diálogos da transição

SAF, hidrogênio e bioeconomia no terceiro Eco Invest

Mecanismo de proteção cambial quer alavancar investimentos em startups de transição energética e bioeconomia

Hidrogênio limpo, de baixo carbono, mais barato ajudará a segurar os custos na aviação. Na imagem: Amostra do SAF em desenvolvimento em planta piloto no ISI-ER (Senai/RN) para produção de combustível sustentável de aviação, utilizando hidrogênio verde da glicerina – subproduto do biodiesel (Foto: Renata Moura)
Amostra do SAF produzido na planta piloto do ISI-ER (Senai/RN). Combustível sustentável de aviação é produzido com hidrogênio verde | Foto: Renata Moura

NESTA EDIÇÃO. Terceiro leilão do Eco Invest espera movimentar até R$ 4 bilhões em investimentos em startups de bioeconomia e transição energética.

Brasil mantém aposta firme na agenda de biocombustíveis e indústria mobiliza para defender atributos ambientais na COP30.


Hidrogênio verde, combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), bioplásticos, reciclagem de baterias e superalimentos são algumas das áreas que o governo brasileiro quer estimular com o terceiro leilão do programa Eco Invest Brasil.
 
Na quarta (8/10), o Tesouro Nacional divulgou os setores prioritários da nova edição do programa que busca recursos privados estrangeiros para financiar projetos verdes, com mudanças na estrutura financeira
 
Agora o foco será investimentos de participação societária (equity) — os anteriores alavancaram dívida — mirando empresas e startups (empresas inovadoras) das áreas de bioeconomia, transição energética e economia circular. 
 
A expectativa é movimentar entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões, sendo um quarto aporte do Tesouro e o restante captação dos bancos e fundos junto a investidores estrangeiros e nacionais. (Reset)
 
É um volume significativamente menor que o dos leilões anteriores, no entanto, justamente pela alteração na estrutura do financiamento, segundo a Fazenda.
 
Ao todo, a iniciativa dos Ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente e Mudança do Clima já movimentou mais de R$ 75 bilhões em suas duas edições.
 
As instituições financeiras interessadas poderão apresentar propostas até 19 de novembro de 2025. Parte dos recursos será alocada por meio do Fundo Clima, ampliando o apoio a negócios inovadores e sustentáveis. (Agência Brasil)



O prazo final para apresentação de propostas no Eco Invest coincide com a COP30, sediada pelo Brasil em Belém (PA), momento que o governo federal quer aproveitar para firmar o país como um hub de soluções sustentáveis.
 
E os biocombustíveis são uma delas.
 
Nesta quinta (9/10), a Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio) reuniu produtores e governo para defender a bioenergia como rota de descarbonização veicular a ser defendida na COP30.
 
Eles também se preparam para rebater acusações de que concorrem com a produção de alimentos. Leia na cobertura de Fernando Caixeta

Também nesta quinta, um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) trouxe argumentos para ajudar o país a vender sua bioenergia com carimbo sustentável.
 
A organização ambiental aponta quatro cenários em que é possível mais que dobrar a produção de biocombustíveis até 2050 em relação a 2024, usando apenas áreas já degradadas, sem precisar desmatar.
 
Para isso, etanol de segunda geração a partir da cana e macaúba para SAF e biodiesel serão peças-chave.
 
A estimativa é que o cultivo agrícola adicional para biocombustíveis pode utilizar entre 20 e 35 milhões de hectares (Mha), dentro dos 56 Mha de pastagens degradadas disponíveis para expansão da agricultura — o país conta com 100 Mha de áreas degradadas.


Enquanto isso, na Bahia… A montadora chinesa BYD inaugurou na quinta-feira (9/10) uma nova fábrica de veículos elétricos e híbridos em Camaçari, com a presença do presidente Lula (PT). O investimento de R$ 5,5 bilhões marca a instalação do maior complexo industrial da empresa fora da Ásia. 

  • Durante o evento, a empresa apresentou o primeiro híbrido plug-in flex do mundo, capaz de funcionar com qualquer proporção de etanol e gasolina — tecnologia desenvolvida em parceria entre engenheiros brasileiros e chineses.

Falta coordenação. Para a presidente do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos, o  Brasil carece de uma coordenação efetiva entre as políticas públicas voltadas à indústria de baixo carbono. 

  • Em entrevista ao estúdio eixos durante o EVEx Lisboa 2025, ela afirmou que iniciativas setoriais isoladas — como as voltadas ao hidrogênio e à digitalização — acabam competindo entre si em vez de se complementarem. 

Investimento sem greenwashing. Também no EVEx Lisboa, a professora do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Virginia Parente, avalia que a Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB), de adesão voluntária, como proposta pelo Ministério da Fazenda, é um primeiro passo importante na discussão sobre o financiamento verde no Brasil. Assista

Sem estratégia. A Comissão Europeia decidiu encaminhar a Polônia ao Tribunal de Justiça do bloco por não ter apresentado sua estratégia para cumprir o regulamento sobre a Governança da União da Energia e Ação Climática. Todos os integrantes do bloco foram obrigados a apresentar, até 1º de janeiro de 2020, estratégias nacionais de longo prazo.
 
Acionamento de térmicas. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) apontou na quarta (8/10) que o atendimento ao SIN, se verificado um cenário desafiador, vai exigir a necessidade de geração térmica adicional, o aumento da produção das usinas hidrelétricas do São Francisco e o uso mais acentuado do reservatório da usina de Itaipu.
 
Gás na transição. A Cedro Mineração fechou um acordo com a Gás Verde para uso de GNV num projeto piloto de descarbonização de sua frota de caminhões. Os testes ocorrem este mês. A mineradora utilizará caminhão movido a GNV para o transporte de minério de ferro entre Mariana e o Terminal Fazendão da Vale, em Minas Gerais.
 
Concorrência desleal. A Aneel multou a Equatorial Goiás Distribuidora em R$ 15 milhões pelo compartilhamento indevido de informações do cadastro de consumidores da distribuidora com a comercializadora do grupo. Ações de fiscalização da agência constataram que a situação gerou vantagem competitiva indevida no mercado livre.

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