BRASÍLIA — A Coalizão Minerais Essenciais, que reúne 14 entidades e empresas do setor de mineração, apresentou estudo à presidência da COP30 com os caminhos para reduzir em até 90% as emissões da atividade até 2050 e aponta a precificação de carbono como um dos pontos-chave.
O documento, entregue nesta quinta-feira (9/10), durante evento realizado em Brasília, mostra que o Brasil tem condições de descarbonizar as cadeias do aço e apoiar o processo de eletrificação global.
Precisa, no entanto, de um ambiente favorável, articulado em torno de seis pré-requisitos:
- melhorias no cenário regulatório-econômico com a entrada em vigor da precificação de carbono;
- maior acesso a tecnologias com maturidade técnica e viabilidade econômica;
- redes de logística, energia e armazenamento com capilaridade e capacidade suficientes;
- instrumentos financeiros verdes e taxonomias sustentáveis consolidadas;
- pagamento adicional por produtos de menor pegada de carbono (prêmio verde);
- incentivos ao longo da cadeia de valor para a promoção da circularidade.
Minerais para transição
O estudo da coalizão mostra que a transição energética está vinculada à mineração e que o Brasil está posicionado como um dos atores com a maior diversidade geológica do mundo, um setor mineral já desenvolvido e com matriz energética renovável.
“O Brasil está no centro dessa discussão, pois tem enorme potencial de produção desses minerais, além de ser um dos maiores produtores de minério de ferro de alta qualidade, essencial para a descarbonização da siderurgia”, comenta presidente da Vale, Gustavo Pimenta.
A mineradora é uma das responsáveis pela iniciativa.
Três escopos de contribuição do setor para a descarbonização e transição embasaram o estudo.
Neste eixo estão requisitos para que o cenário seja atingido:
- eficiência energética;
- uso de biocombustíveis;
- expansão do uso de eletricidade e fontes renováveis;
- eletrificação de frotas e equipamentos;
- recuperação de áreas degradadas para neutralizar emissões residuais.
Um segundo eixo, dedicado a contribuições da mineração para reduzir as emissões da cadeia global do minério de ferro, indicou que as reduções podem chegar a 110 milhões de toneladas de CO2 em 2050 por meio da produção de insumos para o aço de baixo carbono.
O número equivale a oito vezes as emissões anuais da mineração brasileira em 2022.
Já em relação aos minerais de transição energética – como cobre, níquel, bauxita, lítio, terras raras, entre outros –, a Coalizão estima que o setor mineral brasileiro pode dobrar a produção desses minerais até 2050.
E contribuir com a redução da emissão de 300 milhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano em 2050.
Esse cenário leva em conta o aumento da produção global de veículos elétricos para até 38 milhões adicionais.
Além da expansão da capacidade instalada de geração de energia eólica de até 830 GW adicionais e de energia solar de até 610 GW adicionais em todo o mundo, acompanhada de instalações de redes elétricas e sistemas de armazenamento de energia.