NESTA EDIÇÃO. Pré-COP30 começa em Brasília com cobranças por financiamento climático e mais ambição.
Brasil defende agenda de biocombustíveis.
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A reunião preparativa para a COP30, também conhecida como pré-COP, começou nesta segunda (13/10) em Brasília com delegações de 66 países além da União Europeia participando presencialmente.
É o último encontro de alto nível antes da cúpula climática marcada para novembro em Belém e uma prévia do que está por vir.
Nas prioridades brasileiras, biocombustíveis.
No discurso da sessão de abertura desta manhã, o presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), disse que o Brasil já tem resultados concretos para a transição energética, listando iniciativas para promover a bioenergia.
O programa Mobilidade Verde (Mover) e a lei do Combustível do Futuro foram descritos por Alckmin como pilares da transição energética e reindustrialização verde do país.
“Enquanto o mundo ainda debate caminhos, nós já temos resultados concretos, legislação moderna e governança integrada”, discursou.
E aproveitou para cobrar ações concretas dos países que ainda precisam apresentar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, em inglês) com metas até 2035.
“Convoco a todas e a todos a compartilharmos essa preocupação ambiental e esse amor ao próximo não apenas em nossos discursos, mas em ações concretas, em benefício de toda a comunidade internacional e como legado para as gerações futuras”.
Roteiro para US$ 1,3 trilhão
Financiamento, aliás, é um tema central para garantir ambição nas NDCs.
Na COP29, no Azerbaijão em 2024, países de baixa renda e mais vulneráveis à mudança do clima sinalizaram a necessidade de US$ 1,3 trilhão para adaptarem suas economias e investirem em novas fontes de energia.
Embora não tenham conseguido um compromisso firme de países ricos com esse montante, a COP30 vai recolocar o tema nas negociações, com um roteiro para viabilizar o financiamento.
Nesta segunda, o ministro brasileiro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que o roteiro será apresentado esta semana e tem cinco prioridades: aumentar os fluxos de financiamento concessional e os fundos climáticos; reformar os bancos multilaterais de desenvolvimento; fortalecer as capacidades domésticas; promover inovação financeira; e aprimorar os marcos regulatórios de financiamento climático.
Cadê a Europa?
Para observadores das sessões, o Sul global tem mostrado maior coerência e engajamento nas negociações, enquanto países ricos do Norte deixam a desejar.
“O Sul global tem que direcionar o planeta, definir as prioridades. A Europa se absteve de participar até agora. Nós estamos aqui a menos de 30 dias da COP30, a Europa não se manifestou, não apresentou NDC. Os Estados Unidos, outra economia do Norte global importante, já saiu do Acordo de Paris”, comenta André Guimarães, diretor executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
Até o momento, a UE também não indicou apoio financeiro ao fundo lançado pelo Brasil para remunerar florestas em pé, o TFFF.
Na terça (14), o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, tem um encontro com o comissário da União Europeia para o Clima, Wopke Hoekstra.
Segundo Corrêa do Lago, a conversa busca alinhar a agenda para evitar bloqueios.
“Com todos os delegados, o que a gente quer é, antes de mais nada, assegurar que a gente tenha uma COP na qual a gente possa avançar nas negociações. Evitar bloqueios de um lado ou do outro que sejam provocados pelo desejo de colocar na agenda coisas que não estão na agenda”, disse o embaixador a jornalistas.
Cobrimos por aqui
Curtas
Brasileiros contra óleo. A maioria dos brasileiros avalia que o presidente Lula (PT) deveria proibir a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, uma região com vários desafios socioambientais, mas com elevado potencial petrolífero, aponta pesquisa Datafolha. (Reuters)
Pressão pelo fim dos fósseis. Organizações da sociedade civil espalharam outdoors em Brasília para recepcionar as delegações que chegam à capital federal para a pré-COP, o último encontro de alto nível antes de Belém. A intenção é lembrá-los de que uma solução real para as mudanças climáticas passa obrigatoriamente pelo fim dos combustíveis fósseis. (OC)
Prejuízo com sonda parada. Nesta segunda (13), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) alertou para os custos crescentes que a demora no licenciamento ambiental vêm impondo à Petrobras no bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas. O contrato de aluguel da sonda de perfuração vence no próximo dia 21 e a estatal paga R$ 4 milhões por dia pela sonda. Em 2023, os gastos já superavam R$ 1 bilhão.
Enquanto isso, no mercado de combustíveis… As Frentes Parlamentares do Biodiesel e do Etanol (FPBio e FPEtanol) estão articulando no Congresso Nacional a aprovação do projeto que torna mais rígidas as regras para o devedor contumaz (PLP 125/2022).
- Também defendem o avanço do PLP 109/2025, que obriga o compartilhamento de notas fiscais de empresas do setor de combustíveis com a ANP e do PL 399/2025, sobre penalidades de empresas autuadas por fraudes na mistura de biodiesel e inadimplentes no RenovaBio.
Armazenamento. Num avanço para a atração de projetos de armazenamento de energia para o Brasil, a Aneel publicou na sexta (10/10) orientações para interessados em instalar baterias em centrais geradoras. É um sinal de clareza para os investidores, que ainda aguardam a conclusão da regulamentação dessa tecnologia pela agência.
Data center na Bahia. O MME publicou nesta segunda (13) a aprovação dos estudos para conexão Data Center Satoshi I_A, em Igaporã, na Bahia. O projeto ainda depende de autorização do ONS e da Aneel para se conectar à rede.
Etanol em locomotiva. A Vale firmou uma parceria com a fabricante de locomotivas Wabtec para estudar a viabilidade de equipar os veículos com motor flex, capaz de utilizar diesel e etanol. Os estudos serão realizados inicialmente em laboratório para validar o conceito e avaliar o desempenho, a redução de emissões e a taxa de substituição etanol/diesel.