BELO HORIZONTE — O presidente Lula (PT) pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que retire as tarifas sobre produtos brasileiros, na primeira conversa entre os líderes após a imposição das taxas.
Segundo o Planalto, o diálogo por telefone nesta segunda-feira (6/10) teve tom amistoso e durou cerca de 30 minutos.
O presidente brasileiro reiterou também o convite ao líder estadunidense para participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontece em novembro, em Belém (PA).
A previsão é que Trump não envie delegação ao evento, uma vez que anunciou a saída do Acordo de Paris, logo após sua posse, e eliminou o Escritório de Mudança Global do Departamento de Estado.
Lula pediu, ainda, que Trump retire as medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras, como a sanção da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Os líderes combinaram também de realizar uma reunião presencial em breve. O presidente brasileiro sugeriu a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), que acontece no final de outubro na Malásia, e se dispôs a ir aos EUA. Eles trocaram, ainda, os telefones pessoais.
Agora, as negociações sobre o tarifaço e as medidas restritivas vão continuar por meio do secretário de Estado, Marco Rubio, e, do lado brasileiro, do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), do chanceler Mauro Vieira e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
“Foi muito boa a conversa. Melhor até do que nós esperávamos”, disse Alckmin a jornalistas.
“Nós estamos muito otimistas que vamos avançar para o ganha-ganha, o win-win. O ganha-ganha nessa relação com investimentos recíprocos e equacionamento na questão tarifária”, completou.
No começo de agosto, Trump impôs uma sobretaxa de 40% sobre 694 produtos brasileiros. Enquanto petróleo e derivados entraram para a lista de isenções, o etanol seguiu sujeito às taxas.
O acesso ao mercado brasileiro de etanol, é, inclusive, um dos principais alvos da investigação dos EUA para apuração sobre práticas que supostamente prejudicam o comércio internacional norte-americano.
Na época da abertura do inquérito, o Brasil cobrava 18% de tarifa sobre o etanol importado, enquanto os EUA aplicavam 2,5% sobre o biocombustível brasileiro.