Segurança Pública

Oposição e governistas veem Motta enfraquecido com manobra no PL Antifacção

Presidente da Câmara desagradou oposição bolsonarista e base governista na condução da agenda de segurança pública

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos/PB). Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos/PB). Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

BRASÍLIA — A movimentação do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos/PB) para promover a agenda da segurança pública desagradou tanto a oposição bolsonarista quanto a base governista.

Um expoente da ala bolsonarista avalia que Motta quis “adotar uma postura salomônica” ao colocar Guilherme Derrite (PP/SP) na relatoria do PL Antifacção (PL 5582/2025), elaborado pelo governo. Na interpretação de bolsonaristas, o PL Antiterrorismo (PL 1283/2025), do deputado Danilo Forte (União/CE) deveria ser o instrumento adequado para tratar da segurança, deixando a proposta do Palácio do Planalto de lado.

Já outro expoente governista diz que ao colocar Derrite e estimular a fusão de trechos do PL Antiterrorismo no PL Antifacção foi provocação desnecessária ao governo.

A leitura, neste momento, é de que Motta está enfraquecido no comando da Câmara. Agora, ambas as bancadas trabalham para que o texto de Derrite não seja votado nesta quarta-feira (12/11).

Os dois grupos pressionam Motta para realizar dez audiências públicas em diferentes estados, com governos estaduais e federal debatendo com especialistas, parlamentares e a comunidade acadêmica.

A sugestão é para que Motta promova amplo debate sobre segurança e, a partir da discussão, a Câmara apresente um conjunto de projetos etiquetado como Marco Legal de Combate ao Crime Organizado, nomenclatura já definida pelo presidente para o PL Antifacção.

Os efeitos de 2026

O desempenho de Motta na condução da matéria pode ter impacto direto no tabuleiro politico da família Motta nas eleições de 2026.

O presidente da Câmara vem articulando para que Lula não suba no palanque de Veneziano Vital do Rêgo (MDB), segundo colocado nas pesquisas na corrida para o Senado. Motta articula pela candidatura de seu pai, Nabor Wanderley (Republicanos), prefeito de Patos (PB), a uma das duas vagas.

O deputado negocia para Lula desembarcar no estado apenas para a campanha do governador João Azevêdo (PSB), líder nas pesquisas, que irá concorrer ao Senado. Em troca, ele manteria a agenda de projetos de interesse do governo em destaque.

Nabor aparece nas pesquisas em quarto lugar, oscilando entre 6% e 8%, mas acredita ter chance de crescer numa triangulação com o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), que herdará o governo para disputar a reeleição.

A escolha de Guilherme Derrite (PP/SP) como relator do PL do governo levou o Palácio do Palácio a um grau elevado de irritação com Motta. O Planalto viu a indicação como uma afronta direta a Lula.

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