diálogos da transição

Pico do petróleo em 2030 e elétricos dominando as estradas em 2060

Um em cada dois carros de passageiros vendidos em 2030 devem ser elétricos, aponta o Energy Transition Outlook 2025

Os países que mais venderam carros elétricos em 2021
Foto: Pixabay

NESTA EDIÇÃO. DNV projeta pico da demanda de petróleo por veículos na próxima década, com um em cada dois carros novos sendo elétricos.

Mas no cenário global, o ritmo da transição ainda é lento, e emissões líquidas zero devem atrasar — muito.


Publicado nesta quarta (8/10), relatório da DNV com perspectivas para a transição global projeta pico do petróleo na próxima década, cerca de 30 anos antes de a eletricidade se tornar a principal fonte energética do transporte terrestre.
 
Um em cada dois carros de passageiros vendidos em 2030 devem ser elétricos, aponta o Energy Transition Outlook 2025.
 
Hoje, carros, ônibus e caminhões representam quase 74% da demanda total de energia do setor de transportes, ou 94 EJ/ano. 
 
Até 2060, a DNV espera que a demanda caia para 62%, a 70 EJ/ano.
 
“Isso apesar da frota global de veículos ter crescido de 2,5 bilhões para 3,8 bilhões e da duplicação dos quilômetros percorridos, de 34 trilhões para 67 trilhões de veículos-km, de agora até 2060. A eletrificação é o motor que possibilitará esses ganhos significativos de eficiência setorial”, diz o relatório.
 
A mudança deve ser impulsionada por países ricos, membros da OCDE e China, que já demonstram preferência pela eletrificação.
 
Em regiões de renda média, como América Latina e Sudeste Asiático, a expectativa é que os biocombustíveis desempenhem um papel moderado na substituição do petróleo, na medida em que são utilizados em misturas — e integram planos de transição como alternativa aos elétricos.
 
Hidrogênio, seja na forma de célula a combustível ou de combustão direta, é visto com pouco entusiasmo. Segundo o relatório, globalmente, biomassa e hidrogênio atenderão a aproximadamente 1% da demanda de energia por veículos de passageiros.



Apesar de avanços na substituição de combustíveis fósseis nos setores de energia e transportes, as previsões para a descarbonização da economia global indicam que o ritmo está lento.
 
Na análise da DNV, as emissões não cairão nem pela metade até 2050, e medidas urgentes são necessárias para atingir a meta de “bem abaixo de 2°C”.
 
As projeções indicam queda de 43% nas emissões globais de CO2 entre 2025 e 2050 e 63% até 2060.
 
Zero líquido somente após 2090, com reduções mais fortes no setor de energia (88% ou 13 bilhões de toneladas), seguido pelo setor de transportes, com uma redução de 58% (5 bilhões de toneladas).
 
“O orçamento de carbono para 1,5 °C se esgota em 2029 e 2 °C em 2052; limitar o aquecimento global a 1,5 °C sem uma ultrapassagem temporária não é mais possível”, prevê.
 
Mas adiciona que ainda é possível ficar abaixo de 2 °C, é preciso, para isso, que governos e empresas comecem a agir para garantir isso.


Eólica offshore frustrada. O GT anunciado pelo CNPE para discutir a regulamentação das eólicas offshore enterrou de vez as esperanças do setor de que o terceiro governo Lula realizaria ainda em 2026 o primeiro leilão de cessão de áreas para geração em alto mar no país. No mercado, a percepção é de que o Brasil segue perdendo oportunidades para outros países.
 
Expansão fóssil. A Petrobras foi apontada, em relatório sobre o “caminho do dinheiro” em empreendimentos de energia fóssil, como responsável por 29% da expansão do upstream na América Latina e Caribe entre 2022 e 2024.

  • Ambientalistas criticam posição do Brasil como motor da expansão fóssil na região, sobretudo pela possibilidade do início da exploração na Margem Equatorial.
  • Na terça (7), o grupo Parlamentares por um futuro livre de combustíveis fósseis apresentou uma série de recomendações às casas legislativas dos países que abrigam o bioma amazônico.
  • Dentre elas está a moratória imediata à expansão da indústria de hidrocarbonetos em áreas intactas.

Energia limpa no Redata. O deputado federal Danilo Forte (União/CE) vê espaço para discutir, durante a tramitação da MP 1318/2025, um conceito mais objetivo para o critério de “energia limpa” — condicionante para o acesso de projetos de data centers aos benefícios fiscais do Redata. Assista a entrevista ao estúdio eixos no EVEx Lisboa 2025.

Cortes de geração. O Brasil deve registrar em 2025 a primeira queda em cinco anos na expansão das fontes renováveis, aponta relatório internacional. E a culpa da queda vem dos cortes de energia, pela falta de infraestrutura para escoar a geração e a baixa demanda por eletricidade.

Operação Rejeito. O secretário de Controle Externo de Energia e Comunicações do TCU, Alexandre Carlos Figueiredo, afirmou em audiência na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (8/10), que a desestruturação da Agência Nacional de Mineração (ANM) implica maior suscetibilidade a fraude e corrupção

  • Presente em todas as edições publicadas pela corte de contas da lista de alto risco da administração pública federal, a ANM tem feito a emissão, de forma descontrolada, das guias de utilização, aponta Figueiredo.

Tarifa de energia. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, disse na terça-feira (7/10) que “muito em breve” serão colocadas em prática no país as chamadas tarifas inteligentes, como sinais de preços para o consumidor ajustar a demanda e pagar mais barato na conta de luz.
 
Novo superintendente na ANP. A Superintendência de Infraestrutura e Movimentação (SIM) passará a ser comandada por Thiago Neves de Campos, no lugar de Patricia Baran. Neves de Campos está desde agosto de 2024 na assessoria da diretoria 4, que desde setembro está sob o comando de Pietro Mendes.

Newsletter diálogos da transição

Inscreva-se e fique por dentro de tudo sobre Transição Energética