recebíveis, no entanto, deve ser trazido a valor presente, o que foi estimado em R$ 572 milhões pelo governo goiano.

A área técnica da ANP, no entanto, apontou fragilidades no cálculo do estado de Goiás, como a não consideração das incertezas combinadas nas variáveis e o uso de uma taxa de desconto que não reflete o custo efetivo total da operação de crédito, segundo o regulador.

A ANP, então, decidiu invocar uma prerrogativa prevista no decreto, para realização de um projeção própria de fluxos recebíveis, e, com o apoio da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), chegou a uma estimativa de:

  • um valor acumulado de R$ 708 milhões entre 2025-2055 (-46% versus o estimado por Goiás);
  • e um valor presente de R$ 477 milhões (-16%) 

ANP defende mudança nas regras do Propag

O diretor da ANP, Pietro Mendes, relator do processo, defendeu uma mudança nas regras do Propag. 

Ele destacou que o decreto do programa federal confere à agência uma série de atribuições de natureza complexa, dentro da atual estrutura do regulador.

Pelos termos do decreto, a ANP deverá atuar como interveniente no instrumento de cessão dos recebíveis, a ser firmado entre a União e o Estado; além de apurar mensalmente o valor correspondente aos recebíveis cedidos à União.

“São desafios operacionais significativos, uma vez que extrapolam a estrutura e a competência típica da ANP”, relatou, em seu voto. Assista na íntegra.

Ele defende que o Banco do Brasil é a instituição mais indicada para as atribuições.

O diretor-geral da ANP, Artur Watt, reforçou que a agência buscará a interlocução para alterar o decreto.

Inscreva-se em nossas newsletters

Fique bem-informado sobre energia todos os dias